8.4.14

A confusão

Eu achava
Que ela gostava
Dos poemas que eu fazia
Eu escrevia
Ela lia
Mas não comentava não
Então descobri um dia
Que os poemas que eu fazia
Ela lia
Não por gosto...
Mas por pura educação
E eu rimava
E dizia
Coisas cheias de emoção
Caprichava na poesia
Tanto
Que nem percebia
Que eu mandava
E ela lia
Mas não prestava atenção
E os poemas
Que eu mandava
Ficaram sem serventia
Porque pra ser poesia
A poesia antes de tudo
Tem que invadir os seus olhos
Entrar pelo coração
Fazer tremer os seus braços
Prender sua respiração
Fazer suar
Fazer rir
Fazer perder a razão,
Fazer cantar
E reler
Ler fazendo encenação
Porque pra ser poesia
Não basta a palavra fria
A rima sozinha não cria
Poesia
Claro que não
Isso é palavra vazia,
Moeda sem garantia,
Retalho sem serventia,
Resto,
Farelo de pão...
Eu achava
Que ela gostava
Dos poemas
Que eu tentava
Mas eu não imaginava
Que de tanto que eu gostava
Os poemas que eu mandava
Achando que ela gostava
O vento vinha e levava
O dia a dia apagava
E o poema extraviava
Perdendo sua função

Eu achava
Que ela gostava
Dos poemas que mandava
Eu abusei da palavra
Pensando que eu agradava
Mas eu era quem pecava
De um pecado sem perdão
Que foi escrever poesia
Sem valor e sem valia
Sem poder
E sem razão

Eu escrevi poesia
Talvez a que eu não devia
Eu juro que eu não sabia
Por isso fiz confusão...

Um comentário:

mARa disse...

Parimos sentidos das letras que para nós tem suspiros e bate um coração, é vida que nasce dos nossos sentimentos...as vezes fazemos confusão...