30.1.19

Morte

Pedaço da minha vida que eu não conheço,
E faço de conta que nunca vou conhecer,
Pedaço que começou lá no começo,
O que toda gente chama de nascer,

Pedaço sem rota, sem data, sem endereço,
Como uma palavra que a gente evita escrever,
É vida, escrita pelo lado avesso,
Como o dia esperando o amanhecer,

Uma palavra, não outra, definitiva,
Talvez de todas elas a mais viva,
A mais presente em nós pela vida inteira,

Morte, mas não precisa chama-la assim,
Porque embora aparentemente seja o fim,
Segue vivendo à sua própria maneira...

27.1.19

Blogs

Guarde poemas no blog. Funciona
Como um caderno aberto para a vida,
E tanto faz se em Tóquio ou em Atafona,
Toda poesia é universalmente lida.

O blog é poderoso como a prednisolona,
Nele a palavra brinca distraída,
Tem gente que acha cafona,
Eu acho um must, coisa mais querida...

Experimente um blog. Poste um poema,
Ou, se preferir, mais de um, não tem problema:
O blog aceita todos com ternura,

Poemas fazem os blogs mais felizes,
E blogs fazem poemas criarem raízes,
E aí começa a semeadura...

6.1.19

A palavra

A mesma palavra pode possuir força pequena
Ou, se a gente permitir, grande demais,
Pode ter o cheiro acre de uma ozena
Ou o sabor doce dos dias de paz

A mesma palavra pode ser gangrena
Ou divertidos balões de gás,
A mesma, ser a rima de um poema
Ou a escolha por Barrabas,

A palavra pode possuir todas as formas,
Obedecer ou transgredir todas as normas,
Dependendo do terreno onde é plantada,

Carregada de ódio, torna se morte,
Temperada de amor, torna se forte,
A mesma palavra significa tudo ou nada.

5.1.19

O coração

O coração às vezes exagera,
E fala coisas que não era pra falar,
O coração às vezes perde a linha,
É como se uma extra sistole daninha
Fizesse o coração extrapolar,

O coração às vezes perde o ponto
E se torna vítima da própria taquicardia,
Desanda a dizer palavras sem sentido,
E quando vê, não era pra ter sido,
E quando vê, já fez o que não queria,

Aí é tarde demais. Se fez tá feito.
Não tem conserto pro leite derramado.
E como um parto. Não tem mão dupla.
Nem adianta depois pedir desculpa,
Melhor seria não ter exagerado...

E necessário muita calma nessa hora,
E alimentar o coração diariamente
Com doses homeopáticas de alegria.
Um coração feliz não gasta o dia
Com atitudes inconsequentes.

Alegria, alegria. Sem azedume.
Alegria, alegria. Como na canção.
Alegria, alegria, sem arrependimento.
Sem taquicardia, saturando cem por cento.
A vida é bem melhor sem confusão.

1.1.19

Poeminha de ano novo

Finalmente acabou o ano passado,
Chegamos até que enfim no ano que vem,
Estou me sentindo completamente renovado,
Como se fosse um neném,

As coisas ruins que eu vivi deixei de lado,
Trouxe comigo só lembranças de bem,
Daqui pra frente mais nada errado:
Nem querer nem fazer mal a ninguém,

Ah, bem que poderia ser assim:
Um ano novo sem nada de ruim,
O ano que passou virar poeira...

Mas vai depender mais de mim que da virada
Ter minha vida modificada,
Porque não dá pra ser de outra maneira...