16.12.02

A Febre

Madrugada. Febre alta. Era a agonia.
Quarenta graus de morte e de calor.
A febre sufocava. A dor doía...
Cansaço. Desconforto. Mal. Torpor.

Febre alta. Agonia. Madrugada.
O corpo parecia se entregar.
A voz gritava, desesperada.
Tudo que a voz sabia era gritar.

Febre alta. Quarenta. Desespero.
Um desacerto. Um dano. Um exagero.
A dor agonizando a madrugada.

Às vezes também é assim a vida:
Tem dias que arde em febre descabida
Como quem traz a alma sufocada.

A febre ardendo. A alma torporosa.
Cansaço. Desconforto. Mal-estar.
Uma agonia insana e escandalosa.
A alma parecendo sufocar

Como se fosse eterna a madrugada,
Como se fosse imensa essa agonia,
Como se fosse um sol que incendiava,
Como se a noite devorasse o dia...

A alma padecendo em desconforto
Como quem se desgarra e perde o porto...
Como quem é só descontentamento...

Algum lugar há de existir, no entanto,
Que ponha fim à dor e ao desencanto
E que amenize a cor do sofrimento...



Nenhum comentário: