20.8.05

Lição de Conjugação
(conjugação, o mesmo que ligação; que junção)

Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Como a palavra
A contagiar
Quem experimenta...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
É muito bom para todos quantos tentam...

Eu amamento exclusivamente.
Sou cem por cento peito dependente,
O peito é a fonte ampla de sustento
Para o meu rebento.

Tu amamentas
Sempre com um sorriso
E tantas vezes
Quanto for preciso:
Dez, vinte, cincoenta,
Duzentas vezes duzentas,
Porque amamentar
É experimentar
Um pedacinho
Do paraíso...

Ele amamenta
Quando me sustenta
Quando me apóia,
Quando me ajuda
Ou mesmo quando tenta...
No movimento
Do trem da vida
O leite materno
É o motor
Que o movimenta...

Nós amamentamos
Quando nos reunimos,
Quando conversamos,
Quando discutimos
Quando discordamos,
Quando concluímos,
E mesmo às vezes que erramos
Nós amamentamos
Porque é corrigindo erros
Que seguimos...

Vós amamentais
Quando, pela paz,
Ofertais luz...
E quando, envolta em luz,
Encontrais paz...
E quanto mais
Amamentais
Tanto mais delicadeza produz
O vosso peito...
E isso é perfeito...
Mas desse jeito
Somente o leite materno
E nada mais...

Eles amamentam
Quando acordam,
Quando deitam,
Quando choram,
Quando sentam,
Quando é por medo
Eles se apacientam,
Quando é por frio
Eles se acalentam,
Quando é só pra brincar
Eles inventam
E brincam de brincar de mamar
Mas quando estão com fome
Não agüentam:
Eles amamentam,
Ah, se amamentam,
E como amamentam...

É fácil conjugar o verbo inteiro:
Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Do Oiapoque ao Chui
Passando pelo Rio de Janeiro...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
Quem ganha com isso
É o povo brasileiro...

6.8.05

A minha mãe
Minha mãe fez ontem 75 anos de idade.
Assistiu ao horror da Grande Guerra, enfrentar as perdas de seu pai, da sua mãe, de dois irmãos, do esposo amado e de um filho muito querido com serenidade...
Após vencer a provação do enfrentamento das lutas da vida com suavidade plena, minha mãezinha Hilda cruzou os 75 com a graça de uma bailarina aos 15.
Para minha mãe, meu poema...

De onde vem, mãe,
Essa sua força impressionante
Capaz de calar
A noite que apavora?
De onde essa sua leveza flutuante?
De onde essa sua prontidão sem hora?
De onde essa certeza da sua mão
Capaz de fazer parar
Uma bala de canhão?
Esse carinho que nunca cessa?
Essa sua falta de pressa
Para o auxilio
Ao amigo,
Ao irmão,
Ao esposo,
Ao pai,
À mãe
E ao filho?
De onde essa sua alma sempre preparada
Para reagir à estupidez lavada,
Ao desamor tamanho
E transformá-lo
Em fruto,
Em doce,
Em paz,
Em vida,
Em ganho?
E essa sua disposição que não se cansa
E faz de cada filho Sua criança,
E cuida os netos
Como cuida os filhos,
E a bisnetinha
Como se fosse elazinha
Uma rainha?
De onde essa sua explosão sem fim de afetos?
Essa sua uva, minha mãe, diz de que vinha
Que faz passar nossas dores,
Desfazer as discussões,
Arrumar os desacertos e incertezas
E afugentar malfeitores
E ladrões?
De onde essa sua fibra, minha mãe,
E essa serenidade incomum
Da sua voz
Capaz de desatar nós
Quando emitida,
Capaz de gerar a luz,
Capaz de gerar a vida?
De onde esse seu coração que enfrenta tudo:
Derrota, luto, perda, desamor,
Ingratidão, desrespeito, o mal absurdo,
Usando o amor, e mais nada, como escudo,
E semeando por ai o amor?
Vem dessa alma
Que só as mães tem
Tecida com fios de querer-bem,
E com retalhos de sinceridade,
Alimentada com as pilhas alcalinas
Da boa-vontade,
Pintada com as cores cristalinas
Da sinceridade...
Vem dos pedacinhos de amor que Deus
Recolheu no Paraíso
Porque mandar Anjos pra habitar a Terra
Era preciso... Vem da essência escondida
Da formula da alegria,
Que às vezes se chama vida,
Outras vezes, poesia,
Muitas vezes, mãe serena,
Muitas, mãe sem garantia
Que empresta calor,
Carinho,
Compreensão,
Companhia...
Vem da palavra verdade,
Da missão sempre cumprida,
Vem dessa luz que ilumina os olhos meus...
Vem da serenidade
Enternecida,
Vem do berço,
Vem dos Anjos,
Vem de Deus...

1.8.05

Vida longa para a poesia
Escrito em dedicatória à comunidade quasepoesia que meu sobrinho criou no orkut em minha homenagem, em homenagem à minha poesia, à minha quase poesia... www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3766873

Vida longa para a poesia,
E para suas rimas e surpresas...
Aqui no orkut, nos sites, blogs,
Nas páginas dos livros sobre as mesas...

Vida longa para a poesia,
Senhora mãe das delicadezas,
Madrinha boa da felicidade,
Pedra que lima asperezas...

E para a poesia vida longa,
Feito a do samba de Donga
Que sobreviveu...

Vida longa para a poesia...
E que haja poesia todo dia...
Porque a poesia é a luz do breu...