15.11.25

A rima

Lá vem a rima, amiga disfarçada,
Criando um poema para me animar, 
Porque ela sabe que a palavra rimada
Traz uma energia boa de cantar,

Então ela vem como quem não quer nada,
Nesse sábado de manhã para me deixar
Mais alegre. Ah, rima, sua danada,
Já está funcionando, pode continuar,

E ela continua, cria outro verso,
Eu acho que a rima habita o universo,
Por isso ela cabe em qualquer lugar,

Por isso ela chega disfarçada e cria
Para minha alegria, uma poesia, 
E depois vai embora, sem eu notar...

9.11.25

A saudade

A saudade é assim mesmo: não  anuncia
O instante em que vai tanger o coração,
Simplesmente o toca, com sua mão leve e macia,
Fazendo a gente prender a respiração,

Saudade. E o coração em correria,
Gasta seu tempo tentando em vão
Respirar mais lento, mas a saudade não alivia:
Ela às vezes é assim mesmo, como um tufão,

E o coração, atônito de saudade,
Vai respirando cada vez com mais dificuldade, 
Até que a saudade o abraça, carinhosamente,

E ainda que com saudade, nessa hora,
O coração se acalma, dá um sorriso e chora,
Porque a saudade aquece o coração da gente...

7.11.25

A poesia

Uma palavra despretensiosa 
Encontra outra pelo caminho,
As duas iniciam uma prosa,
Qualquer assunto, um encontro levezinho,

Até que surge uma rima, a preguiçosa,
Deixando esse momento mals arrumadinho,
E surge dai a poesia, esplendorosa,
Gostosa, como um pãozinho quentinho,

Mas ninguém sabe explicar como é que isso acontece,
De onde o poema aparece
Quando no início tudo era só uma palavra,

Porque é inútil tentar desvendar a poesia, 
Poesia é palavra boa, e uma vez plantada, procria,
Palavra boa que, procriada, destrava.

4.11.25

O rio paraiba

O rio paraiba,  bem ao meu lado,
Sem nenhuma pressa,  só pra me lembrar
Que não vale a pena caminhar muito apressado,
Sem pressa nenhuma, o rio é capaz de chegar,

Então, nos dias em que o coração muito afobado,
Quase se esquece de respirar,
Eu olho para o rio paraiba ali do lado,
E noto que nada é capaz de o apressar,

E o rio continua, nunca atrasado,
E porque não se apressa, nunca adiantado,
Mas exatamente no seu tempo de passar,

O rio paraiba e seu legado,
Mostrando para mim o tempo como aliado,
Bastando apenas a gente saber aproveitar.


1.11.25

Saudade

Agora é saudade em nosso coração,
Um sentimento que a gente não sabe explicar,
Vem de um sorriso, uma conversa, uma canção, 
Uma palavra que faz a gente chorar, 

É como se morrer não fosse a conclusão,
Como se a vida insistisse em continuar, 
Às vezes até mais forte, mas em outra dimensão,
E agora é saudade o que a gente consegue falar, 

Mas uma saudade cheia de vida,
Como se fosse uma língua traduzida,
Ainda que com o mesmo significado, 

Então, quando a saudade bate em nosso peito,
É vida traduzida do seu jeito, 
Nesse vocabulário mais bem elaborado.

31.10.25

O Dia Nacional da Poesia

Hoje é o Dia Nacional da Poesia,
Nasceu para o mundo Carlos Drummond de Andrade,
E o mundo nunca mais foi o mesmo depois desse dia,
De Itabira para o mundo, sem vaidade,

E o mundo inteiro em boa companhia, 
Porque poesia é palavra em liberdade,
31 de outubro. Hoje é o dia. 
Itabira de presente para a humanidade. 

E celebrar esse dia com Drummond,
É como um sonho bom,
Porque Drummond é música para os ouvidos, 

Um Dia Nacional nascido em Minas, 
Para ser degustado com rimas ou sem rimas,
"Tudo mais, em verdade, são ruídos".

29.10.25

Rio de Janeiro

Meu Rio de Janeiro metralhado,
Uma ferida que não para de sangrar,
Meu São Sebastião despedaçado
Por uma guerra estúpida no ar, 

Um pedaço do Rio de Janeiro assassinado,
Corpos jogados pra quem quiser olhar,
E um governador desgovernado,
Meu Rio de Janeiro sem respirar, 

Foi como se a matança generalizada 
Fosse fazer com que a coisa toda errada
Tomasse um outro rumo ou direção...

Meu Rio de Janeiro fuzilado,
Meu Rio de Janeiro ensanguentado,
Olhai por nós, meu São Sebastião.