13.8.02

A Muralha

I
Era uma construção rochosa, fria,
Um obstáculo à luz do dia.
Inalcançável. Imensa. Inatingível.
Era de uma grandeza incomparável
E de uma complexidade incompreensível.
Era uma construção rochosa, imensa,
Escura, impressionante, enorme, densa,
Assustadora construção rochosa,
Estupida, complexa, pavorosa,
Incompreensivel em sua soberania...
Um obstáculo à luz do dia...

II
A força bruta esmerou-se em derrubá-la
A golpes de ferro, impactos de bala,
A violentos tiros de canhão...
Tentou, a força bruta, sem perdão,
Sem culpa, a força bruta, sem sossêgo,
Sem falha, sem porém, sem dó, sem medo...
A força bruta esmerou-se, sem sucesso...
A imensidão sombria não se abala...
E toda força bruta do Universo
Não foi capaz de vencer A Muralha...

III
E os Poderosos, e os Prepotentes,
E os Chanceleres, e os Presidentes,
E os Principes, e os Reis e os Marechais,
E os Arcebispos, e os Almirantes,
E os Sheiks, e os Xás, e os Comandantes,
E os Prefeitos, e os Generais,
E os Imortais, e os representantes
Dos militares da Alta Patente
Uniram-se em Tribunas Permanentes
E após as preleções mais estridentes
Mostraram-se improváveis, impotentes...
Nenhum poder no mundo foi capaz
De destruir A Muralha. Impressionante.
Um obstáculo à Luz. Desconcertante.
Um obstáculo à Paz.

IV
Nem toda pedra. Todo brilhante,
Toda fortuna, toda riqueza,
Toda Esmeralda, todo Diamante,
Todo dinheiro da natureza,

Tampouco toda gema do garimpo
Ou todo Ouro de Midas,
Ou nem toda riqueza que há no Olimpo
Ou jóias que há nas Arcas escondidas,

Nenhum anel de brilhante...
Nenhum valor mostrou-se suficiente
Para vencer A Muralha

Absoluta, desconcertante,
Permanecia completamente
Intacta, compacta e sem falha...

V
Passava noite,
Passava dia
E A Muralha permanecia...
A Luz do Sol não passava...
O amanhecer não nascia...
Passava noite cinzenta,
Passava nuvem sombria,
E A Muralha,
Feito uma praga quando se espalha,
Sobrevivia...

VI
Foi quando o Amor tocou, suavemente,
A Muralha imponente
De grandiosidade impressionante...
Nesse instante,
Subitamente,
A Muralha cedeu completamente,
E como quem se acaba simplesmente
Ou como quem se vai e vai distante
A Muralha gigante
Estúpida, complexa, impressionante
Quedou-se ao toque suave e transparente
Do amor silente...
E feito um Novo Tempo quando se inicia,
Daquele instante em diante não havia
Obstáculo nenhum à Luz do Dia...




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