13.2.04

A Minha Cidade
Escrito em um Cyber Cafe de Buenos Aires durante a visita a uma foto da minha cidade postada hoje em http://www.fotolog.net/cityflashes

A minha cidade parece cansada...
Parece que se cai, desiludia...
Resiste, mas parece abandonada...
Parece morta, mas ainda tem vida...

A minha cidade parece esvaziada...
Parece uma cidadela perdida...
Nao morre, mas parece anemiada...
E dorme, feito a Bela Adormecida...

7.2.04

Comentário

A poesia não serve prá nada,
Pataca pouca de qualquer valor...
Mas dizem que seu Reino é em Passárgada
E que seu coração é um trovador...
Há coisas que a gente só vê por aqui.
Ou
Há uma balança escondida dentro do banheiro do consultório de pediatria do HGG.


Já vi champanhe saindo do chuveiro,
Chover o ano inteiro no sertão,
Já vi comendador virar padeiro,
Soldado raso virar capitão,
Vi lanterninha chegar primeiro,
Muito reserva golear timão,
Mas esconder balança no banheiro
Eu juro, eu nunca tinha visto não...

Já vi até perfume perder cheiro,
Já vi bicheiro dentro da prisão,
Muito político distribuir dinheiro,
Muito pastor vendendo salvação,
Vi muito bom aluno baderneiro,
Muito inventor vender sua invenção,
Mas esconder balança no banheiro
Eu juro, eu nunca tinha visto não...

Já vi bastante amigo interesseiro,
Muito dinheiro virar tostão,
Já vi chutinho enganar goleiro,
Muito atrilheiro chutar o chão,
Incendiário vestido de bombeiro
E muito pit-bull lamber sabão...
Mas esconder balança no banheiro
Eu juro, eu nunca tinha visto não...

Paulista tirar sarro de Mineiro,
Baiano fazer pose de machão,
Gaúcho andar no Rio de Janeiro
Com sua bombacha e bebendo chimarrão,
Machão virar dondoca em fevereiro
E Marinheiro virando a mão,
Mas esconder balança no banheiro
Eu juro, eu nunca tinha visto não...

Eu já vi Bush ao sol de Varadero,
Fidel bebendo Coca no Japão,
Sadam Houssaim saindo de um bueiro,
Bin Laden pilotando um avião,
Eu já vi Jackson tocar pandeiro,
Bill Gates inventar um programão,
Mas esconder balança no banheiro
Eu juro, eu nunca tinha visto não...

6.2.04

Tá errado

Manifesto contra a obrigatoriedade do relógio de ponto para os médicos da Emergencia do Hospital de Guarus.

Eu não aceito. Isso é um boi na pista.
Eu vou marcar porque não sou lesado.
Mas vigiar ponto de socorrista
Tá errado, ta errado, ta errado...

Eu nunca fui contra a obediencia
E isso não me faz um desmiolado,
Mas marcar ponto estando na Emergencia
Tá errado, tá errado, tá errado...

Ordens são ordens. Se estabelecidas
Têm mais que se fazerem obedecidas,
E desobedece-las é pecado...

Eu obedeço. Não sou leviano.
Mas o relógio de ponto é desumano.
E tá errado, tá errado, tá errado...

5.2.04

Essencial

A poesia não serve prá nada...
Não tem nenhum valor a poesia...
Mas dizem que lutou na Nicarágua
E derrubou um Rei na Alexandria...

Puro capricho. Palavra aguada.
Coisa miuda de pouco valor.
Mas eu ouvi da boca de uma escrava:
Foi o poema quem me libertou...

A poesia: jogo de palavra,
Brinquedo bom com que Drummond brincava.
Mais quase nada. Pura alegoria.

Mas dizem que Bandeira embelezou-a,
Ouvi alguns chamando-a de Pessoa...
Ah... Eu não sei viver sem poesia...

4.2.04

A poesia não serve prá nada

A poesia não serve prá nada.
Não tem nenhum valor a poesia.
É feito gnomo, gelfo, duende... É feito fada...
Coisa do mundo da fantasia.

A poesia não serve prá nada.
É só palavra formando rima.
É coisa de garota apaixonada.
Rabisco de caderno de menina...

A poesia não serve prá nada.
Só prá namorada, madrugada,
Lua, criança, distração, mania...

A poesia não serve pra nada...
É feito folha desidratada...
Mas eu não sei viver sem poesia...
Seguindo a vida

Eu não sei porque voce foi embora...
Porque partiu assim da minha vida...
Fez como alguem quando joga fora
O pouco resto da maçã mordida...

Eu não sei porque voce foi um dia...
Porque não quis ficar com meu carinho...
Porque deixou minha companhia...
Me desprezou no meio do caminho...

Tanta entrega deixou voce cansada?
Não sei... Voce não disse nada...
Seguiu seu rumo como bem quis...

Não sei porque, mas voce foi embora...
Desde então sou quem epera a hora
Que é de reaprender a ser feliz...

1.2.04

A Segunda Vez que eu Vi um Anjo
Para Beta
www.fotolog.net/botan


A segunda vez que eu vi um anjo
Eu não sabia: era real ou sonho...
Tinha os cabelos avermelhados...
Tinha um olhar, eu percebi, tristonho...

A segunda vez que eu vi um anjo
Eu nem acreditei: ela existia...
Tinha um olhar delicado... Um jeito manso...
Parecia poesia...

A segunda vez... E eu nem imaginava
Que anjo agora fotologava
Fazendo poses cheias de charminho...

A segunda vez... E eu quase me assustei...
Foi heresia, mas eu pensei:
Eita, pedaço de mal caminho...

Para Beta com carinho.
A Primeira vez que eu vi um anjo é o nome de um poema que dediquei a meu irmão em www.quasepoesia.blogspot.com