24.12.04

Oração de Natal

Senhor Jesus.
Hoje é o Dia do teu Natal.
A Humanidade recorda nesta data os fatos ligados àqueles dias que transformaram a tua chegada numa grandiosa estória de símbolos inesquecíveis: os anuncios dos anjos, a viagem ate Belém num burrinho, o teu nascimento numa estrebaria, a alegria dos pastores comuns de guardar ovelhas quando receberam a noticia de teu nascimento, a visita dos Magos, a ira de Herodes...
Dois milênios se passaram...
Viemos hoje aqui neste teu dia e na tua presença, do mesmo modo como estiveram do teu lado os pastores, homens comuns do campo, guardadores de rebanho, somente para venerar esta data que guarda com ela o inicio de teu martírio e de teu exemplo de amor a Humanidade.
Trazemos, Senhor Jesus, as mãos vazias.
O ouro que nos cabia trazer, nós o perdemos pelo caminho, trocando-o por valores de realeza quase sem valor até que nos restassem somente algumas miseras patacas as quais acabamos por igualmente gastar e nada possuir além da lembrança do quanto já tivemos em mãos...
O incenso precioso era para tê-lo trazido conosco se não tivéssemos abandonado seu aroma quando nos sentimos atraídos por outros aromas que a nós nos pareceram mais atraentes: dois milênios foram tempo suficiente para nos perdermos em outras divindades e valores...
A mirra que intencionavamos trazer acabamos por derramá-la sem cuidado, desapercebendo dessa forma seus sinais de imortalidade infinita, e nos tornando frágeis e tolos e vãos...
Perdemos o rumo da Estrela que surgiu para nos guiar, por isso nos atrasamos tanto...
Trazemos hoje o coração enfraquecido e submerso neste mundo de desacerto e treva a que nos conduzimos...
Deste longo mergulho na sombra pudemos ver de perto o desafeto e o desamor tornarem-se gestos comuns e quase necessários...
Homens destruindo Torres Gêmeas e vendo suas nações dizimadas por caças e bombas sem motivo nenhum alem do ódio e da ira torpe e rude do coração mau...
Nos aproximamos perigosamente da fome e do flagelo e acabamos percebendo que nada ou quase nada podemos fazer ou tentar longe da tua infinita misericórdia...
Mas eis que é Natal, Senhor Jesus...
Temos ouvido, ecos deixados pelos Anjos em suas visitas, que para nosso bem nasceu Jesus, nosso Salvador...
É delicado o Cântico dos Anjos que nos chama em tom quase maternal: Hosana, Jesus nasceu...
É santificada essa Boa Nova...
E terna e pura a luz da tua Estrela...
Acolhedora a tua Manjedoura...
Suave o significado da tua Mensagem de amor...
Deliciosa a companhia dos magos e dos pastores...
Alegre a musica alegre que os presenciamos cantar e dançar como pediram-lhes a Legião de Anjos...
Acolhedora e agradável a tua gruta santa, a nos proteger da noite, do medo, do frio e da solidão que nos dilacera lá fora...
Ah, Menino Jesus...
Cordeiro de Deus que por nós, pecadores, derramou seu sangue para nos mostrar o caminho da salvação...
Estamos hoje, após dois milênios de noite e desamor angustiantes, diante de ti.
Recebe nossas mãos vazias...
E permanece nosso pensamento assim:
Extasiados com a complexidade de tua singeleza e admirados com a força gigantesca de tua aparente fragilidade...
Mestre amado,
Aqui está o nosso coração humilhado diante de teu exemplo...
Insufla nossa boca com teu sopro, fazendo-as cheias de palavras como as de Simeão: podemos partir em paz porque os nossos olhos viram a salvação.
Senhor Jesus,
Feliz Natal.
Glória a Deus nas Alturas e paz na Terra aos Homens a quem Ele quer bem.
Que assim seja.

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