"Otimismo é quando sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro.
Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração"
Rubem Alves
I
Quando do lado de fora é primavera,
E a vida se espalha, imensa como um mar,
Disseminando delicadeza e alegria,
Como se fosse luz a transbordar,
E quando tudo em volta inspira vida,
E a vida dá sinais de se encantar,
É nessas horas que o lado de dentro
Também começa a se modificar,
E contagia o coração com essa alegria,
E o coração reescreve sua harmonia
Com elegância e preciosismo...
Nessas horas em que o lado de fora se ilumina,
E lado de dentro se contamina,
O nome, quando isso acontece, é otimismo.
II
Mas quando do lado de fora é tempestade
E tudo em volta parece desabar,
Disseminando desassossego
Como se toda luz fosse apagar,
E quando o caminho em torno é sol e seca,
E as nascentes perdem sua força de brotar,
E o lado de dentro, mesmo nessas horas,
Não mostra sinais de desanimar,
E as fontes borbulham do lado de dentro
Que enfrenta com força e gana o sofrimento,
E dilui a amargura com bonança,
Nessas horas em que o lado de fora é todo ameaça,
E o lado de dentro se acende em luz e graça,
O nome, quando isso acontece, é esperança.
III
Então os dias de medo e desespero
E os momentos de cansaço e dor,
Quando tudo em volta magoa, assombra e fere,
E o horizonte é desalentador,
Nem esses dias de desassossego
Tem poder que possa ser tão devastador,
Porque o coração tem segredos bem guardados
E cada um deles têm um nome: amor,
Segredos capazes de reinventar a primavera
Quando lá fora a seca desespera,
E o mar insiste em se tornar sertão,
Segredos, como suas duas fontes borbulhantes:
O otimismo e a esperança, dois gigantes,
Que moram dentro do coração...