12.6.02

Sonetos imperfeitos para passarinhas...

Primeiro Soneto
Pássara morena de alma açucareira,
De voo esguio, rumo decidido,
Voz delicada, palavra certeira,
Iluminada e cheia de sentido...

Pássara campesina e carioquesa...
Quando delicadeza, é distraida...
Quando desabalada, é sem surpresa...
E quando dor, é intima e contida...

Cariocana em sua natureza,
Não sabe o significado da incerteza
Nem gasta o tempo com lamentação...

Ah, leve e campesina passarinha
Que nunca foi nem deixou de ser minha
E nunca abandonou meu coração...

Segundo Soneto
Passarinha de alma fazendeira..
Cantadeira de alma improvisada...
Moça levada de boas maneiras,
De pele branca e voz metalizada...

Fazendeira de alma passarinha...
Por tão sozinha, tão agitada,
Tão dificultadeira, tão facinha,
Tão verdadeira, tão disfarçada...

Passageira de alma linharinha...
Por tão acompanhada, tão sozinha...
De onde é que vem tão leve, tão levada,

Tão delicada, tão delicinha?
Cidade grande de alma fazendinha...
Não cre no amor mas vive apaixonada...

Terceiro Soneto
Pássara branca de alma mineira...
Manhuaçúcar de voz dolente...
De alma com sabor e cor de pera
E um cheiro bom de pão de queijo quente...

Ah, mineirinha de alma impaciente,
Desabalada e contida...
Às vezes é cruel como a serpente...
Às vezes deliciosa como a vida...

Gole de mel de algum manhuaçúde...
Água da Fonte da Juventude...
Lua de ouro toda prateada...

E quando tudo que há em torno é rude
Ela disfarça e vence. É sua virtude.
Mineira branca de alma iluminada.

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