20.9.19

João

Impressionante o que o João faz com o violão,
Que nas mãos de João parece outro instrumento,
E a voz de João, conversando com sua mão,
Faz a música brotar outra música por dentro...

João não precisa de usar diapasão
Porque a alma de João é feita de afinamento
Impressionante, não tem explicação,
João e o violão... que casamento ...

Nada sai da forma que a gente esperava escutar,
João muda tudo quando começa a cantar,
João refaz o samba do seu jeito,

Eu nunca ouvi ninguém tocar violão assim,
Só mente quando diz que tristeza não tem fim,
João, como se fosse um sinônimo de perfeito.

12.9.19

Todo mundo precisa de saude

Todo mundo precisa de saude:
Tem gente que precisa de uma cirurgia,
Tem gente que precisa de uma nebulização,
Tem gente que precisa de fisioterapia,
Tem gente que precisa de antibióticoterapia, Tem gente que precisa de vacinação,

Mas todo mundo precisa de saude,
Ninguém precisa de uma ambulância estragada, Ninguém precisa de uma farmácia vazia, Ninguém precisa de uma cadeira quebrada, Ninguém precisa de uma emergência lotada, Ninguém precisa de falta de assepsia,

E porque todo mundo precisa de saude,
Cabe ao governo cuidar da nossa gente,
Mais atitude, menos falação
Porque uma cidade tão doente,
Precisa de uma solução urgentemente,
E alguém tem que aprender essa lição:

Todo mundo precisa de saude
Porque a saúde de um povo é seu direito, Ninguém precisa de passar humilhação,
Todo mundo precisa de respeito,
Não ser tratado de qualquer jeito,
E é bom que seja sempre assim, senão...

Reflexão

A gente era feliz e não sabia, E reclamava de barriga cheia, Um tipo feliz que achava que sofria, Uma cidade bonita que se achava feia, E a vida foi seguindo até o dia Em que a sombra, numa reação em cadeia, Foi sequestrando nossa alegria Como um veneno injetado em nossa veia... A gente era feliz, e agora tenta Reagir, porque ninguém mais aguenta, Respirar, pra tentar sobreviver, E quando um dia a sombra tiver passado, Vai ser preciso tomar muito cuidado: A sombra não sabe perder... Vai ser preciso a força dos gigantes Pra gente voltar a ser feliz como antes Sem ter motivos pra se arrepender...

6.9.19

Querido professor

Querido professor

Ao professor Hector Gomez Martinez 

Querido professor de alma serena,
De olhar atento e humano sobre a vida,
Recebe nosso abraço nesse poema,
Uma homenagem, ainda que pequena
Escrita de palavra agradecida,

Muito obrigado pelas lições diárias
Que sua metodologia nos ensina,
Alimentando nossas teses sedentárias 
Com novas conclusões extraordinárias 
De amor, calor e pura ocitocina.

Agradecemos, querido professor,
Por essa guinada da neonatologia,
Que passou a ver o colo como fonte de calor,
Tratar a mãe como um manancial de amor, 
E o leite materno como a grande garantia.

A sua história, a de um desbravador,
É o retrato fiel de um visionário 
Que não cedeu ao inquisidor,
Que não negociou com o impostor,
Que não esmoreceu, pelo contrário,

Desarmou resistências discordantes,
Trazendo luz aos clássicos tratados,
Tornando a vida melhor do que era antes,
Modificando o significado de gigantes,
E brindando a vida com novos significados.

Obrigado professor, por sua coerência,
Pela não cooperação com a coisa errada,
Desafiando com coragem e competência 
A incompetência engessada da ciência,
Que nunca mais foi a mesma,  envergonhada,

Por seu legado para a espécie humana,
Pela força incansável do seu coração,
Obrigado, professor, pela sua gana,
Pela  sua sabedoria soberana, 
E por nunca ter cedido na sua convicção,

Querido professor, iluminado,
Que se tornou nossa fonte de inspiração,
Professor Hector, nosso homenageado,
Professor Hector, muito obrigado
Por sua história de amor, nossa lição...

3.9.19

Medicina baseada no que tem

Se tem Dipirona faz, e se não tem
Dá um banho de água fria demorado,
Levanta o travesseiro, faz um bem
Se o oxigênio tiver terminado,

No corredor sempre cabe mais alguém
Quando o repouso já está lotado,
A tomo já marcou pro ano que vem
Quando ele não vai mais precisar ser operado,

É a medicina baseada no que tem:
Se tem bem, e se não tem, amém,
Não sai curado mas sai remendado,

É a medicina da terra brasilis:
Em vez de uma hillux uma rural willis,
É o país pobre cuidando do esfarrapado.

Campos, formosa

Campos, formosa, cidade iluminada,
Mas com sua saúde sucateada...
Tão sem dinheiro, tão dadivosa,
Acorda, minha cidade preguiçosa,
Formosa, mas que vai sendo tapeada

Cidade feita de luz e madrigais,
E de gente abarrotando seus hospitais
Oh, Paraíba, oh, mágica torrente,
Porque maltratam tanto a sua gente
E a cada dia uma maldade a mais?

Nada se iguala a seus dons e seus primores,
O que ainda falta é acordar os seus gestores
Pra que seus passos, como os de um rei do Oriente,
Não sejam os de um povo pobre e doente
Que agoniza em hospitais, nos corredores.

Campos, formosa, pérola querida,
Predileta do luar, acorda pra vida
Clama por sua gente, val de delicias,
Que espera ansiosa por boas notícias
Como quem espera uma felicidade prometida...