Marthinha aparece,
Não esquece da gente,
Eu sei que somos um grupo as vezes displicente,
Somos uma multiplicidade de pensamentos,
A incrível turma de mil e novecentos
E oitenta e três,
Falamos muitos assuntos, todos de uma vez,
Mas quando uma voz
Como a sua, amiguinha,
Fica escondidinha,
Sem dizer nada,
Faz uma falta danada,
Porque você é como chicabom:
É tudo de bom.
Por isso, fala alguma coisa
Pra gente saber
Como foi seu dia,
Como está sua filha,
Como estão seus netos,
Seus projetos,
Como está seu coração,
Fala de maconha,
De Chico,
De chikungunya,
Fala da cor do seu esmalte de unha,
Fala de amor,
Mas fala,
Porque quando você se cala,
O que todo o resto fala
Parece não dizer nada,
Você faz uma falta danada,
Você faz uma falta, danada,
Antenada,
Descolada,
Que adora uma pedalada,
E uma discussão bem temperada,
Fala,
Estala os dedos,
Diz dos seus medos,
Conta da solidão,
Fala do seu novo apartamento,
Desse fogão rabugento
Que só esquenta as panelas que ele quer,
As outras não,
Fala mulher,
A gente escuta,
Pode chamar Lula de filho da puta,
Bolsonaro de jumento bem intencionado,
Eu vou ler e vou gostar
Porque melhor que concordar
Ou discordar,
É aceitar
Você aqui do nosso lado.
Por isso esse poeminha improvisado.
Volta, Marthinha,
Sem você esse grupo parece abandonado,
Adoro você,
Adoramos você,
Tenta aparecer...
Marthinha,
Cadê você ?
Eu vim aqui só pra te ver...
Um beijo no seu coração