4.11.02

Testemunho

Eu nunca escrevi nenhuma poesia...
Não sou poeta e nunca fui, portanto...
Eu tento é amenizar minha agonia
E às vezes me esconder da chuva fria
No meu canto...

Jamais eu escrevi nenhum poema...
Não tenho o dom da escrita absoluta...
Mas quando o acre da vida me envenena
E o meu desequilibrio me condena
Somente a minha letra é quem me escuta...

Não sou portanto o ilustre literato...
Não faço versos como quem conhece...
Porém se o tempo é cruel e é insensato
E é rude e é insensível e é ingrato
Eu faço da poesia a minha prece...

Não sei fazer sonetos, redondilhas,
Não trago em mim a alma parnasiana...
A rima me defende de armadilhas
E o ritimo me aponta novas trilhas.
No verso é que eu me escapo do meu drama...

Por isso eu nunca rascunhei poesia...
Não sou poeta. Um náufrago somente.
Mas se a grandeza do mar me desafia
Com sua furia audaciosa e doentia
A minha letra me faz sobrevivente...

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