(Ao meu pai, Clóvis Tavares)
I
13 de abril. O corpo já não respira.
Os olhos já não respondem nosso olhar,
Eu tentava acreditar que era mentira,
Eu juro que eu não queria acreditar
Naquele 13 de abril que não se expira,
Como uma fonte que recusa-se a secar,
Como um ponteiro do tempo que não gira,
Como um ruído que não me deixa sonhar.
13 de abril de 1984.
O volvo, imperdoável como um infarto,
Arruína suas possibilidades. Sem saida ...
13 de abril. Aquele dia ingrato
Era apenas o sinal de um novo ato
Do grande espetáculo que será sempre a sua vida.
II
Imagino sua visita inesperada,
Aquele seu jeito doce novamente,
A sua palavra boa na sua voz pausada,
A sua voz pausada, mas pungente,
Imagino sua visita assim, do nada,
Almoçando hoje de novo com a gente,
Aquela sua simplicidade exagerada,
Aquela sua simplicidade comovente,
Imagino sua visita nesse dia,
Inesperada alegria
Tomando conta do nosso coração...
Imagino sua visita e eu, de joelhos,
Silencioso, ouvindo seus conselhos,
Quase em silencio, pedindo seu perdão...
III
Saudades em lagrimas que a poesia disfarçada
Mas sempre chega a hora de ir embora
Que é a mesma hora de recomeçar.
Faz tanto frio e insensatez lá fora,
Faz tanta falta ouvir sua voz falar...
Mas chega. E mesmo que fora de hora,
Despedir não é o mesmo que acabar.
Recomeçar é difícil. Às vezes demora,
Mas despedir é um convite pra continuar.
Saudades suas, meu pai. Recomeçamos.
Saudades feitas de perdas e danos.
Saudades suas, meu pai, meu professor.
Saudades em lagrimas que a poesia disfarçada
Transforma em palavra rimada...
Saudades suas, meu pai e meu amor...
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