6.6.10

Descobrimento

Tanta palavra,
Tanto trabalho,
Tanto diagnostico
Avassalador,
Tanta cultura
Entre a dor e a cura,
Tanta procura
Pelo fim da dor,
Tanta rotina,
Tanto envolvimento,
Tanto equipamento
De alto valor,
E nada disso
Garante um cuidador...
É necessário
Mais do que leitura,
Mais do que máquina
Ou do que o titulo
De Doutor...
A técnica
Não acaba com a tristeza,
O antibiótico
Não cura o sofredor...
É necessário
Mais do que o salário,
É necessário
Uma fonte de calor
Que afaste o medo
E faça companhia
Sem se importar
Com nome, idade ou cor...
É o amor...
Só ele o que nos basta.
Sem ele tudo é fraco
E enganador.
Experimente algum dia
Não ter nada,
Além de seu olhar
Confortador,
Além de um aperto de mão
Ou de um sorriso,
Além de um gesto
Doce e apoiador...
Experimente nesse dia
Não ter nada
E esse dia será
Revelador
Porque não será preciso
Mais que nada
Se, tendo nada,
Você tiver amor...
Porque a vida sem amor
É uma roubada
E é sempre transformada
Pelo amor...
Amor que é tudo de bom,
Que a tudo agrada...
Amor essencial...
Profundo amor...

5.6.10

Aritimética

Quem divide felicidade, multiplica felicidade,
Felicidade não ocupa lugar no coração.
Quer ser feliz? Seja feliz à vontade.
É só querer. É só não dizer não...

E dai se existe a dificuldade,
O desafeto, o ciume, a perseguição?...
A noite é só a metade.
A outra metade é o sol. É a claridão.

Por isso é que felicidade espalhada
Significa felicidade multiplicada
E aumenta suas chances de ser feliz...

Por isso é que é assim: nunca termina.
É como aquele restinho de purpurina
Grudada no seu nariz... 

4.6.10

Amamentar


Amamentar é um ato psíquico,


Indiscutivelmente, um ato político,

Seguramente, um gesto psicológico...

Amamentar é um momento magnífico,

Traduz, decerto, um posicionamento critico,

Amamentar é um ícone ecológico...

Para muitas mães, traduz um ato prático,

Para muitos bebes, um exercício rítmico,

Talvez, dos movimentos, o mais democrático,

Dos comportamentos, o mais mítico...

Amamentar é fantástico...

É o antídoto contra o bico plástico,

É mais antigo que o homem paleolítico,

Definitivamente o encontro mais romântico,

Possivelmente o termo mais poético,

Provavelmente o contato mais intimo,

E embora às vezes ganhe um tom dramático,

Não há como negar-lhe o lado místico...

Não há como não ver seu lado lúdico,

De significado tão elástico,

Coerente como um calculo aritmético.

Por isso um gesto sempre tão simpático,

Por isso nunca de um padrão estático,

Por isso quase sempre um gosto estético...