25.4.05

O Amar

Estranha criatura. E traiçoeira.
E atraente. E doce criatura.
Cruel, como é cruel a ratoeira.
Sublime, como é o balsamo que cura.

Cheia de ardis, feito uma feiticeira,
E dos misterios de uma noite escura,
É, como a brisa, às vezes, passageira,
Às vezes não , como uma sepultura.

Mortal e ao mesmo tempo alvissareira,
Mistura o gesto bom, como é o da freira,
Com o doloroso, como é o da sutura...

Estranha criatura. E como cheira
Vulgar, às vezes, como uma rameira,
E algumas outras tão suave e pura...

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