25.8.24

A palavra arredia

Eu ia escrever aqui um poeminha
Mas a palavra não quis participar,
Aproximou-se, mas ficou de picuinha,
Aí não tem realmente como rimar,

Porque quando eu estava pensando que ela vinha,
Ela simplesmente resolveu voltar, 
Deixando a poesia ali sozinha,
Sem ter como completar. 

Abandonei então o poema e fui-me embora. 
Estou escrevendo esse outrozinho agora 
Só pra não ficar assim sem dizer nada,

Mas não era bem esse o poeminha que eu queria, 
Era o outro, o da palavra arredia,
Que volta um dia, quem sabe, quando tiver bem humorada.

21.8.24

A cura

Escrevo pra deixar escapar pela palavra 
O que não quer ficar preso ao coração,
Escrevo como um medicamento que me salva 
Do erro meu, da minha própria imperfeição, 

É como se a cegueira que me trava
Vivesse através da palavra outra visão,
Escrevo pra escapar dessa minha raiva,
Escrevo pra escapar da minha destruição, 

Não busco nada com meu verso, apenas 
Recriar, em forma de arte, meus problemas,
E resolvê-los através de rimas improvisadas,

Não busco nada. Talvez a cura
Do frio do coração. Da noite escura. 
Escrevo pra inventar novas risadas.

13.8.24

Vinhedo

Era pra ser mais um voo, uma viagem, 
Passagem de ida, de volta,  despedida, 
Só mais um voo, com bagagem, sem bagagem,
Ou para muitos, o primeiro voo da vida,

Faltava pouco pra aterrissagem,
E, por alguma coisa ainda não esclarecida,
O que se sabe até agora é uma imagem 
Que toda gente acompanhou estarrecida... 

Ah, homens e mulheres, e crianças, 
Cheios de sonhos e planos e esperanças, 
Até que um dia a dor cruzou o seu caminho...

Era pra ser mais um voo, e de repente, 
A vida mais uma vez mostrando pra gente, 
O quanto a gente é pequenininho...