29.8.20
O Rio de Janeiro
26.8.20
Espero
24.8.20
Desafinado
Tentando o acompanhamento da canção...
A vida, com seus acordes dissonantes,
Percebe minhas cordas discordantes,
E às vezes me chama atenção:
_Acerta a sexta corda, a quinta, a quarta!
_Um pouco mais de sol! _Não, assim não!
E eu sigo, distraído, procurando
Seguir as pistas que a vida vai me dando,
Sem pressa, como quem dita a lição,
E tento um dó menor, quase consigo,
Não fosse essa terrível desconcentração,
Aperto as cordas, afrouxo, desafino,
E sigo tentando assim, desde menino,
Sem desistência e sem reclamação,
Meu coração, desafinado, leve,
Tentando um samba, como o de João,
Segue apertando e afrouxando, corda a corda,
Às vezes dorme, outras vezes acorda,
E só poucas vezes consegue, rara inspiração,
Meu coração, esse violão desafinado,
Já sabe o ritmo, o toque, a marcação,
Mas se distrai quando não deveria...
Ainda bem que existe a poesia...
Ainda bem que existe o perdão...
22.8.20
Poesia
16.8.20
Escrevo
Como um recurso contra a depressão,
Como um motivo que não precisa de motivo,
Como quem erra e não precisa de perdão,
Como quem sonha com a página de um livro,
Como quem pula da página pra canção,
Como quem depois do fim, segue o caminho, vivo,
Depois da festa, cadeado no portão,
Como quem olha, como quem espera,
Como quem nega, como quem pondera,
Como quem não sabe como continuar
O verso que acabou de ser escrito,
Como quem voa do zero ao infinito
Sem precisar sair do seu lugar...