24.3.09

Nomenclatura II

Mundo, mundo,
Nem tão vasto assim...
E se eu me chamasse Joaquim?
Seria uma rima...
Uma das rimas mais usadas
No sertão...
E se eu me chamasse Olinto?
E se eu me chamasse Onofre?
E se eu me chamasse José Paulo Sebastião?
Mundo, mundo,
Nem tão vasto,
Nem tão vasto mas tão gasto,
Mundo, mundo, coitadinho,
E se eu me chamasse Zinho,
E se eu me chamasse, mundo, Gonzagão?
Nomenclatura I

Mundo, mundo,
Vasto mundo,
Se eu me chamasse João de Barro
Não haveria nem rima
Nem solução...

Mundo, mundo,
Todo vasto,
E se eu me chamasse
Carlos Drummond
Ao invés de me chamar
Algum João?

Aí então, vasto mundo,
Quem sabe
Se lá no fundo
Da nascente onipotente
Da palavra,
A poesia
Não chegava
A uma conclusão?

21.3.09

Conhecer voce
(para Cacá Happy)

Conhecer voce, assim, me fez sonhar
Com doce de coco,
Com comer chuvisco,
Com beber cerveja junto,
Com caminhar,
Com contar piada,
Com pintar o sete,
Com apostar corrida
Na beira do mar,
Me fez sonhar com hakuna matata,
Com felicidade
De não se acabar,
Como poesia quando nasce o dia,
Com poesia
Antes de se deitar,
Conhecer voce me fez fazer folia
Do pensamento querer acreditar
Em ser feliz,
Como a segunda via
De um verso
Que já não era pra contar,
Com coca-cola, vinho,
Agua de coco,
Peixinho frito,
Abraço de apertar,
Com dedos passeando por seus dedos,
Olhares desvendando
Seu olhar,
Conhecer voce me deu uma vontade
De ir a Paraiba pra buscar
Um grupo de forró de pe de serra
Pra gente junto
Forrozear,
E mais um tanto assim de coisa boa,
Passeio de canoa,
Trabalhar,
Catar conchinha
Tirar cara e coroa,
Brincar de pique esconde,
Volitar,
Nadar de costas,
Comer pamonha,
Brigar,
Fazer as pazes,
Se atracar,
Fugir para Fernando de Noronha,
Pegar um onibus
Pra Madagascar,
De invadir alguma livraria,
Sair de lá com livros de poesia,
E alguns outros livros
Que ensinem a voar,
Me deu vontade de voltar no tempo
E desde o inicio poder contar
Com seu sorriso,
Com seu pensamento,
Com seu jeitinho livre de falar
Das coisas boas,
Das coisas tristes,
Das coisas que algum dia vão chegar,
Ai que vontade me deu,
Moça bonita,
De ser alguem que possa ser seu par
Num jogo de ping pong,
De peteca,
De voley de praia,
De tardes de brincar
De amarelinha,
Queimado,
Malha,
Pique,
Buraco,
Video-game
Até cansar...
E ir assim, como essa poesia
Que até parece que se nega
A terminar...
Me deu vontade
Ao conhecer voce,
De ser,
Permanecer,
Continuar...

20.3.09

Isso é com eles lá
(Lula diz: Crise é tsunami nos EUA e, se chegar ao Brasil, será 'marolinha')

Não é uma tsunami. É uma marolinha.
Não é uma tragédia. É uma coisa à toa.
Não é uma desgraça. É uma desgracinha
Que pode acometer qualquer pessoa.

Não é um Titanic afundando. É uma canoinha.
Uma canoinha que parece uma canoa.
Não é pure nem pirão. É só farinha.
Não é nenhum temporal. É só garoa.

Isso é porque é na sua vida. Não na minha
Que segue plácida e sossegadinha
E que de tão plácida, às vezes até me enjoa...

Crise? Que crise? A crise da vizinha?
Mas isso é lá com ela, coitadinha...
Tem nada a ver com a minha vida boa...

17.3.09

Uma flor é para sempre
(para minha irmã Margarida no dia do seu aniversário)

Margarida significa dádiva,
Margarida significa vida,
Nenhuma duvida, entretanto,
Margarida significa...
Como pode,
Sendo tão frágil,
Ao mesmo tempo ser tão forte
E ser tão rica?
Margarida significa alivio, alento,
Margarida significa poesia...
Ternura, abrigo, afago, acolhimento,
Conhecimento,
Força,
Garantia...
Margarida significa escora,
Exemplo, molde, casa, inspiração,
Palavra mágica que não se explica,
Perfume doce que escapa e fica,
Margarida significa coração...

13.3.09

Seguindo...
(aos que acompanham este blog)

Descobrindo a rima pobre ainda escondida
No vão da telha, no ralo da calçada,
Na cantoria, no céu de Aparecida,
Na inconstencia da palavra dada,

Recolhendo a rima rica ainda perdida
No olhar sem rumo da moça abandonada,
No fundo do poço, no fim da vida,
No bebe que nasce com a clavicula fraturada,

Seguindo o verso que não foi escrito,
O excomungado, o fétido, o maldito,
O recuperado pelo toque da poesia,

Buscando o significado da palavra
Que o bisavo do meu avo gostava
De ler, às vezes, ao final do dia...

Quem vem comigo?


11.3.09

Se agum dia...
À minha amiga Carla Brasil

A brisa vai cansar e vai querer parar,
O mar, também cansado, igualmente vai querer
Parar de vir à praia e parar pra descansar,
E mesmo o sol é capaz de não querer nascer...

A poesia vai perder-se e deixar de rimar,
O ritimo e a métrica vão se desentender,
O pássaro cantor vai esquecer de cantar,
O repentista, num improviso, vai se perder...

O soneto vai amanhecer escancarado,
O cisne branco aparecer malhado,
A hora certa vai perder a hora,

"À cores" vai posar de "preto e branco",
A rima rica de verso manco,
Se algum dia voce, minha amiga, for embora...

10.3.09

Quasepoesias
Após ler comentário da Rosangela que diz: "Este blog não é "quase poesia"... é "mais que poesia"...É inalcançável! Escapa de nós. A Gente corre atrás, mas não alcança"

São só poesias escritas sem critérios,
Sem regras que não sejam o coração...
São como insights diários esses versos...
São quasepoesias... Poesias não...

2.3.09

A musa

A musa
Obtusa,
Que esconde o coração por sob a blusa
E o pensamento
Sob a cabeleira,
Provoca,
Atiça,
Inspira
E some sempre a musa,
Como um domingo
Ante a segunda feira...