24.5.24

Poeminha da sexta-feira

E a sexta-feira novamente me chamando,
Achando que eu não tenho nada pra fazer, 
Pensa que eu vivo vagabundeando,
Oh, minha sexta, não é por falta de querer,

Mal amanhece o dia, você fica me atentando: 
Sextou, sextou, bebê, vamos beber,
E passa o dia todo me provocando, 
Todas as sextas, até me convencer, 

Mas eu trabalho, minha abençoada, 
E o trabalho é uma condição privilegiada,
Quem sabe um dia você possa me entender, 

Sextou, sextou, mas estou trabalhando, 
E como dizia o Chico, a gente vai levando, 
Feliz, e deixa a vida acontecer.

12.5.24

Irmãos do Sul


Irmãos do sul, vocês não estão sozinhos,

Embora a gente não esteja ai do seu lado,
A distância também pode ser medida pelo carinho,
É assim que um estado se torna irmão de um outro estado,

Irmãos, sabemos ser muito sofrido o seu caminho,
Mas muito grande também a sua força, está provado,
A vida com certeza vai voltar, devagarinho,
A ser do jeito como ela era no passado,

Irmãos do sul, coragem nessa hora,
Às vezes o mau tempo vem, às  vezes demora,
Mas nunca dura por toda uma eternidade,

Estaremos por perto, irmãos, prontos e ao seu lado,
Ninguém abandona ninguém até tudo ter passado,
Isso é amor, mas pode chamar de solidariedade.

Para as mães do mundo


Para as mães do mundo, meu coração,

Que vai aqui em forma de poesia,
Por tantas vezes que seu colo, que a sua mão,
Por tantas vezes que a sua companhia,

Para as mães do mundo, minha emoção,
Para as mães do mundo, minha alegria,
Por eu ter convivido com a sua compaixão,
E com a sua dor que, por maior que fosse, nunca as destruía,

Para mães do mundo, hoje de joelhos,
Para escutar seus alertas, seus conselhos,
Esses pedaços de sua sabedoria,

Para as mães do mundo, o melhor da minha vida,
Porque o amor de mãe é a única saída,
A luz capaz de sustentar a luz do dia...


10.5.24

Feliz aniversário, Isabel

Não é a toa que tem nome de princesinha,
Não é a toa que mora em meu coração,
Não é a toa que desde pequenininha
Já se mostrava um gigante em construção,

Ter ela sempre por perto: sorte minha,
Isabel sorrindo não tem explicação,
Coisa mais linda da vida, essa minha sobrinha,
E ainda por cima faz doces que ninguém mais faz não,

Deus quando criou Isabel pensou assim:
"Vai ser a flor mais linda do jardim"
Mas não precisava ser tanto, Isabelzinha:

Boa mãe, boa esposa, boa filha,
Até no sonetinho você é uma maravilha,
Feliz aniversário, curuminha.

4.5.24

Rio Grande do Sul

O Rio Grande parece tão pequeno,
Tão grande a dor e a tristeza que o consome,
Que tempo amargo. Que gosto de veneno.
Que sofrimento tanto que é sem nome,

Tanta gente perdendo tudo e se perdendo,
Passando solidão, passando fome,
Como se fosse um espetáculo obsceno,
A natureza apavorando o homem,

Levando vidas embora dessa vida,
Varrendo casas e ruas e avenidas,
Arruinando o gado e a plantação,

Que Deus permita que um dia o Rio Grande
Possa se reerguer como um gigante,
De tanto amor que traz no coração.

1.5.24

Primeiro de maio (edição revisada)

Trabalhador, o primeiro a ser chamado,

E, da mesma maneira, o primeiro a ser esquecido,

Sempre o primeiro a ser encaminhado,

E estranhamente o último a ser reconhecido,

Sempre o primeiro, quando tudo dá errado,

A ser culpado e o primeiro a ser punido,

E a ter seu salário, que deveria ser sagrado,

Bloqueado, congelado ou reduzido,

Ou a ter o dia do seu pagamento reprogramado,

Constantemente adiado,

Como se isso fosse permitido,

Trabalhador,

O primeiro a ser listado,

Mas o último da lista a ser ouvido,

Porque o último a ser valorizado,

Embora nenhum mais comprometido,

O primeiro, quando o patrão está ameaçado,

A ser ameaçado ou despedido,

O primeiro a ficar desesperado

Enquanto o patrão segue em frente, garantido,

Trabalhador,

O primeiro a ser enganado,

O primeiro na conta a ser subtraído,

Sempre o primeiro a ser sacrificado,

Sempre o primeiro a ser substituído,

Como se fosse um pacote de mercado,

Mais um contrato que não precisa ser cumprido,

E quando a empresa tem seu lucro multiplicado,

É o primeiro no papel do ilustre desconhecido.

Primeiro de maio. Trabalhador comemorado,

Mas a essa altura, quase nenhum iludido,

Porque o que o trabalhador precisa é ser honrado,

E pra isso, ser respeitado, e ser ouvido,

E não de flores para ser homenageado,

E nem de churrascos para assim ser iludido,

Precisa é de um ambiente de trabalho bem cuidado,

E de um plano de cargos e salários reconhecido,

De um calendário de pagamento anunciado,

Com reajuste real e merecido,

Trabalhador precisa ser bem tratado,

Não é só servir bem, precisa ser bem servido,

Porque seu coração já está esgotado,

E não aguenta mais no seu ouvido

Promessas de patrão mal-intencionado,

Papinhos de político fingido,

Projetos de um futuro do passado

Sobre coisas que já deveriam ter acontecido,

Porque nas horas em que o desafio é apresentado,

E nessas horas são preciso um esforço desmedido,

O trabalhador é o primeiro a ser chamado,

O primeiro a ser escolhido,

O primeiro imediatamente a ser escalado,

Mas o último a ser verdadeiramente reconhecido.

Trabalhador, trabalhador, muito obrigado,

Trabalhador valente e destemido,

A luta é ir em frente, mas a vitória é lado a lado,

E a consciência é a do dever cumprido.

Ainda que o coração siga apertado,

O peito avança, orgulhoso e envaidecido,

Por isso esse poema emocionado,

Por isso esse poema agradecido,

Só pra lembrar, em versos,

Que trabalhador unido, como está afirmado,

Jamais e em tempo nenhum será vencido.