12.10.24

A criança dentro de nós

Não fosse essa criança a gente não resistia, 
A gente não suportava com o que a gente se tornou, 
Nem ia aprender a sentir dor fazendo disso poesia,
Sem a criança que a gente sem perceber, continuou...

Se não fosse essa criança, quem a gente no dia a dia?
O adulto que tá cansado? O cansado que se estressou?
Será que sem essa criança a gente não desistia?
Será que tem sido isso que até aqui nos guardou?

Ah! Se não fosse ela, o que seria da gente?
Um bando de gente chata, sem poesia, descontente?
Um bando de gente precisando se tratar?

Por isso eu guardo comigo minha criança com carinho,  
E de mãos dadas com ela vou seguindo meu caminho, 
E é ela que me diz por onde eu devo passar. 

🌹

Dia da Criança

"Há um menino
Há um moleque 
Morando sempre no meu coração 
Toda vez que o adulto balança ele vem pra me dar a mão"
Milton Nascimento

Feliz dia pra essa criança que tem na gente,
Que canta pra gente e faz a gente cantar,
Que não dá muita corda pra dor que a gente sente,
E que de vez em quando chama a gente pra brincar,

Feliz dia pra essa criança insistente 
Que por algum motivo resolveu nos acompanhar,
E toda vez que a chuva lá fora faz enchente 
Ela resolve brincar de querer nadar,

Nos dias de perigo vai na frente,
Se é pra falar a verdade ela não mente,
Se tá chorando, ela se esconde pra ninguém a encontrar...

Feliz dia de hoje pra essa criança presente,
Que deixa a nossa vida inteira diferente, 
De um jeito que a gente não ousaria imaginar.

10.10.24

Feliz

De um jeito ou de outro sigo feliz minha jornada,
A consciência tranquila, o dever cumprido, 
A poesia é minha companheira nessa caminhada, 
Onde na nossa conversa tudo é permitido, 

E sigo feliz, embora às vezes a alma cansada, 
Às vezes o corpo cansado, e faz sentido, 
Então nessas horas chega o tempo da parada,
Pra retornar reabastecido.

De um jeito ou de outro, na maior parte das vezes sozinho, 
Vou seguindo feliz o meu caminho, 
Talvez por estar aprendendo a respirar,

Respirar dividindo, respirar escutando, 
Por isso às vezes, sem querer, me pego cantando, 
Talvez por isso seja feliz meu caminhar...

8.10.24

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana, 
São 20 anos de uma união fortalecida,
União delicada como a porcelana,
União surpreendente como a vida,

As Bodas de Porcelana de Pedro e Juliana,
São a história de um amor sendo cumprida, 
O amor maior que cabe na alma humana, 
O amor maior, sem medo, sem medida...

As Bodas de Porcelana de Juliana e Pedro,
Coroam um grande enredo 
De uma história de amor linda demais,

Porque afinal são Bodas de uma vida inteira, 
Em que eles se amam assim, de uma maneira,
Como era para se amarem todos os casais.

1.10.24

O voto

Aproxima-se o dia das eleições municipais,
Os candidatos, nesse momento, em polvorosa,
Tentando conquistar um votinho a mais,
Ai, que novelinha mais preguiçosa,

É a reta final, valendo todo gás,
E qualquer voto é uma disputa preciosa,
É o torneio eleitoral do quem dá mais 
Na busca da conquista milagrosa,

Aproxima-se o dia, os ânimos esquentam,
Pouquissimos tem chances, muitos tentam,
Todos acusam todos, e se enaltecem,

E o eleitor, com a mesma cara de palhaço, 
Dá vontade de mandar todo mundo pro espaço,
Que é a única coisa que afinal muitos merecem.

21.9.24

A primavera

A primavera silenciosamente se aproxima,
O inverno já fez o que veio pra fazer,
Chegou o tempo novo, o tempo da prima,
Alguma coisa por acontecer, 

Alvissareira, trazendo nova rima
Para o poema que já quer nascer, 
A primavera, como a luz que descortina 
Um novo e esperançoso amanhecer. 

Aproxima-se, sem volta, a primavera, 
A materialização de uma quimera,
Uma nova possibilidade para o coração, 

Aproxima-se a primavera delicadamente, 
Como quem traz um presente,
Como quem traz uma revelação...


17.9.24

O poema inacabado

Eu sempre quis fazer um poema inacabado,
Mas nunca soube por onde começar,
Por qual verso nunca dantes terminado,
Eu sempre quis escrever sem terminar,

Confesso que desde então tenho tentado,
Mas pobre de mim, porque não basta tentar,
É preciso escrever um verso desfalcado,
Um soneto impossível de se completar,

Mas a poesia nessas horas me ignora, 
Observa meu soneto lá de fora,
E vai me entregando palavras de improviso, 

E o poema inacabado que eu buscava,
Vai se escondendo, encabulado, na palavra,
Até ir-se embora, sem deixar aviso...

15.9.24

Meu violão

Meu violão, toda vez quando o silêncio 
Vem apertar o meu coração, 
Torna-se minha minha voz, 
Diz tudo que eu quero, 
Para isso basta eu dedilhar uma canção,

E toda raiva, todo medo, toda alegria,
Vai escorrendo através da minha mão,
Que toca as suas cordas, 
Que então vibram
Numa frequência sem tradução,

E o som que o bojo do violão ecoa,
É a minha voz em outra dimensão, 
Quem olha, pensa que eu estou tocando Chico, 
Quem olha, pensa que eu estou tocando João,

Mas meu violão, toda vez quando o silêncio 
Vem apertar o meu coração, 
Me empresta acordes,
E abraça meu silêncio, 
Fala por mim o meu violão...