A dor, quando acompanhada da poesia,
Não faz doer menos o coração,
A poesia não estanca uma sangria,
A poesia mal cura um arranhão,
Por isso a dor, em sua companhia,
Continua doendo, como uma inflamação
Que faz parecer que a alma se esvazia,
E o mundo inteiro vai perdendo o chão
Mas a poesia quando abraça a dor
É como um sopro que disfarça a cor
Dos dias mais cinzentos e sombrios
A poesia é como um caldo quente
Da palavra que nos quer sobreviventes
Principalmente nesses dias frios