1.8.02

Se eu faço poesia...
Revisado

Se eu faço poesia, penso em nada...
É como escorregar num tobogã...
Então, quando eu percebo, é madrugada...
Eu continuo. É quase de manhã...
Eu trago a poesia bem guardada
Como quem traz guardado um talismã...


Se eu faço poesia eu perco o rumo...
Eu sigo por atalhos e quebradas...
Eu perco a coerencia, esqueço o prumo,
Eu piso firme sem deixar pegadas,
E nesse desacerto é que eu me arrumo
E assim eu passo as minhas madrugadas...

Se eu faço poesia ritimada
E rimo por questão de opinião,
É como olhar a lua prateada
E, olhando, assoviar uma canção...
É como se a palavra preparada
Saisse pronta do coração...

Se eu faço poesia, penso mudo...
É como a fantasia improvisada...
Às vezes o poema é meu escudo...
Às vezes o poema é minha estrada...
Meu cálice de vinho... Meu veludo...
Meu tudo... Meu porque... Meu não... Meu nada...

Por isso é que se eu faço poesia
Diária, intuitiva, ritimada,
É como quem descobre o fio guia,
A senha, a chave, o mote, o abracadabra...
E encontra a própria carta de alforria
E a trilha da caverna abandonada...

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