O Papel Infeliz
Em Campos, minha cidade, há dois matutinos: a Folha da Manhã e O Diário.
Obedecem linhas politicas distintas e por vezes chegam a noticiar o mesmo fato como se fossem fatos diferentes.
Aos matutinos da minha cidade, o meu soneto.
Culpado! Culpado! Escreve a Folha...
É inocente! Garante O Diário...
Um jornalismo de multipla escolha
Feito pra um mundo todo ao contrário...
O objeto. Um assegura: é rolha.
O outro jura que é um dromedário.
Um diz que é culpa de uma abelha a bolha,
O outro, de um maníaco sanguinário.
Está criada a informação zarolha
Quando um jura que é toco, outro que é trolha
E onde nenhum dos dois admite falha...
E sob esse surrealismo extraordinário
Resta ao leitor esclarecido a encolha
Ou o papel infeliz do grande otário.
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