22.5.22

Poema noturno

E eu aqui. Imaginando uma poesia 
Que faça meu coração adormecer 
Que o deixe descansar na noite fria 
Que o sono chegue sem ele perceber 

Uma poesia que tenha essa magia 
Que algumas delas conseguem ter
Banhar, como se fosse anestesia,
O coração cansado de sofrer 

Então a poesia disfarçada
De anestesia, aos poucos gotejada, 
Vai mergulhando o coração no esquecimento 

Um esquecimento que se chama sono, e assim
A dor do dia vai chegando ao fim, 
Ainda que por um lapso de tempo

16.5.22

Segunda-feira

Respira um pouco. Hoje é segunda feira. 
Cansado? Usa um pouquinho sua respiração,  
E tenta descansar dessa maneira:
Respira e pensa. E usa seu pulmão. 

E bota um pouco de água na chaleira.
E passa manteiga no pão. 
Respira. Vai transformando essa canseira 
Em energia para movimentação.

E assim, descobrindo novos ares,
E tantos, que se somarem chegam aos milhares, 
E que bastavam apenas serem descobertos...

Numa segunda-feira respirável,
Esse tempo eternamente retornável,
Tempo através do qual somos libertos...

12.5.22

A emergência

A emergência e o corredor lotado,
O município inteiro resolveu se resfriar,
E vir ao mesmo tempo, e assustado, 
Tentando se consultar,

E aí é criança pra todo lado,
E criança que não para de chegar,
E criança que já tinha melhorado 
E volta porque começou a vomitar, 

A emergência e o corredor abarrotado 
De criança no colo de mãe de olhar cansado,
E você olha isso tudo e não pode se cansar,

A emergência e o corredor sobrecarregado, 
A emergência e esse sonetinho assustado 
Que vai lá fora tomar um ar..