19.10.05

Pela vida...

Eu sempre sim. O sim que é pela vida.
Pela não cooperação, o sim, com o mal.
A não violencia como unica saida.
A não violencia como habito essencial.

Eu sempre o sim da alma convencida
A não cooperar com o caos social,
Com a morte por tiro, com a bala perdida,
Com o revolver como simbolo nacional,

Com a violencia banalizada,
Com a estupidez como gesto habitual,
Com a morte, como se a vida fosse nada
E como se matar fosse normal...

Se a bala que estraçalha o corpo humano
E faz jorrar o sangue onde antes não,
Gerando panico por causar o dano,
Causando a morte por hipotensão,

Se a bala que transpassa a artéria aorta,
Se a bala, causadora da lesão
Que torna a coisa viva coisa morta
Contar com minha eventual aprovação,

Eu perderei a minha dignidade...
Eu nunca mais merecerei perdão...
Quem se associa à animalidade
Não faz por merecer a compaixão...

Eu sempre sim. Até quando as pistolas
Forem expulsas das nossas escolas
E ali entrarem somente a letra e o pão...

Eu sempre sim. Até quando os gatilhos
Pouparem a vida dos nossos filhos,
Poupando a honra da nossa nação...

Um sim para que mortes desse jeito:
Um tiro no abdome, outro no peito,
Desapareçam de circulação...

O armamentismo cruel e insensato
Vulgarizou a morte, o assassinato,
O crime, o sangue, o ódio sem razão...

Eu sempre sim. Pela vida. Menos tiros.
Mais alegrias. Menos suspiros.
Diante da bala ninguém é cidadão...

Pela esperança. Pela decencia.
Pela não cooperação com a violencia.
Não disse Cristo a Pedro assim, em vão:

Pedro, embainha a tua espada...
Passarão o Céu e a Terra, como um nada,
Mas as palavras de Jesus não passarão...

Nenhum comentário: