Os fatos que se sucederam ao nascimento de Jesus...
22.12.11
13.12.11
É hoje...
É hoje o Dia Mundial da Alegria,
Dia de não tolerar a intolerância,
O Dia Internacional da Poesia,
O Dia Nacional de Proteção à Infância,
É hoje o Dia do NÃO à hipocrisia,
Dia de Ignorar a ignorância,
Dia de estar em boa companhia,
Dia de escrever poesia com elegância,
É hoje o dia, amanhã ninguém sabe.
Aproveite hoje antes que o dia acabe,
Que diz que eu estou errado não sabe o que diz.
É hoje o dia. Aproveite. A hora é essa.
Felicidade às vezes também tem pressa.
É hoje seu dia de ser feliz.
6.12.11
Estrela
Estrela quando anoitece,
Estrela quando amanhece,
Estrela no inverno e no verão,
Estrela na prosa,
Estrela na poesia,
Estrela na mão e na contra mão,
Estrela que não falha,
Estrela que brilha,
Estrela de silêncio e sedução,
Estrela morena,
Estrela diária,
Estrela que mais se parece com um clarão,
Estrela se segunda,
Estrela de sexta,
Estrela de sábado, domingo e feriadão,
Estrela de manhã já bem cedinho,
Estrela iluminando meu caminho,
Estrela entrando no meu coração,
Estrela delicada como a brisa,
Estrela perigosa como a brasa,
Estrela Deusa: não provoca não,
Estrela que é só uma,
Estrela única,
Estrela misteriosa como a mimica,
Estrela como bolha de sabão,
Estrela calma,
Estrela terna,
Estrela eterna,
Estrela de ocasião,
Estrela que pode o que nenhuma pode,
Estrela que vai onde as outras nunca vão...
5.12.11
O poema em silencio
Ninguém por perto, aparentemente.
Sozinho, sem ter com quem conversar,
Como se eu fosse o unico sobrevivente
De um trágico naufrágio em alto mar...
Sozinho. Sem amigo. Sem parente.
Ninguém pra responder nem perguntar.
Longe de tudo, de toda gente,
Nada que tente me fazer falar...
E quando tudo se torna essa quietude,
A poesia toma uma atitude
E a palavra dá um jeito de se fazer escrever,
E escapa, descompacta, da caneta,
Para ir formando o verso letra a letra,
Fazendo o poema nascer...
Sozinho, sem ter com quem conversar,
Como se eu fosse o unico sobrevivente
De um trágico naufrágio em alto mar...
Sozinho. Sem amigo. Sem parente.
Ninguém pra responder nem perguntar.
Longe de tudo, de toda gente,
Nada que tente me fazer falar...
E quando tudo se torna essa quietude,
A poesia toma uma atitude
E a palavra dá um jeito de se fazer escrever,
E escapa, descompacta, da caneta,
Para ir formando o verso letra a letra,
Fazendo o poema nascer...
2.12.11
Sonetinho farmacológico
A febre que não responde à dipirona,
A digitalização e o coração com insuficencia,
O broncoespasmo resistente à hidrocortisona,
O antibiograma e a multipla resistencia,
Usar ou não, e em que dose, a amiodarona,
O fenobarbital e os niveis de consciencia,
A hipersensibilidade à ceftriaxona,
Anafilaxia e adrenalina na emergencia...
O manual de Farmacologia...
Que bom se o Dr. Goodmam* me fizesse companhia
Ou se eu tivesse assistido a mais aulas do Lacaz**...
E eu que achava complicada a porfiria***...
Eu era feliz, hoje eu sei, e não sabia,
Há 30 anos atras...
* GOODMAN & GILMAN: MANUAL DE FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA, o livro clássico de farmacologia desde meus tempos de estudante (e permanece até hoje um clássico)
** Professor Paulo da Silva Lacaz, ilustre Catedrático de Bioquimica na UFRJ, possuidor de profundos conhecimentos e didática absolutamente pessoal de transmitir seus conhecimentos.
*** Uma hemoglobinopatia. As aulas do Professor Lacaz sobre as profirias eram antológicas, tamanha sua facilidade de visualizar e exemplificar em pleno (como se estivesse vendo a molécula. Incrivel) ar as caracteristicas bioquimicas da hemoglobina para espanto de todos.
A digitalização e o coração com insuficencia,
O broncoespasmo resistente à hidrocortisona,
O antibiograma e a multipla resistencia,
Usar ou não, e em que dose, a amiodarona,
O fenobarbital e os niveis de consciencia,
A hipersensibilidade à ceftriaxona,
Anafilaxia e adrenalina na emergencia...
O manual de Farmacologia...
Que bom se o Dr. Goodmam* me fizesse companhia
Ou se eu tivesse assistido a mais aulas do Lacaz**...
E eu que achava complicada a porfiria***...
Eu era feliz, hoje eu sei, e não sabia,
Há 30 anos atras...
* GOODMAN & GILMAN: MANUAL DE FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA, o livro clássico de farmacologia desde meus tempos de estudante (e permanece até hoje um clássico)
** Professor Paulo da Silva Lacaz, ilustre Catedrático de Bioquimica na UFRJ, possuidor de profundos conhecimentos e didática absolutamente pessoal de transmitir seus conhecimentos.
*** Uma hemoglobinopatia. As aulas do Professor Lacaz sobre as profirias eram antológicas, tamanha sua facilidade de visualizar e exemplificar em pleno (como se estivesse vendo a molécula. Incrivel) ar as caracteristicas bioquimicas da hemoglobina para espanto de todos.
Outro sonetinho ambulatorial
Começa o dia. A febre não para.
A dor não para. Resiste, insistente:
O edema, a ulcera, a escarlatina, a escara...
A dor tem muitos nomes diferentes...
Começa o turno. Fila logo de cara.
O exantema. A crise. O bebê gemente.
Penicilina procaina ou ampi e gara?
Anticonvulsivante? Antiácido? Compressa quente?
Começa o preenchimento da ROA vazia.
O longo desfile da dor durante o dia.
Os vários nomes da dor se apresentando.
Começa o dia da dor que não termina
Com analgésico nem com cefalotina
Enquanto o soneto passeia, observando...
A dor não para. Resiste, insistente:
O edema, a ulcera, a escarlatina, a escara...
A dor tem muitos nomes diferentes...
Começa o turno. Fila logo de cara.
O exantema. A crise. O bebê gemente.
Penicilina procaina ou ampi e gara?
Anticonvulsivante? Antiácido? Compressa quente?
Começa o preenchimento da ROA vazia.
O longo desfile da dor durante o dia.
Os vários nomes da dor se apresentando.
Começa o dia da dor que não termina
Com analgésico nem com cefalotina
Enquanto o soneto passeia, observando...
1.12.11
Sonetinho ambulatorial
Pode entrar o primeirinho. O que é que ele ta sentindo?
Deita na cama. Abre a boca. Assim. Não precisa chorar.
Quando é que isso começou? Onde mais que ta saindo?
Tá dando pra ele o remedio que eu pedi pra voce dar?
O próximo. Oi. Boa tarde. Ta com febre? Ta tossindo?
Ta com o nariz entupido? Catarro? Falta de ar?
Ta coçando? Ta ardendo? Ta doendo? Ta sumindo
Depois daquela pomada que eu mandei manipular?
Manda entrar aquelezinho no colo da mãe, gemendo.
Oi, mãezinha, boa tarde. O que mais que ele ta tendo?
Tou pedindo um Raio X de tórax pro seu nenem...
Receitas. Carimbos. Gotas. Suspensão. Supositório.
Como são longas as tardes dos dias de ambulatório.
Por hoje é só. Por enquanto. Até semana que vem...
Deita na cama. Abre a boca. Assim. Não precisa chorar.
Quando é que isso começou? Onde mais que ta saindo?
Tá dando pra ele o remedio que eu pedi pra voce dar?
O próximo. Oi. Boa tarde. Ta com febre? Ta tossindo?
Ta com o nariz entupido? Catarro? Falta de ar?
Ta coçando? Ta ardendo? Ta doendo? Ta sumindo
Depois daquela pomada que eu mandei manipular?
Manda entrar aquelezinho no colo da mãe, gemendo.
Oi, mãezinha, boa tarde. O que mais que ele ta tendo?
Tou pedindo um Raio X de tórax pro seu nenem...
Receitas. Carimbos. Gotas. Suspensão. Supositório.
Como são longas as tardes dos dias de ambulatório.
Por hoje é só. Por enquanto. Até semana que vem...
30.11.11
Às mães que tem seus filhos internados...
Às mães que tem seus filhos internados,
Trazendo seus corações diminuidos,
Seus sonhos, por assim dizer, danificados,
E os seus sorrisos, subtraidos...
Às mães de filhos hospitalizados
Entre injeções, punções e comprimidos,
A esses passaros de luz aprosionados,
A esses pedaços de paz perdidos,
Às mães que vivem a dor dos seus rebentos
Entregues a exames e medicamentos,
Reféns da doença e da internação,
Que Deus permaneça ao seu lado nesses dias
De arritimias e ultrassonografias,
E hipernatermias e hipotensão,
Que Deus permaneça ao seu lado nessa hora
Do choque, da palidez e da pletora,
Da drenagem da bolha, da estertoração,
Que Deus permaneça ao seu lado nesse instante
Da insuficiencia respiratória sibilante,
Da necessidade de ventilação,
Que Deus permaneça sempre ao seu lado
Nesses dias de prognóstico reservado,
De duvida, de dor e de aflição...
Trazendo seus corações diminuidos,
Seus sonhos, por assim dizer, danificados,
E os seus sorrisos, subtraidos...
Às mães de filhos hospitalizados
Entre injeções, punções e comprimidos,
A esses passaros de luz aprosionados,
A esses pedaços de paz perdidos,
Às mães que vivem a dor dos seus rebentos
Entregues a exames e medicamentos,
Reféns da doença e da internação,
Que Deus permaneça ao seu lado nesses dias
De arritimias e ultrassonografias,
E hipernatermias e hipotensão,
Que Deus permaneça ao seu lado nessa hora
Do choque, da palidez e da pletora,
Da drenagem da bolha, da estertoração,
Que Deus permaneça ao seu lado nesse instante
Da insuficiencia respiratória sibilante,
Da necessidade de ventilação,
Que Deus permaneça sempre ao seu lado
Nesses dias de prognóstico reservado,
De duvida, de dor e de aflição...
21.11.11
Facebookiana
No que voce está pensando? (pergunta o facebook)
Estou pensando numa poesia
Porque adoro postar de madrugada,
Ainda mais quando a madrugada é fria
E, porque fria, crua e abandonada...
Estou pensando se eu conseguiria
Fazer poesia sem pensar em nada,
Fazer poesia sem ter alegria,
Ou sem estar com a alma atormentada...
E o face quer saber: no que eu estou pensando?
Não estou pensando, face, estou tentando
Fazer poesia como quem não pensa...
Como quem vai, com a noite, madrugando,
Enquanto o dia vai se aproximando
Como quem entra sem pedir licença...
18.11.11
A palavra
Eu vou atrás da palavra camuflada,
Dessas que se enturmam sem se apresentar,
Como se desejassem dançar fantasiadas,
Como se tivessem necessidade de dançar...
Eu vou atrás da palavra disfarçada,
Dessas que falam como se tivessem nada pra falar,
Dessas que são ricas, mas como se não possuissem nada,
Eu vou atrás dessa palavra até encontrar...
E quando enfim essa palavra for localizada,
Eu vou cuidar para que ela seja bem cuidada
E esteja sempre por perto, e venha me visitar,
E assim essa palavra vá ficando acostumada,
Transformando-se em palavra descansada,
E queira nunca mais me abandonar...
Dessas que se enturmam sem se apresentar,
Como se desejassem dançar fantasiadas,
Como se tivessem necessidade de dançar...
Eu vou atrás da palavra disfarçada,
Dessas que falam como se tivessem nada pra falar,
Dessas que são ricas, mas como se não possuissem nada,
Eu vou atrás dessa palavra até encontrar...
E quando enfim essa palavra for localizada,
Eu vou cuidar para que ela seja bem cuidada
E esteja sempre por perto, e venha me visitar,
E assim essa palavra vá ficando acostumada,
Transformando-se em palavra descansada,
E queira nunca mais me abandonar...
14.11.11
Amanhecer
Onde a palavra exata pra poesia?
A rima pro soneto? O verso? O tema?
Na página em branco nenhuma garantia,
Nada que permita concluir um poema...
Onde a palavra que se escreveria
Pra fazer o poema valer à pena?
A cabeça tão cheia, a página tão vazia,
Quem sabe resolver esse problema?
Acordar a palavra que dorme escondida
Trazendo vida à página sem vida,
Permitindo ao verso respirar aliviado,
Ganhar de surpresa uma rima oportuna
E o poema, que era sem palavra alguma,
Respira, amanhece, feliz, acordado...
A rima pro soneto? O verso? O tema?
Na página em branco nenhuma garantia,
Nada que permita concluir um poema...
Onde a palavra que se escreveria
Pra fazer o poema valer à pena?
A cabeça tão cheia, a página tão vazia,
Quem sabe resolver esse problema?
Acordar a palavra que dorme escondida
Trazendo vida à página sem vida,
Permitindo ao verso respirar aliviado,
Ganhar de surpresa uma rima oportuna
E o poema, que era sem palavra alguma,
Respira, amanhece, feliz, acordado...
31.7.11
Sonhar
É colocar a mão desnuda em fechaduras,
Ir destrancando portas bem trancadas...
As vezes abrindo salas muito escuras,
Outras vezes varandas ventiladas...
Nos mete as vezes em perigosas aventuras,
As vezes em delicadas enrascadas...
É o antidoto ideal pras amarguras,
É o bom descanso pras dores mal curadas...
É o mais necessario dos terriveis riscos,
O mais saboroso e suave dos petiscos,
A mais amarga e crucial das alegrias
Onde nada é intocável ou é impossivel,
Ou impensável, onde nada é desprezivel,
Nada mais necessário em nossos dias...
É colocar a mão desnuda em fechaduras,
Ir destrancando portas bem trancadas...
As vezes abrindo salas muito escuras,
Outras vezes varandas ventiladas...
Nos mete as vezes em perigosas aventuras,
As vezes em delicadas enrascadas...
É o antidoto ideal pras amarguras,
É o bom descanso pras dores mal curadas...
É o mais necessario dos terriveis riscos,
O mais saboroso e suave dos petiscos,
A mais amarga e crucial das alegrias
Onde nada é intocável ou é impossivel,
Ou impensável, onde nada é desprezivel,
Nada mais necessário em nossos dias...
25.7.11
As 12000 mulheres
(Em 2010 12000 mulheres foram presas nos EUA por amamentar em publico)
12000 mulheres aprisionadas,
Tratadas como se fossem criminosas,
12000 mulheres desrespeitadas
Por 12000 acusações maldosas...
Como se fossem 12000 depravadas,
Perturbadoras da ordem, perigosas,
12000 mulheres sentenciadas,
12000 ordens de prisão maliciosas...
Como se o fato de possuirem glandulas mamárias
Fosse razão para as fazerem presidiárias,
Fosse argumento para trancá-las na prisão...
12000 mulheres humilhadas...
12000 sentenças contaminadas...
12000 motivos para lhes pedir perdão...
(Em 2010 12000 mulheres foram presas nos EUA por amamentar em publico)
12000 mulheres aprisionadas,
Tratadas como se fossem criminosas,
12000 mulheres desrespeitadas
Por 12000 acusações maldosas...
Como se fossem 12000 depravadas,
Perturbadoras da ordem, perigosas,
12000 mulheres sentenciadas,
12000 ordens de prisão maliciosas...
Como se o fato de possuirem glandulas mamárias
Fosse razão para as fazerem presidiárias,
Fosse argumento para trancá-las na prisão...
12000 mulheres humilhadas...
12000 sentenças contaminadas...
12000 motivos para lhes pedir perdão...
8.7.11
Ao bebe que viverá 100 anos
(Para o professor Marcus Renato e os participantes do Congresso Virtual de Aleitamento)
Proteção para o bebe que viverá 100 anos,
Para esse bebe centenário, proteção,
Para que os bicos não o afastem dos seus planos,
Para que as fórmulas não distraiam sua vocação,
Proteção para esse centenário entre os humanos.
Que faça 100 anos sem travar na contra-mão
Assediado por bicos ortodonticos insanos,
Desacatado por latas de pura perdição...
Proteção para o nosso bebe centenário
Contra a formula insana, contra o bico ordinário,
Contra o desmame precoce e sem razão...
Para que viva 100 anos livre da tortura
Da boca disforme, do bico sem cura,
Pelo leite materno ofertemos proteção...
(Para o professor Marcus Renato e os participantes do Congresso Virtual de Aleitamento)
Proteção para o bebe que viverá 100 anos,
Para esse bebe centenário, proteção,
Para que os bicos não o afastem dos seus planos,
Para que as fórmulas não distraiam sua vocação,
Proteção para esse centenário entre os humanos.
Que faça 100 anos sem travar na contra-mão
Assediado por bicos ortodonticos insanos,
Desacatado por latas de pura perdição...
Proteção para o nosso bebe centenário
Contra a formula insana, contra o bico ordinário,
Contra o desmame precoce e sem razão...
Para que viva 100 anos livre da tortura
Da boca disforme, do bico sem cura,
Pelo leite materno ofertemos proteção...
17.6.11
O Ministerio da Saude
O Ministerio da Saude adverte:
Quem não se diverte não é feliz.
Divirta-se, portanto, todo dia,
Vestindo-se com retalhos de alegria,
O Ministerio da Saude apóia a poesia
Porque a poesia é mais iluminada que Paris.
O Ministerio da Saude admite:
O mau humor é mais contagioso que a meningite,
A negligencia, mais inoperavel que o tumor,
A displicencia deixa mais seqüelas que o derrame,
A tsunami é menos perigosa que o cinismo,
O alpinismo é menos arriscado que que a mentira,
A ira é a felicidade com defeito,
Bebe contente mama mais peito,
A ingratidão invariavelmente vira dor...
O Ministerio da Saude orienta:
A mãe que não amamenta merece apoio
Porque nem tudo que parece trigo é trigo,
Tem ramo que parece trigo, amigo,
E na verdade é joio...
O Ministerio da Saude adianta:
Ninguém colhe o que não planta,
Ninguém planta o que não traz no coração...
O Ministerio da Saude não discute:
O bom humor é mais delicioso que o iogurte,
O amor é a tábua da salvação...
O Ministerio da Saude adverte:
Quem não se diverte não é feliz.
Divirta-se, portanto, todo dia,
Vestindo-se com retalhos de alegria,
O Ministerio da Saude apóia a poesia
Porque a poesia é mais iluminada que Paris.
O Ministerio da Saude admite:
O mau humor é mais contagioso que a meningite,
A negligencia, mais inoperavel que o tumor,
A displicencia deixa mais seqüelas que o derrame,
A tsunami é menos perigosa que o cinismo,
O alpinismo é menos arriscado que que a mentira,
A ira é a felicidade com defeito,
Bebe contente mama mais peito,
A ingratidão invariavelmente vira dor...
O Ministerio da Saude orienta:
A mãe que não amamenta merece apoio
Porque nem tudo que parece trigo é trigo,
Tem ramo que parece trigo, amigo,
E na verdade é joio...
O Ministerio da Saude adianta:
Ninguém colhe o que não planta,
Ninguém planta o que não traz no coração...
O Ministerio da Saude não discute:
O bom humor é mais delicioso que o iogurte,
O amor é a tábua da salvação...
11.6.11
A lata
Após o Curso de Monitoramento da NBCAL em Campos.
Para Fabiola, Jeanine e Rosana.
É de vaca o leite em pó armazenado
No interior metálico da lata,
É pó de leite, industrial, desidratado,
Mas nada mais do que um leite que é de vaca...
Ligeiramente doce e amarelado,
Independente da marca,
Parece inofensivo e bem-comportado
O leite de vaca em pó que não faz nata,
Mas que ameaça a saúde, o crescimento,
O vinculo, a boca, o desenvolvimento,
Castigando o bebe de uma maneira inteira...
A lata e sua utilização inadequada...
A lata e sua propaganda inapropriada
Desmamando a criança brasileira...
Após o Curso de Monitoramento da NBCAL em Campos.
Para Fabiola, Jeanine e Rosana.
É de vaca o leite em pó armazenado
No interior metálico da lata,
É pó de leite, industrial, desidratado,
Mas nada mais do que um leite que é de vaca...
Ligeiramente doce e amarelado,
Independente da marca,
Parece inofensivo e bem-comportado
O leite de vaca em pó que não faz nata,
Mas que ameaça a saúde, o crescimento,
O vinculo, a boca, o desenvolvimento,
Castigando o bebe de uma maneira inteira...
A lata e sua utilização inadequada...
A lata e sua propaganda inapropriada
Desmamando a criança brasileira...
7.6.11
A Barbie siliconada
(a industria de brinquedos criou uma edição da Barbie com silicone)
Olha só pra Barbie siliconada:
Atá aonde vai a estupidez humana?
Quem é que ela encanta? Quem é que ela agrada?
Quem ela convence? A quem ela engana?
A Barbie siliconada. Adulterada.
Como se fosse uma pirua hollywoodiana.
Olha pra Barbie siliconada, coitada...
Meu Deus! Que brincadeira mais insana!
Não sei se turbinada ela tem um nome
Que a identifique: Barbie com silicone.
O peito sem respeito da boneca.
Que Deus proteja dela a nossa infancia,
Desalinho travestido de elegancia,
Contaminando nossa brinquedoteca...
(a industria de brinquedos criou uma edição da Barbie com silicone)
Olha só pra Barbie siliconada:
Atá aonde vai a estupidez humana?
Quem é que ela encanta? Quem é que ela agrada?
Quem ela convence? A quem ela engana?
A Barbie siliconada. Adulterada.
Como se fosse uma pirua hollywoodiana.
Olha pra Barbie siliconada, coitada...
Meu Deus! Que brincadeira mais insana!
Não sei se turbinada ela tem um nome
Que a identifique: Barbie com silicone.
O peito sem respeito da boneca.
Que Deus proteja dela a nossa infancia,
Desalinho travestido de elegancia,
Contaminando nossa brinquedoteca...
6.6.11
A volta do pecador
O pecador voltou sem nunca ter partido,
O pecador voltou sem nunca ter partido,
Está de volta, por isso, o pecador,
São muitos os pecados que tem cometido,
Mas isso não o tornou um desertor...
Voltou o pecador sem nem ter ido,
Talvez para cuidar da própria dor,
Ser pecador não significa ser bandido,
Ninguem é inteiramente sem valor...
Por isso a volta, quase arrependido,
Do pecador distraido,
Mas que de seu pecado é sabedor...
A volta do pecador desinibido,
Desalinhado, auto-redimido
Por um soneto do qual é co-autor...
29.4.11
Eu toco sambinha
Para Vitor
Eu não toco violão. Eu toco sambinha.
Eu bem que adoraria saber tocar violão,
Mas eu só sei uma mesma batidinha
Como se eu fosse discipulo do João...
Tocar violão é uma vontade minha,
Mas eu só toco sambinha. Mais nada não.
É como se fosse uma mesma ladainha.
É como se fosse uma mesma oração:
Chega de Saudade. Injuriado. Eu vim da Bahia.
De volta ao samba. Vai passar. A Rita. Ligia.
Exaltação à Mangueira. Cartola. Adoniran.
O mesmo ritimo sempre. Como um missionário.
Como um peixinho dentro de um aquário.
Como se meu coração fosse um tantan...
Por isso não me peça por Lobão,
Adriana, Pato Fu, Legião, Peninha,
Adoro, mas não sei tocar Legião,
Ou toco, mas não sem perder a linha...
Por isso não me pergunte por Barão,
Renato Russo, Djavan ou A Galinha Pintadinha...
Sou samba de uma nota só, sou Samba do Avião,
Samba do Nelson, samba de Pixinguinha.
Assumo que eu não toco violão. Bem longe disso,
Eu toco sambinha: Sem Compromisso,
Eu toco sambinha: Mulata assanhada...
Toco sambinha como faz um batuqueiro,
Sou natural daqui do Rio de Janeiro,
Eu toco sambinha, mais nada...
Para Vitor
Eu não toco violão. Eu toco sambinha.
Eu bem que adoraria saber tocar violão,
Mas eu só sei uma mesma batidinha
Como se eu fosse discipulo do João...
Tocar violão é uma vontade minha,
Mas eu só toco sambinha. Mais nada não.
É como se fosse uma mesma ladainha.
É como se fosse uma mesma oração:
Chega de Saudade. Injuriado. Eu vim da Bahia.
De volta ao samba. Vai passar. A Rita. Ligia.
Exaltação à Mangueira. Cartola. Adoniran.
O mesmo ritimo sempre. Como um missionário.
Como um peixinho dentro de um aquário.
Como se meu coração fosse um tantan...
Por isso não me peça por Lobão,
Adriana, Pato Fu, Legião, Peninha,
Adoro, mas não sei tocar Legião,
Ou toco, mas não sem perder a linha...
Por isso não me pergunte por Barão,
Renato Russo, Djavan ou A Galinha Pintadinha...
Sou samba de uma nota só, sou Samba do Avião,
Samba do Nelson, samba de Pixinguinha.
Assumo que eu não toco violão. Bem longe disso,
Eu toco sambinha: Sem Compromisso,
Eu toco sambinha: Mulata assanhada...
Toco sambinha como faz um batuqueiro,
Sou natural daqui do Rio de Janeiro,
Eu toco sambinha, mais nada...
Poema aéreo (entre Rios)
Escrito na manhã de 28/04, durante o voo entre Porto Alegre e Rio, parte da minha viagem de volta de Pelotas para Campos.
Entre o céu de Porto Alegre e o do Rio de Janeiro,
Sobre a Terra imensa que ficou distante,
Rascunho esse verso passarinheiro
Escrito antes da escala em Navegantes...
Parece que daqui da pra ver o mundo inteiro.
Depois de hoje as nuvens nunca mais serão como antes.
Como é bom escrever um verso voadeiro
Como se as nuvens fossem Espumas Flutuantes...
Entre o céu de Porto Alegre e o céu do Rio,
Um verso que eu escrevo... E enquanto eu crio,
O Rio de Janeiro se aproxima...
Fica distante o céu de Porto Alegre
À medida em que o verso se descreve
E eu fico espiando daqui de cima...
Escrito na manhã de 28/04, durante o voo entre Porto Alegre e Rio, parte da minha viagem de volta de Pelotas para Campos.
Entre o céu de Porto Alegre e o do Rio de Janeiro,
Sobre a Terra imensa que ficou distante,
Rascunho esse verso passarinheiro
Escrito antes da escala em Navegantes...
Parece que daqui da pra ver o mundo inteiro.
Depois de hoje as nuvens nunca mais serão como antes.
Como é bom escrever um verso voadeiro
Como se as nuvens fossem Espumas Flutuantes...
Entre o céu de Porto Alegre e o céu do Rio,
Um verso que eu escrevo... E enquanto eu crio,
O Rio de Janeiro se aproxima...
Fica distante o céu de Porto Alegre
À medida em que o verso se descreve
E eu fico espiando daqui de cima...
1.4.11
Madrugada
Em plena madrugada, atendimento...
Parece que a doença nunca para...
A febre é plena, madrugada adentro,
Parece que a saude é coisa rara...
Em plena madrugada o batimento
Das aletas nasais, a dor, a escara,
Desesperança, descontentamento,
Esse padecimento que não sara...
Em plena dor respira a madrugada
Como se a morte espreitasse na calada
Da noite a sua vitima distraida...
Madrugada plena, dor escancarada,
Pedaço de vida sem sono, amedrontada,
Pedaço de asa quebrada da vida...
Em plena madrugada, atendimento...
Parece que a doença nunca para...
A febre é plena, madrugada adentro,
Parece que a saude é coisa rara...
Em plena madrugada o batimento
Das aletas nasais, a dor, a escara,
Desesperança, descontentamento,
Esse padecimento que não sara...
Em plena dor respira a madrugada
Como se a morte espreitasse na calada
Da noite a sua vitima distraida...
Madrugada plena, dor escancarada,
Pedaço de vida sem sono, amedrontada,
Pedaço de asa quebrada da vida...
24.2.11
Carta a uma mãe
Prezada senhora,
Bom dia.
Permita-me usar um pouco de poesia
Para uma quase nem tão breve assim explicação:
Se um dia desses acontecer
De eu estar na Emergência de plantão,
E nesse dia você trouxer a mim seu filho
Com febre alta de pneumonia
E tosse cheia de estertoração,
E ainda palidez, taquisfigmia,
Inapetência e desidratação,
Se nesse dia eu, respeitosamente,
Chamar você pelo nome,
Mas não por um nome qualquer,
Por qualquer nome,
Mas pelo seu próprio nome e sobrenome,
Pronunciado com exatidão,
Letra por letra, palavra por palavra,
Pronuncia exata e sem abreviação,
E se nesse dia dessa pneumonia
Em que eu chamar você, sem falhas de edição,
Pelo seu próprio nome, e por extenso,
Sem erros de dicção,
Bem nesse dia, e justo nesse dia,
Por pura estupidez e falta de noção,
Eu não olhar para o medo do seu rosto
E nem perceber o tremor da sua mão,
E não notar seu esposo aflito e atonito
Ou a lágrima nos olhos do outro irmão,
Não entender seu coração desabalado,
Nem me abalar com sua tensão,
Se nesse dia de pneumonia
Voce chorar
E eu nem notar a razão,
E mesmo que eu chame você pelo nome
E sobrenome, sem abreviação,
E mesmo que eu acerte na receita,
No diagnostico,
E na segurança com que eu avaliar
A possibilidade de internação,
Prezada Senhora, daqui eu pediria
Que nesse dia
Você não acreditasse na minha adequação,
Na minha fala burocraticamente fria,
Na minha frieza cheia de educação,
Na minha imperdoável hipocrisia,
Na minha falsa dedicação...
A educação inventou a poesia,
Mas o verso é da seguinte opinião:
O poema não é feito das suas rimas,
O poema é feito da sua empolgação...
Palavra pronunciada e não sentida
É como palavra sem vida,
É vida sem pulsação...
Então, nesse dia.
De tratamento politicamente correto,
Minha senhora,
Eu peço agora,
Não acredite em mim não:
Minha alma sofre de paresia,
De anestesia o meu coração,
Por isso as vezes a palavra fria,
Como uma caixa vazia,
Como se traduzisse solidão...
Mas se de uma outra vez,
Num outro dia,
Por conta de um episódio de disenteria
A gente se encontrar novamente e ai então
Eu perceber sua lagrima abafada
E o pavor que você tem de infecção,
E eu me sensibilizar com a sua voz pesada,
Trancada e gaguejada com razão,
Se eu esperar pra que você se acalme
Antes de continuar a orientação,
E tentar explicar a você com calma os riscos
No caso de uma desidratação,
Levar você até a Enfermaria,
Apresentar a você a Dra. Maria,
Nossa chefe do setor de Nutrição,
Se nesse dia de disenteria
Eu não deixar você até que você sorria,
E acalme a sudorese e a agitação,
Posto que uma boa conversa, segundo a medicina,
Faz mais efeito às vezes que a nifedipina
Para a hipertensão,
E se eu tratar seu esposo com respeito,
E o irmãozinho do seu filho com atenção,
Se eu perceber a lágrima do seus olhos,
Se eu me incomodar com o tremor da sua mão,
Se eu não disser: “para de bobagem,
Parece criança com medo de injeção”
E ao invés disso eu repetir: “Coragem,
Viver é um teste de superação”...
Se nesse dia eu espantar seus medos
E contornar sua preocupação,
Se nesse dia, minha senhora,
Por conta certamente da danada da psora
Eu fugir da linha
E acabar chamando você de Mãezinha
Ou de qualquer outro nome que a equivalha,
Perdoa essa minha falha imperdoável,
Supera esse meu costume incorrigível,
E livra-me da condenação inapelável,
Eu sou terrível...
E acredite:
Justo nesse dia,
Ainda que falte nome e sobrenome,
Ainda que eu atropele a dicção,
E troque a preposição pelo pronome.
Não acredite nessa desatenção.
É que não prestei atenção no papel, minha senhora,
Prestei atenção no seu coração...
E ai toda Maria, toda Mara,
Toda Sebastiana e toda Nelly,
Toda Cristal, toda Dulce e toda Lara,
Não são Melissa pra mim, nem são Michelle,
E não importa se morena ou loura,
E tanto faz o seu tom de pele:
É a mesma mulher desesperada
Que independente da forma como é chamada
Quer ser afagada, acolhida,
E bem tratada,
E mais do que ser bem tratada, ser ouvida,
E mais do que ser ouvida
Ser cuidada...
Tudo mais em verdade são ruídos, bem disse Carlos Drummond,
Tudo mais são como musica sem som.
São conjecturas pra sábios,
São páginas para alfarrábios
E compêndios de psicologia...
Tudo mais em verdade são palavras
Para enriquecer as teses de doutorado
Que vêem pecado onde não há pecado
E contaminam o cuidado com teoria...
Por isso, minha senhora,
Se algum dia,
Por pneumonia ou disenteria,
Eu atender seu filho no plantão,
Presta atenção nos meus olhos
E repara pra onde volto minha atenção:
Se para os dados formais do prontuário
Ou para as vozes do seu coração,
Se pra seu nome correto e sobrenome
Ou pra seu medo de infecção,
Se pra sua vida e pra vida de seu filho
Ou se pras teses de dissertação...
Presta atenção nos meus olhos nesse dia
E tire a sua própria conclusão...
Tudo mais, como o Drummond diria,
São como concha vazia...
Coisa sem cor nem significação...
Prezada senhora,
Bom dia.
Permita-me usar um pouco de poesia
Para uma quase nem tão breve assim explicação:
Se um dia desses acontecer
De eu estar na Emergência de plantão,
E nesse dia você trouxer a mim seu filho
Com febre alta de pneumonia
E tosse cheia de estertoração,
E ainda palidez, taquisfigmia,
Inapetência e desidratação,
Se nesse dia eu, respeitosamente,
Chamar você pelo nome,
Mas não por um nome qualquer,
Por qualquer nome,
Mas pelo seu próprio nome e sobrenome,
Pronunciado com exatidão,
Letra por letra, palavra por palavra,
Pronuncia exata e sem abreviação,
E se nesse dia dessa pneumonia
Em que eu chamar você, sem falhas de edição,
Pelo seu próprio nome, e por extenso,
Sem erros de dicção,
Bem nesse dia, e justo nesse dia,
Por pura estupidez e falta de noção,
Eu não olhar para o medo do seu rosto
E nem perceber o tremor da sua mão,
E não notar seu esposo aflito e atonito
Ou a lágrima nos olhos do outro irmão,
Não entender seu coração desabalado,
Nem me abalar com sua tensão,
Se nesse dia de pneumonia
Voce chorar
E eu nem notar a razão,
E mesmo que eu chame você pelo nome
E sobrenome, sem abreviação,
E mesmo que eu acerte na receita,
No diagnostico,
E na segurança com que eu avaliar
A possibilidade de internação,
Prezada Senhora, daqui eu pediria
Que nesse dia
Você não acreditasse na minha adequação,
Na minha fala burocraticamente fria,
Na minha frieza cheia de educação,
Na minha imperdoável hipocrisia,
Na minha falsa dedicação...
A educação inventou a poesia,
Mas o verso é da seguinte opinião:
O poema não é feito das suas rimas,
O poema é feito da sua empolgação...
Palavra pronunciada e não sentida
É como palavra sem vida,
É vida sem pulsação...
Então, nesse dia.
De tratamento politicamente correto,
Minha senhora,
Eu peço agora,
Não acredite em mim não:
Minha alma sofre de paresia,
De anestesia o meu coração,
Por isso as vezes a palavra fria,
Como uma caixa vazia,
Como se traduzisse solidão...
Mas se de uma outra vez,
Num outro dia,
Por conta de um episódio de disenteria
A gente se encontrar novamente e ai então
Eu perceber sua lagrima abafada
E o pavor que você tem de infecção,
E eu me sensibilizar com a sua voz pesada,
Trancada e gaguejada com razão,
Se eu esperar pra que você se acalme
Antes de continuar a orientação,
E tentar explicar a você com calma os riscos
No caso de uma desidratação,
Levar você até a Enfermaria,
Apresentar a você a Dra. Maria,
Nossa chefe do setor de Nutrição,
Se nesse dia de disenteria
Eu não deixar você até que você sorria,
E acalme a sudorese e a agitação,
Posto que uma boa conversa, segundo a medicina,
Faz mais efeito às vezes que a nifedipina
Para a hipertensão,
E se eu tratar seu esposo com respeito,
E o irmãozinho do seu filho com atenção,
Se eu perceber a lágrima do seus olhos,
Se eu me incomodar com o tremor da sua mão,
Se eu não disser: “para de bobagem,
Parece criança com medo de injeção”
E ao invés disso eu repetir: “Coragem,
Viver é um teste de superação”...
Se nesse dia eu espantar seus medos
E contornar sua preocupação,
Se nesse dia, minha senhora,
Por conta certamente da danada da psora
Eu fugir da linha
E acabar chamando você de Mãezinha
Ou de qualquer outro nome que a equivalha,
Perdoa essa minha falha imperdoável,
Supera esse meu costume incorrigível,
E livra-me da condenação inapelável,
Eu sou terrível...
E acredite:
Justo nesse dia,
Ainda que falte nome e sobrenome,
Ainda que eu atropele a dicção,
E troque a preposição pelo pronome.
Não acredite nessa desatenção.
É que não prestei atenção no papel, minha senhora,
Prestei atenção no seu coração...
E ai toda Maria, toda Mara,
Toda Sebastiana e toda Nelly,
Toda Cristal, toda Dulce e toda Lara,
Não são Melissa pra mim, nem são Michelle,
E não importa se morena ou loura,
E tanto faz o seu tom de pele:
É a mesma mulher desesperada
Que independente da forma como é chamada
Quer ser afagada, acolhida,
E bem tratada,
E mais do que ser bem tratada, ser ouvida,
E mais do que ser ouvida
Ser cuidada...
Tudo mais em verdade são ruídos, bem disse Carlos Drummond,
Tudo mais são como musica sem som.
São conjecturas pra sábios,
São páginas para alfarrábios
E compêndios de psicologia...
Tudo mais em verdade são palavras
Para enriquecer as teses de doutorado
Que vêem pecado onde não há pecado
E contaminam o cuidado com teoria...
Por isso, minha senhora,
Se algum dia,
Por pneumonia ou disenteria,
Eu atender seu filho no plantão,
Presta atenção nos meus olhos
E repara pra onde volto minha atenção:
Se para os dados formais do prontuário
Ou para as vozes do seu coração,
Se pra seu nome correto e sobrenome
Ou pra seu medo de infecção,
Se pra sua vida e pra vida de seu filho
Ou se pras teses de dissertação...
Presta atenção nos meus olhos nesse dia
E tire a sua própria conclusão...
Tudo mais, como o Drummond diria,
São como concha vazia...
Coisa sem cor nem significação...
10.2.11
A trajetória
I
No inicio era um sonho,
Risonho.
No inicio era um sonho
Contagiante.
No inicio era o inicio do inicio
Daquela data em diante.
Mas aquele inicio,
Como todo inicio,
Foi dificil
Como qualquer inicio.
E, como qualquer inicio,
Desafiante.
No inicio era um sonho
Medonho,
Mas era um sonho,
No inicio,
Brilhante.
II
Passados os primeiros dias
Após os primeiros planos
Colecionadas as primeiras alegrias,
Contabilizados os primeiros desenganos,
O tempo seguiu
E o que era um tiquinho cresceu
A criança, ativa,
Virou gente grande,
Adolesceu.
Depois dos primeiros dias,
Apos os primeiros danos,
Desfeitas as primeiras fantasias,
Como acontece, geralmente, com os humanos...
III
Chegaram
As primeiras chuvas
Os primeiros raios,
As primeiras perdas,
Os primeiros ventos,
As primeiras provas,
As primeiras quebras,
Os primeiros trancos
E tormentos...
IV
Depois chegaram mais tempestades:
O tempo ruim nunca vem sozinho...
Uns julgam ser fruto da fatalidade
Despertar dentro de um redemoinho...
V
No inicio era um sonho
Risonho,
Inocente,
No inicio era um grande futuro...
E as nuvens pesadas no céu
De repente
Mostrando pra gente
O tempo escuro...
VI
E uma hora as coisas começaram a ficar feias
As caixas das contas a vencer, mais cheias,
As do que havia pra receber,
Cheias de não...
E nessa hora de indefinição
Uns desistiram,
Outros nem voltaram,
Alguns se julgaram
Cobertos de razão,
Muitos mentiram,
Alguns se aproveitaram,
Uns poucos nem retornaram,
Passado o verão...
VII
Mas houve uns poucos
Que aprenderam a nadar na contra mão,
Acostumados a transformar o NÃO em SIM
E a superar, assim, qualquer senão...
Permaneceram,
Ficaram,
Não reclamaram
Nem esmoreceram,
Não desmereceram,
Lutaram,
Perderam muito
Mas não se perderam...
Seguiram, sem questionar, seu coração...
Houve esses poucos
A quem poderiamos chamar:
Superação...
Não desistiram.
Sofreram.
Não imaginem voces o quanto choraram...
Mas não perderam sua convicção...
VII
Havia muita chuva ainda por vir,
E muito atalho ainda pra pegar,
Muita luta pra não deixar a peteca cair,
Só não havia tempo pra se lamentar...
Só não havia tempo pra desistir,
Só havia uma palavra: superar...
Era preciso, na crise, prosseguir,
Na crise, era preciso se organizar...
E as vezes, no meio da calmaria,
Quando parece que acabou a ventania,
E tudo em volta parece se ajeitar,
Parece que, exatamente nesse dia,
O destino, carregado de ironia,
Arruma um jeito de atrapalhar
O resto que ainda resta de fantasia,
O força que ainda resta pra sonhar,
Traz sempre um jeito de incomodar,
E incomoda,
Como se colocasse a gente no centro da roda
E começasse a rodar,
E ai, no meio da poesia,
Tem sempre um verso que não consegue rimar...
VIII
Chega uma hora
Em que a palavra é desacreditada,
A hora em que o desespero
Faz toda gente desesperançada,
Chega uma hora
Em a história inteira parece estar contada,
E pro futuro
Uma palavra apenas reservada:
NADA...
Chega uma hora
Em que a esperança parece estar perdida,
A coisa tão sonhada, destruida,
A fé, mal construida, espatifada...
Chega uma hora
Que é uma hora
Danada...
IX
Era preciso um coração valente
Vestido de fios de luz e dor,
Um coração confiante, resistente,
Vestido de fibas de destemor,
Um coração feito completamente
De amor imenso, o mais genuino amor,
Um coração contagiante e ardente,
Era preciso um assim, desbravador,
Um coração pra conduzir a gente
Que desandava, descrente,
Como um pedaço de nada, sem sabor...
Um coração confiante e coerente,
Um coração que nunca se mostrou ausente,
Que nunca se tornou um desesrtor...
X
E hoje aqui estamos
Sobrevivemos às tempestades...
Não nos rendemos às desconfianças,
Não nos curvamos às dificuldades...
Não aderimos às desesperanças...
Não confirmamos as fatalidades...
Aqui chegamos.
Existe um sonho esperando ser sonhado.
Existe um futuro para ser construido.
Existe uma lição aprendida no passado.
E o dia apos dia para ser aprendido.
Mas cá estamos.
De alguma forma, não nos dispersamos.
De alguma maneira, não nos destruimos.
Na data de hoje nos reencontramos.
Comemoramos a alegria que sentimos
Porque de alguma forma não entregamos
A história que de algum modo construimos.
Cansados, mas felizes, aqui estamos...
Felizes, mas dispostos, assumimos...
As lutas que ate agora nós travamos
Que seja o combustivel de que necessitamos
Para crescer...
É só o inicio. Mal começamos.
É só o inicio. Aqui estamos.
Depende de nós para o resto acontecer...
XI
O reinicio de um sonho,
Risonho.
Um sonho que permanece
Contagiante.
No inicio era o inicio do inicio,
Agora o reinicio
É dessa data em diante.
E esse reinicio,
Como todo reinicio,
Não vai ser facil
Como qualquer sacrificio,
Mas, como qualquer reinicio,
Vai ser um reinicio
Desafiante.
Esse reinicio é um sonho
Medonho,
Mas é um sonho
Com reinicio
Seguramente
Brilhante.
Dedicado à minha mãe, Hilda Mussa Tavares, de coração valente, e à sua perseverança na condução acertada à frente do Colegio Anglo Campos.
I
No inicio era um sonho,
Risonho.
No inicio era um sonho
Contagiante.
No inicio era o inicio do inicio
Daquela data em diante.
Mas aquele inicio,
Como todo inicio,
Foi dificil
Como qualquer inicio.
E, como qualquer inicio,
Desafiante.
No inicio era um sonho
Medonho,
Mas era um sonho,
No inicio,
Brilhante.
II
Passados os primeiros dias
Após os primeiros planos
Colecionadas as primeiras alegrias,
Contabilizados os primeiros desenganos,
O tempo seguiu
E o que era um tiquinho cresceu
A criança, ativa,
Virou gente grande,
Adolesceu.
Depois dos primeiros dias,
Apos os primeiros danos,
Desfeitas as primeiras fantasias,
Como acontece, geralmente, com os humanos...
III
Chegaram
As primeiras chuvas
Os primeiros raios,
As primeiras perdas,
Os primeiros ventos,
As primeiras provas,
As primeiras quebras,
Os primeiros trancos
E tormentos...
IV
Depois chegaram mais tempestades:
O tempo ruim nunca vem sozinho...
Uns julgam ser fruto da fatalidade
Despertar dentro de um redemoinho...
V
No inicio era um sonho
Risonho,
Inocente,
No inicio era um grande futuro...
E as nuvens pesadas no céu
De repente
Mostrando pra gente
O tempo escuro...
VI
E uma hora as coisas começaram a ficar feias
As caixas das contas a vencer, mais cheias,
As do que havia pra receber,
Cheias de não...
E nessa hora de indefinição
Uns desistiram,
Outros nem voltaram,
Alguns se julgaram
Cobertos de razão,
Muitos mentiram,
Alguns se aproveitaram,
Uns poucos nem retornaram,
Passado o verão...
VII
Mas houve uns poucos
Que aprenderam a nadar na contra mão,
Acostumados a transformar o NÃO em SIM
E a superar, assim, qualquer senão...
Permaneceram,
Ficaram,
Não reclamaram
Nem esmoreceram,
Não desmereceram,
Lutaram,
Perderam muito
Mas não se perderam...
Seguiram, sem questionar, seu coração...
Houve esses poucos
A quem poderiamos chamar:
Superação...
Não desistiram.
Sofreram.
Não imaginem voces o quanto choraram...
Mas não perderam sua convicção...
VII
Havia muita chuva ainda por vir,
E muito atalho ainda pra pegar,
Muita luta pra não deixar a peteca cair,
Só não havia tempo pra se lamentar...
Só não havia tempo pra desistir,
Só havia uma palavra: superar...
Era preciso, na crise, prosseguir,
Na crise, era preciso se organizar...
E as vezes, no meio da calmaria,
Quando parece que acabou a ventania,
E tudo em volta parece se ajeitar,
Parece que, exatamente nesse dia,
O destino, carregado de ironia,
Arruma um jeito de atrapalhar
O resto que ainda resta de fantasia,
O força que ainda resta pra sonhar,
Traz sempre um jeito de incomodar,
E incomoda,
Como se colocasse a gente no centro da roda
E começasse a rodar,
E ai, no meio da poesia,
Tem sempre um verso que não consegue rimar...
VIII
Chega uma hora
Em que a palavra é desacreditada,
A hora em que o desespero
Faz toda gente desesperançada,
Chega uma hora
Em a história inteira parece estar contada,
E pro futuro
Uma palavra apenas reservada:
NADA...
Chega uma hora
Em que a esperança parece estar perdida,
A coisa tão sonhada, destruida,
A fé, mal construida, espatifada...
Chega uma hora
Que é uma hora
Danada...
IX
Era preciso um coração valente
Vestido de fios de luz e dor,
Um coração confiante, resistente,
Vestido de fibas de destemor,
Um coração feito completamente
De amor imenso, o mais genuino amor,
Um coração contagiante e ardente,
Era preciso um assim, desbravador,
Um coração pra conduzir a gente
Que desandava, descrente,
Como um pedaço de nada, sem sabor...
Um coração confiante e coerente,
Um coração que nunca se mostrou ausente,
Que nunca se tornou um desesrtor...
X
E hoje aqui estamos
Sobrevivemos às tempestades...
Não nos rendemos às desconfianças,
Não nos curvamos às dificuldades...
Não aderimos às desesperanças...
Não confirmamos as fatalidades...
Aqui chegamos.
Existe um sonho esperando ser sonhado.
Existe um futuro para ser construido.
Existe uma lição aprendida no passado.
E o dia apos dia para ser aprendido.
Mas cá estamos.
De alguma forma, não nos dispersamos.
De alguma maneira, não nos destruimos.
Na data de hoje nos reencontramos.
Comemoramos a alegria que sentimos
Porque de alguma forma não entregamos
A história que de algum modo construimos.
Cansados, mas felizes, aqui estamos...
Felizes, mas dispostos, assumimos...
As lutas que ate agora nós travamos
Que seja o combustivel de que necessitamos
Para crescer...
É só o inicio. Mal começamos.
É só o inicio. Aqui estamos.
Depende de nós para o resto acontecer...
XI
O reinicio de um sonho,
Risonho.
Um sonho que permanece
Contagiante.
No inicio era o inicio do inicio,
Agora o reinicio
É dessa data em diante.
E esse reinicio,
Como todo reinicio,
Não vai ser facil
Como qualquer sacrificio,
Mas, como qualquer reinicio,
Vai ser um reinicio
Desafiante.
Esse reinicio é um sonho
Medonho,
Mas é um sonho
Com reinicio
Seguramente
Brilhante.
Dedicado à minha mãe, Hilda Mussa Tavares, de coração valente, e à sua perseverança na condução acertada à frente do Colegio Anglo Campos.
6.2.11
A metade do caminho
Se voce obedecer todas as regras vai perder a diversão,
Se desobedecer todas, vai correr perigo...
É preciso equilibrar-se entre a paz no coração
E aquele friozinho no umbigo...
É desafiador caminhar na contra-mão,
É patético viver sob um abrigo...
O que tempera a vida é a emoção,
Saber reconhecer o joio e o trigo...
É sempre assim: a metade do caminho...
De um lado a brisa, do outro o torvelinho,
Adrenalina pura e calmaria...
Seguir em bando ou decidir sozinho
Se bebe agua ou se bebe vinho
Escrevinhando a própria poesia...
Se voce obedecer todas as regras vai perder a diversão,
Se desobedecer todas, vai correr perigo...
É preciso equilibrar-se entre a paz no coração
E aquele friozinho no umbigo...
É desafiador caminhar na contra-mão,
É patético viver sob um abrigo...
O que tempera a vida é a emoção,
Saber reconhecer o joio e o trigo...
É sempre assim: a metade do caminho...
De um lado a brisa, do outro o torvelinho,
Adrenalina pura e calmaria...
Seguir em bando ou decidir sozinho
Se bebe agua ou se bebe vinho
Escrevinhando a própria poesia...
1.2.11
31.1.11
Para Miss Charada
Vc diz: Me chame de quantos nomes vc quizer... pois todos os dias sou uma mulher diferente...
Li e gostei disso, e escrevi esse soneto pra voce:
Vou te chamar de moça delicada,
De moça especial logo em seguida,
Uns dias te chamarei moça estressada,
Outros dias, moça feliz da vida...
Domingo à tarde, moça comportada,
Segunda feira, moça bem vestida,
Sabado à noite, moça de balada,
Diariamente: moça crescida...
Vou te chamar de moça que me agrada,
De moça que não precisa dizer nada
Pra se tornar essa moça tão querida...
Ah, moça que parece um conto de fada...
Ah, moça misteriosa, Miss Charada...
Ah, moça que me deixa sem saida...
Vc diz: Me chame de quantos nomes vc quizer... pois todos os dias sou uma mulher diferente...
Li e gostei disso, e escrevi esse soneto pra voce:
Vou te chamar de moça delicada,
De moça especial logo em seguida,
Uns dias te chamarei moça estressada,
Outros dias, moça feliz da vida...
Domingo à tarde, moça comportada,
Segunda feira, moça bem vestida,
Sabado à noite, moça de balada,
Diariamente: moça crescida...
Vou te chamar de moça que me agrada,
De moça que não precisa dizer nada
Pra se tornar essa moça tão querida...
Ah, moça que parece um conto de fada...
Ah, moça misteriosa, Miss Charada...
Ah, moça que me deixa sem saida...
21.1.11
O amor
Estrada estranha, atraente estrada,
Mal desenhada, mal definida,
As vezes de aparencia abandonada,
Algumas outras, interrompida...
Estrada estranha, sem ponto de entrada,
Estrada sem atalho de saida,
As vezes alimenta, outras, desagrada,
E as vezes dá sentido à própria vida...
Estranha estrada, estreita e desejada,
Temida, distraida, romanceada,
Desperdiçada, evidente, perseguida...
Estranha estrada, o amor, desenganada,
Sozinha, mesmo quando acompanhada,
Estranha estrada, o amor, desconhecida...
Estrada estranha, atraente estrada,
Mal desenhada, mal definida,
As vezes de aparencia abandonada,
Algumas outras, interrompida...
Estrada estranha, sem ponto de entrada,
Estrada sem atalho de saida,
As vezes alimenta, outras, desagrada,
E as vezes dá sentido à própria vida...
Estranha estrada, estreita e desejada,
Temida, distraida, romanceada,
Desperdiçada, evidente, perseguida...
Estranha estrada, o amor, desenganada,
Sozinha, mesmo quando acompanhada,
Estranha estrada, o amor, desconhecida...
20.1.11
A necessidade
(inspirado no poema Versos Intimos de Augusto dos Anjos)
O homem, que nessa Terra miserável,
Vive entre feras, sob a estupidez,
Sujeito à discriminação abominável,
Escravo da usura e da insensatez,
Este mesmo homem, que nessa Terra instável
Acostuma-se a varias dores de uma vez,
E sofre, como sofre o colon irritavel,
E faz sua morte, sem perceber que a fez,
Este pobre homem, da solidão inseparável,
De uma forma estranhamente inevitável,
Já não confia em mais nada, e nada espera...
E rendendo-se, esse homem, à cruel fatalidade,
Sob o dominio da brutalidade,
Sente a necessidade de também ser fera...
(inspirado no poema Versos Intimos de Augusto dos Anjos)
O homem, que nessa Terra miserável,
Vive entre feras, sob a estupidez,
Sujeito à discriminação abominável,
Escravo da usura e da insensatez,
Este mesmo homem, que nessa Terra instável
Acostuma-se a varias dores de uma vez,
E sofre, como sofre o colon irritavel,
E faz sua morte, sem perceber que a fez,
Este pobre homem, da solidão inseparável,
De uma forma estranhamente inevitável,
Já não confia em mais nada, e nada espera...
E rendendo-se, esse homem, à cruel fatalidade,
Sob o dominio da brutalidade,
Sente a necessidade de também ser fera...
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