26.11.10

A espera (o poeta)

Passei uma hora tentando, esperando,
Arrodeando o poema por uma hora e meia,
Rabiscando um verso inutil, mas tentando,
E inalcançável, como a lua cheia...

Tentando me aproximar, me arrodeando,
Como se eu fosse uma teia,
Como quem nem sabe a letra e vai cantando,
Inconsistente, como um grão de areia...

E ali, por essa mais do que uma hora,
Como um viajante que não vai embora
Mesmo sem ter a chave do portão,

Tentei o poema com fibra de insistente,
Sonhando em recebe-lo de presente,
Ou por piedade, ou sinal de gratidão...
A espera (o poema)

O poema tentou uma hora me esperando,
Ou me arrodeou por uma hora e meia,
Tentando, sempre em silencio, mas tentando,
Inconfundivel, como uma lua cheia...

O poema, por mais de uma hora me arrodeando,
Como se fosse uma teia,
Cantando seu verso em silencio, mas cantando,
Imperceptivel, como um grão de areia...

E ali, por essa mais do que uma hora,
Como um carteiro que não vai embora
E permanece próximo ao portão,

O poema me esperou, verso insistente,
E trouxe-me esse soneto de presente
Que eu tento registrar, por gratidão...