Poema de Natal XI
O burrinho
Pela estrada até Belém
Caminhou, por todo o dia,
Acompanhando, em silêncio,
Jesus, José e Maria.
Por que fora o escolhido
Para tão nobre hornaria?
Não tinha pelos de seda,
Não tinha pele macia.
Não era de raça pura,
Nem muito o quanto valia.
Não tinha o casco impecável,
Nem pasto, nem boa cria.
Não tinha sela aprumada,
Nem lugar na estrebaria.
Não tinha torte, nem nada,
Nem preço, nem garantia.
Nem porte altivo, o coitado,
Seu relinchar nem se ouvia,
Não tinha o couro escovado,
Nem era pra montaria...
Era um burrinho de carga
E só pra isso servia.
Mas que não fosse pesada,
Além do que ele podia.
Não reclamou da distância,
Do cansaço que sentia.
Cumpriu somente o papel
Que a vida lhe oferecia.
Era um burrinho, mais nada.
Seu nome, ninguém sabia,
Mas que, em silêncio, levava
Para Belém o Messias...
Talvez, por isso, o burrinho
Tenha tido a primazia
De acompanhar, em silêncio,
Jesus, José e Maria.
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