14.7.22

A poesia e a dor

A dor, quando acompanhada da poesia, 
Não faz doer menos o coração, 
A poesia não estanca uma sangria,
A poesia mal cura um arranhão, 

Por isso a dor, em sua companhia, 
Continua doendo, como uma inflamação 
Que faz parecer que a alma se esvazia,
E o mundo inteiro vai perdendo o chão 

Mas a poesia quando abraça a dor
É como um sopro que disfarça a cor
Dos dias mais cinzentos e sombrios

A poesia é como um caldo quente
Da palavra que nos quer sobreviventes 
Principalmente nesses dias frios

11.7.22

Poesia pra depois de um plantão

Depois de um plantão, uma leitura,
Alguma poesia pra relaxar,
A rima descontrai a musculatura.
Melhor remédio. Pode tentar.

E nem precisa de ter grande cultura,
Academia nessas horas pode até atrapalhar. 
É melhor aquela poesia pura
Que desde criança você aprendeu a gostar.

Então depois de um plantão uma rima
É mais eficiente que a penicilina,
É mais curativa que um emplastro,

E mesmo que seja poesia improvisada,
Você sente sua alma medicada,
E livre pra voar em campo vasto.

A palavra

Quando a palavra se transforma em poesia,
Ela se veste da capacidade de encantar,
É como o sol quando chega o meio dia,
É como o raio prateado do luar,

Porque a palavra poematizada se recria,
Criando uma nova palavra em seu lugar, 
Que nasce livre como a vida que a espia
Através dos significados que ela usar,

Então a palavra, quando transformada
Em poesia, é alma reencarnada,
A mesma palavra morando em outra vida,

Por isso não tente traduzir poesia, 
Palavra escrita em outra sintonia,
Tentando a própria porta de saída.