1.5.24

Primeiro de maio (edição revisada)

Trabalhador, o primeiro a ser chamado,

E, da mesma maneira, o primeiro a ser esquecido,

Sempre o primeiro a ser encaminhado,

E estranhamente o último a ser reconhecido,

Sempre o primeiro, quando tudo dá errado,

A ser culpado e o primeiro a ser punido,

E a ter seu salário, que deveria ser sagrado,

Bloqueado, congelado ou reduzido,

Ou a ter o dia do seu pagamento reprogramado,

Constantemente adiado,

Como se isso fosse permitido,

Trabalhador,

O primeiro a ser listado,

Mas o último da lista a ser ouvido,

Porque o último a ser valorizado,

Embora nenhum mais comprometido,

O primeiro, quando o patrão está ameaçado,

A ser ameaçado ou despedido,

O primeiro a ficar desesperado

Enquanto o patrão segue em frente, garantido,

Trabalhador,

O primeiro a ser enganado,

O primeiro na conta a ser subtraído,

Sempre o primeiro a ser sacrificado,

Sempre o primeiro a ser substituído,

Como se fosse um pacote de mercado,

Mais um contrato que não precisa ser cumprido,

E quando a empresa tem seu lucro multiplicado,

É o primeiro no papel do ilustre desconhecido.

Primeiro de maio. Trabalhador comemorado,

Mas a essa altura, quase nenhum iludido,

Porque o que o trabalhador precisa é ser honrado,

E pra isso, ser respeitado, e ser ouvido,

E não de flores para ser homenageado,

E nem de churrascos para assim ser iludido,

Precisa é de um ambiente de trabalho bem cuidado,

E de um plano de cargos e salários reconhecido,

De um calendário de pagamento anunciado,

Com reajuste real e merecido,

Trabalhador precisa ser bem tratado,

Não é só servir bem, precisa ser bem servido,

Porque seu coração já está esgotado,

E não aguenta mais no seu ouvido

Promessas de patrão mal-intencionado,

Papinhos de político fingido,

Projetos de um futuro do passado

Sobre coisas que já deveriam ter acontecido,

Porque nas horas em que o desafio é apresentado,

E nessas horas são preciso um esforço desmedido,

O trabalhador é o primeiro a ser chamado,

O primeiro a ser escolhido,

O primeiro imediatamente a ser escalado,

Mas o último a ser verdadeiramente reconhecido.

Trabalhador, trabalhador, muito obrigado,

Trabalhador valente e destemido,

A luta é ir em frente, mas a vitória é lado a lado,

E a consciência é a do dever cumprido.

Ainda que o coração siga apertado,

O peito avança, orgulhoso e envaidecido,

Por isso esse poema emocionado,

Por isso esse poema agradecido,

Só pra lembrar, em versos,

Que trabalhador unido, como está afirmado,

Jamais e em tempo nenhum será vencido.

2 comentários:

Eduardo Medeiros disse...

Olá, tudo bem?
Olha, bela homenagem ao trabalhador em seu dia. O trabalho que tudo mais na sociedade, evolui. As condições do trabalhador já foram bem piores do que podem ser hoje. O trabalhador ganhou muitos direitos e proteção em muitos países. Em outros, mais liberais mas com economia forte, o trabalhador mesmo sem muitos direitos, possui o direito maior: uma economia que cresce e oferece muitas vagas de emprego. O maior direito do trabalhador e não ficar eternamente desempregado. Mas o teu poema toca em questões que infelizmente ainda se fazem presente em nossa sociedade, principalmente aqui no nosso Brasil, onde a elite está dissociada do resto da sociedade.

você é um grande poeta, abraços.

Anônimo disse...

Que lindo, meu amigo!
Antonio Martins