31.10.24

Cautela e cuidado

Já em casa. Feliz. Mas cheio de cuidados.
Nada de errado pode acontecer. 
Foram quase dez dias. Bem pesados.
A ordem do dia hoje é: reestabelecer. 

Alimentação e medicamentos, bons aliados.
Alertas ligados. Chega de sofrer. 
Bastante líquido. Alertas ligados. 
Cair também é uma forma de aprender. 

Já em casa. Feliz. E tem até poesia.
Não vai ser qualquer uma septicemia
Que vai me dar um susto e me tombar.

Não vai ser qualquer sepsis. Mas poderia,
Então cautela e cuidado como companhia,
São o elixir mais gostoso de tomar.

30.10.24

A poesia, sempre a poesia...

Aprisionado num leito hospitalar
Pelas amarras de uma internação,
Fico pensando estratégias de escapar,
E todas elas me respondem: não.

Inconformado, volto a tentar,
Quem sabe na próxima, coração?
Talvez na próxima, pois vale a pena arriscar,
Não nasci para viver numa prisão. 

E eis que a poesia, esse pássaro indomado,
Vem visitar meu pensamento aprisionado, 
E se oferece como opção,

E desde então, escrevendo poesia, 
Eu me concedo a minha própria carta de alforria,
E saio a passear pela amplidão.

A poesia, escrita libertária,
Me empresta sua liberdade imaginária,
A poesia, minha libertação.

29.10.24

Agradecimento a Equipe da UTI Geral da Unimed Campos

O caso é grave. Precisa ficar internado. 
Sepsis de origem renal. Eu me lembro ter ouvido. 
Cheguei aqui na UTI bastante debilitado,
Se não fossem vocês eu não teria conseguido. 

38.000 leucócitos. Que leucograma abusado.
E febre. E diarreia. E fraqueza. Eu estava quase perdido. 
Mas desde os seus iniciais gestos de cuidado 
Eu fui me sentindo novamente fortalecido.

Foi quando as bactérias foram desistindo, 
Os leucócitos foram, pouco a pouco, diminuindo, 
E eu fui me recuperando, graças a vocês,

A melhor Equipe de Saúde que já conheci na minha vida,
Equipe que encontrei numa hora tão estremecida,
E agora mora no meu coração de vez. 

20.10.24

O livro

O livro

O livro,
Como um roteiro,
Capaz de me fazer prender a respiração,
Cuidar até o fim,
Como trazer paz para a morte,
O livro como um oráculo,
O livro que se apresentou tão verdadeiro
Que acabou me parecendo uma revelação,
Cuja palavra foi me levando devagarinho
Para um lugar onde o medo habitava no meu coração,
O livro,
Como quem desvendava um segredo,
O livro,
Como quem ia me conduzindo pela mão,
E me fazendo perguntas,
E me oferecendo respostas,
E me mostrando muito além da simples explicação,
E bem mais que isso,
Confrontando meus pensamentos,
Desafiando minhas verdades,
Vasculhando minhas memórias,
E chamando por minha razão,
O livro,
Como um achado,
O livro como um chamado,
Como um degrau que eu ia subindo
Assustado, 
Mas definitivamente sem hesitação,
O livro,
Ressignificando meu passado,
E necessariamente o meu futuro,
Como se já estivesse estado sempre em minha mão,
O livro,
Que ao mesmo tempo ia me assustando, 
E me acalmando,
E abrindo os meus olhos,
E me fazendo pensar,
O livro bom que ia me desafiando,
Ao mesmo tempo que parecia me abraçar,
O livro, 
Como um presente precioso,
Como um perfume de essência rara de encontrar, 
O livro 
Que eu tenho agora junto comigo, 
Meu derradeiro guia de cuidar.

II

Cuidar até o fim. 
Não a palavra. Muito mais a ação. 
Como aquele que assume um compromisso:
Cuidar até o fim como única opção. 

Do nascimento à morte. 
E depois da morte, como se a morte não ocupasse a última posição, 
Cuidar até o fim. Cuidar a vida inteira. 
Fazendo desse cuidado uma missão. 

Cuidar da vida desde o primeiro dia,
A forma mais delicada de poesia, 
O jeito mais suave de dizer amar,

Cuidar da vida, como quem confia 
Na grande impermanência das coisas que nos guia,
Às vezes só é necessário esse cuidar...

12.10.24

A criança dentro de nós

Não fosse essa criança a gente não resistia, 
A gente não suportava com o que a gente se tornou, 
Nem ia aprender a sentir dor fazendo disso poesia,
Sem a criança que a gente sem perceber, continuou...

Se não fosse essa criança, quem a gente no dia a dia?
O adulto que tá cansado? O cansado que se estressou?
Será que sem essa criança a gente não desistia?
Será que tem sido isso que até aqui nos guardou?

Ah! Se não fosse ela, o que seria da gente?
Um bando de gente chata, sem poesia, descontente?
Um bando de gente precisando se tratar?

Por isso eu guardo comigo minha criança com carinho,  
E de mãos dadas com ela vou seguindo meu caminho, 
E é ela que me diz por onde eu devo passar. 

🌹

Dia da Criança

"Há um menino
Há um moleque 
Morando sempre no meu coração 
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão"
Milton Nascimento

Feliz dia pra essa criança que tem na gente,
Que canta pra gente e faz a gente cantar,
Que não dá muita corda pra dor que a gente sente,
E que de vez em quando chama a gente pra brincar,

Feliz dia pra essa criança insistente 
Que por algum motivo resolveu nos acompanhar,
E toda vez que a chuva lá fora faz enchente 
Ela resolve brincar de querer nadar,

Nos dias de perigo vai na frente,
Se é pra falar a verdade ela não mente,
Se tá chorando, ela se esconde pra ninguém a encontrar...

Feliz dia de hoje pra essa criança presente,
Que deixa a nossa vida inteira diferente, 
De um jeito que a gente não ousaria imaginar.

10.10.24

Feliz

De um jeito ou de outro sigo feliz minha jornada,
A consciência tranquila, o dever cumprido, 
A poesia é minha companheira nessa caminhada, 
Onde na nossa conversa tudo é permitido, 

E sigo feliz, embora às vezes a alma cansada, 
Às vezes o corpo cansado, e faz sentido, 
Então nessas horas chega o tempo da parada,
Pra retornar reabastecido.

De um jeito ou de outro, na maior parte das vezes sozinho, 
Vou seguindo feliz o meu caminho, 
Talvez por estar aprendendo a respirar,

Respirar dividindo, respirar escutando, 
Por isso às vezes, sem querer, me pego cantando, 
Talvez por isso seja feliz meu caminhar...

8.10.24

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana, 
São 20 anos de uma união fortalecida,
União delicada como a porcelana,
União surpreendente como a vida,

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana,
São a história de um amor sendo cumprida, 
O amor maior que cabe na alma humana, 
O amor maior, sem medo, sem medida...

As Bodas de Porcelana de Juliana e Pedro,
Coroam um grande enredo 
De uma história de amor linda demais,

Porque afinal são Bodas de uma vida inteira, 
Em que eles se amam assim, de uma maneira,
Como era para se amarem todos os casais.

1.10.24

O voto

Aproxima-se o dia das eleições municipais,
Os candidatos, nesse momento, em polvorosa,
Tentando conquistar um votinho a mais,
Ai, que novelinha mais preguiçosa,

É a reta final, valendo todo gás,
E qualquer voto é uma disputa preciosa,
É o torneio eleitoral do quem dá mais 
Na busca da conquista milagrosa,

Aproxima-se o dia, os ânimos esquentam,
Pouquissimos tem chances, muitos tentam,
Todos acusam todos, e se enaltecem,

E o eleitor, com a mesma cara de palhaço, 
Dá vontade de mandar todo mundo pro espaço,
Que é a única coisa que afinal muitos merecem.