10.6.20

A casa do meu pai

As pessoas tem andado muito chatas,
Exigindo muitas coisas que nem são,
Apostando na lisura que nem tem,
Não confiando em ninguém,
E sem distribuir seu coração.

Talvez por isso, tem andado mal humoradas, 
Acusando o mundo inteiro, sem notar 
Que o mau humor que vivem espalhando 
Faz a vida ir aos poucos se azedando,
Até a hora que ninguém mais puder provar.

Se isso não bastasse, sem esperanças:
O mundo é hoje. Agora é o que interessa.
E perdem, assim, a chance da semente 
Que vive seu hoje enquanto olha pra frente,
Porque sabe que a felicidade não tem pressa.

E já não param pra escrever poesia, 
E já não gostam mais de olhar o mar,
E ja não tem tempo, porque gastam seu tempo
Nas coisas que asfixiam o pensamento,
E não deixam o pensamento respirar.

Mas não são todas assim. Ainda existem 
As pessoas que se importam, que se dão,
Que sofrem, e apesar disso, se superam,
Que tentam, e não desistem enquanto esperam,
Que vivem sempre em constante reinvenção.

E assim segue a vida, seus azares
E as suas causas. Vida que vai.
Na casa do meu pai há muitas moradas...
Sigamos, sabendo que todas as estradas 
No final vão nos levar para uma das casas do pai. 

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