30.10.12

Na casa do meu Pai

Hoje recebi a noticia da partida do nosso querido Mário, esposo da amiga Gabriela por longos e longos anos.
Aos queridos Gabriela Dorothy Carvalho e Mário, agora unidos pela saudade, nosso carinho e nossa poesia.


Na casa do meu Pai há muitas moradas,
Um dia sempre chega a hora de partir,
De seguir viagem por novas estradas,
De experimentar outras formas de existir...

Na casa do meu Pai há muitas moradas,
Por isso esses dias de se despedir...
Despedidas são felicidades adiadas,
Encontros marcados para o porvir...

Na casa do meu Pai há muitas moradas
Em que viver é feito de temporadas,
E onde a misericórdia de Deus não se distrai,

E segue abençoando nossas vidas
Com seu amor que sobrevive às despedidas
Nas muitas moradas da casa de meu Pai...

21.10.12

A palavra compartilhada

A palavra, depois de escrita, não tem dono,
Se fica guardada, não tem serventia,
Guardar a palavra é condena-la ao abandono,
Guardar a palavra é subtrair-lhe a poesia...

A palavra, se guardada, é um Rei sem trono,
É Pedro Alvares Cabral sem a Bahia.
A palavra espalhada perde o sono,
Disseminada, cai na folia...

Compartilhar a palavra é um mandamento
Que permite à palavra o livramento,
Que tempera a palavra com alegria...

Compartilhar a palavra, incondicionalmente,
É permitir-lhe a liberdade inconsequente,
É entregar-lhe a sua carta de alforria...

 

15.10.12

Aos meus professores

Aos meus professores que me ensinaram
A necessidade incessante de aprender,
Aos que insistiram e nunca me deixaram,
Aos que evitaram que eu pudesse me perder,

Aos meus professores que nunca se cansaram
Desde os dias em que aprendi a ler,
Aos que me corrigiram quando me reprovaram,
Aos que me mostraram os caminhos de crescer,

Aos meus professores pelo tudo que fizeram,
Aos meus professores pelas notas que me deram,
Aos que me concederam perceber...

Aos meus professores, pelo que me permitiram,
Aos meus professores, porque não desistiram,
Aos guardiões do saber,

Minha poesia...

14.10.12

A mesma coisa

O que a maioria escreve normalmente,
Eu normalmente escrevo rimando,
Não penso muito, escrevo naturalmente,
E a poesia, naturalmente, vai gostando,

E eu não escrevo a palavra dissidente,
Mas a mesma palavra, só que combinando
A palavra de trás com a palavra da frente
Como se elas estivessem se abraçando.

O que eu escrevo é o que a maioria escreve,
A rima é que faz parecer mais leve,
Mas não há palavra ou significado diferente,

E embora a prosa seja esmagadora maioria,
Eu permaneço fiel à poesia,
Que é como a prosa, só que é mais saliente...

13.10.12

Verborragia

Às vezes eu tento escrever poesia,
Na maior parte das vezes sem saber como começar,
O poema é uma compra sem garantia
Feita por quem não sabe se vai ter como pagar.

Às vezes eu tento, já virou mania,
E sigo. Deixo a letra me levar:
Uma caneta, uma página vazia,
Um tempo livre, e eu começo a rabiscar...

Às vezes o poema sai como eu queria,
Outras, me envolve em sua verborragia
Antes que eu possa perceber ou concordar,

Por isso quase sempre eu nunca sei quem cria
O poema: se eu, que assumo sua autoria,
Ou essa força que eu não consigo controlar...