12.8.03

A função do poema
Eu hoje amanheci triste. O que ontem teve cor de delicadeza e brilho, nessa manhã me pareceu cinzento feito o breu e nuvem de chuva.
Corri para o poema e escrevi dois sonetos.
Algumas horas depois, as nuvens negras se dissiparam e o sol apareceu de novo.
Descobri que não se deve olhar para o amor de óculos escuros. A luz se confunde com as cores da lente e voce acaba pondo cores erradas nas cores exatas...
Era a função do poema naquele momento em que perdi o foco me proteger da minha desesperança...
Quando a desesperança se dissipou restou o poema. Ainda que triste, é mais suave que o alcool ou o tiro...
Viva a poesia.



Um verso só

Hoje, tenho certeza, fui mais um
Apaixonado, doce, dedicado...
Eu dei meu coração. Me abandonei.
Hoje sou só mais um abandonado.

Hoje, tenho certeza, não fui nada
Além de atenção e simpatia.
Fiz o que achava que era pra fazer
E no final sobrou só poesia.

Hoje, tenho certeza, estou sozinho...
Eu dei, prá quem não quis, o meu carinho...
Prá quem não aceitou, meu coração...

Hoje, tenho certeza, só me cabe
A palavra do verso que se sabe
Silencio, solitude, solidão...


O que vai ficar

Não vou mais esperar que voce goste de mim...
Que voce queira me entregar seu coração.
Ficar pedindo pra voce dizer sim
Quando o que voce quer é dizer não.

Não vou mais esperar em mim por seu carinho...
A hora de te ver à qualquer hora...
Eu sou sozinho. Eu sempre fui sozinho.
Por que tentar deixar de ser sozinho agora?

Por isso não vou mais esperar voce chegando...
Não mais imaginar voce me procurando...
Voce não quer ficar. Por isso some.

Mas guardo de lembrança o beijo recebido.
Lembranças do que foi, mas sem ter sido:
Seus olhos, seu sorriso, sua voz, seu nome...


Algumas horas após esses poemas tristes perderam o sentido e novas rimas os substituiram no lago dos versos cujos primeiros baldes de agua encantada serão derramadas aqui nesse blog nas próximas vezes...
Até que as proximas nuvens apareçam...
E assim continuamente...
Eis a função do poema...

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