30.1.23

Chico Buarque de Hollanda

Nasceu com a alma banhada em poesia 
E com alguns acordes dissonantes no coração,
Aprendeu desde cedo a enfrentar a tirania,
E a usar a sua música pra lutar contra a opressão,

E fez também as melhores canções de amor que a gente ouvia
Enquanto o mundo se devorava em discriminação,
Nasceu carioca, da gema, um belo dia,
Mas virou cidadão do mundo por opção, 

Sempre soube dosar elegância com firmeza,
Nunca escreveu um verso sem sentido,
Nunca exagerou uma nota da canção,

Poeta maior da música brasileira,
Vai ser assim pela eternidade inteira,
Que tal um samba como condecoração?

28.1.23

Para Ana Michelle no sétimo dia de sua partida

E no sétimo dia, já livre de sua dor,
Já podia mergulhar na eternidade, 
Provar da vida, degustando seu sabor,
De uma outra forma de realidade,

No sétimo dia, já livre do monitor, 
Ela mesma monitorava sua liberdade, 
Não havia mais febre naquele seu calor,
Ela era amor, e seu nome era felicidade, 

E naquele sétimo dia ela dançou,
De um jeitinho que ninguém jamais imaginou,
A dança mais bonita da cidade,

Porque naquele sétimo dia ela voou,
Voou como o anjo em que ela se tornou,
Um anjo de luz na sua simplicidade...

21.1.23

Os povos originários

Deus proteja os povos originários dessa terra 
De toda desassistencia e mal que tem sofrido, 
Que lhes seja devolvida a terra e a dignidade, 
E a vida volte a viver em sua diversidade,
Do modo como era pra sempre ter sido,

Que Deus proteja os povos originários dessa terra
De toda usura e de toda perseguição, 
Que seja recontada a sua história, 
Recuperada para os povos futuros sua memória, 
Redescoberta sua tradição,

Que Deus proteja os povos originários dessa terra, 
Donos dessas matas, desses rios, e desse chão,
Que permita a sua cultura uma vez preservada 
Possa mudar nossa história, hoje manchada 
De covardia, extermínio e opressão,

Que Deus proteja os povos originários dessa terra, 
Que Deus aceite nosso pedido de perdão,
Que possa haver um Brasil se refazendo,
E se aceitando e se protegendo,
E se reconstruindo como nação...

20.1.23

Sebastião Clóvis Tavares

O menino vai se chamar Sebastião,
Vai ter um coração diferenciado, 
O olhar, com poesia e compaixão,
A voz, com um timbre especialmente afinado,

Capaz de  tocar tanto uma multidão 
Quanto um filho ou a esposa do seu lado
Sebastião Clovis, será como um clarão,
Ou como um poema enquanto é declamado,

Vai dividir com os seus a sua vida,
Por isso não conhecerá a despedida,
E doar-se em vida para ele será coisa natural,

Chegará ao mundo no dia 20 de janeiro,
E em seu coração caberá o mundo inteiro,
Porque terá a "coragem de saber que é imortal".

Viva o 20 de janeiro de 1915
Viva o professor Sebastião Clovis Tavares.

17.1.23

Poeminha pra AnaMi

A gente gosta muito de você,
Porque você sabe pegar pela nossa mão,
E dizer coisas de uma forma de dizer
Que não permitem contestação, 

Ao invés disso, fazem a gente aprender
O que já era pra gente saber, mas ainda não...
E lendo você, fica mais fácil entender 
Que a gente pode participar da sua revolução,

Por isso a gente gosta muito de você,
Porque você deixa a gente compreender 
Que viver a verdade jamais é viver em vão,

A gente gosta muito de você,
Sem nenhum motivo pra se arrepender, 
Você mora dentro do nosso coração.

15.1.23

Bom domingo

Um bom domingo, cheio de alegrias,
E coisas boas, fáceis de fazer,
Dessas que a gente faz todos os dias,
E fica feliz, mesmo sem perceber,

De uma felicidade que se cria,
E que se multiplica sem querer,
Um domingo assim, lindo como a Bahia,
O resto é só deixar acontecer,

Não dê ouvidos pra quem não te quer bem.
O mal-me-quer não faz bem a ninguém,
Além daquele que o traz no coração,

Então se inspira, respira, e vê se não pira,
E viva o mundo em que você se inspira,
E esse bom domingo não vai ter expiração...

7.1.23

Para AnaMi

Ana que vem de luz. De paz. De um lugar de onde os anjos vem.
De resistência. De autonomia. De liberdade de opinião.
Ana que vem da força imensa que está nas gentes de bem.
Ana que vem da palavra capaz de arrebatar uma multidão.

Ao mesmo tempo que consegue enxergar mais longe do que ninguém,
E conta o que vê com delicadeza e exatidão,
E diz o que é preciso mudar para seguir além,
Ana que vem da luz e faz a revolução,

Por isso nunca mais nada será o mesmo depois de Ana,
A blogueirinha do final do corredor à paisana,
Tão gigante que nem precisava ser tão maravilhosa assim,

Mas é, e será sempre, porque tornou-se imortal 
Uma vez que decidiu viver para além do bem e do mal,
E pessoinhas assim como Ana são mitos que não tem fim...






Sábado

O sábado amanheceu encabulado,
Nublado, chuvas querendo cair,
E o sábado assim, calmo e nublado,
Me fez lembrar um poeminha pra AnaMi,

Que às vezes para mim é como um sábado
Cercado de chuvas que não se tem como impedir, 
E por trás delas, poemas, um bocado,
E vida, e um sentido de existir...

O sábado amanheceu ensimesmado,
Mas me lembrei de AnaMi e de seu legado,
E o sábado nublado me fez sentir um gigante,

Por tudo que o céu nublado traz guardado, 
Por tudo que a AnaMi tem nos ensinado
Com sua poesia de vida impressionante.

Querida AnaMi,
Amamos você de todo coração.

6.1.23

Ana Michelle

Ana Michelle, mas que poderia se chamar um amor absurdo, 
Desses capazes de contagiar toda uma geração, 
Um amor de superar a própria dor, amor como adubo,
Que soube se multiplicar em profusão, 

Denunciando, orientando, criando conteúdo, 
Apontando falhas, fomentando a discussão, 
Não deixando nada passar, tocando em tudo,
Ana Michelle, mas que poderia se chamar um furacão, 

Mas um furacão de amor que contagia,
Uma revolução adoçada de poesia, 
Uma poesia fervilhando de calor,

Ana Michelle, mas que poderia ser chamada inspiração, 
Uma vida eterna dentro do nosso coração,
Ana Michele, mas que poderia se chamar o nosso amor...

3.1.23

Terceiro dia

Terceiro dia. E o país vai mudando.
Aquele cheiro azedo, aquele fedor,
Devagarinho vai se dissipando,
E a paisagem cinzenta ganha cor:

Decretos, atos e medidas vão brotando,
O Brasil já pode respirar sem sentir dor,
Escuta-se ao fundo indígenas cantando:
Terceiro dia apenas. Mal começou.

A sombra, o atraso e o obscurantismo
Vão se esconder no fundo do abismo
Que é o lugar de onde não deveriam ter saído,

Terceiro dia ainda. E já ressuscitamos.
Estávamos morrendo. Mas já não estamos.
Valeu a pena não ter esmorecido.

1.1.23

2023

Começar 2023 com um sonetinho, 
Coisinha simples, nada espetacular, 
Desses que a gente lê devagarinho,
E depois esquece, pra nunca mais lembrar,

Coisinha simples, como respirar,
Mas verdadeira, como um carinho, 
Um sonetinho pra começar 
O ano novo assim, desse jeitinho, 

Então lá vai, já quase terminando, 
Pro ano novo que tá começando, 
Um sonetinho sem nenhuma pretensão,

Mas todo escrito com sinceridade,
Que é uma forma de felicidade 
Que torna bem mais leve o coração. 

Feliz ano novo para todos.