31.10.06

Soneto para Mariana

Ela é Mariana, a que não é Marina,
(Quem confundiu Marina com Mariana?)
Tão bela assim, quem ve logo imagina
Que ela é carioca... Mas é paulistana...

Ela é Mariana. Vive Medicina.
Nem sabe mais o que é fim de semana.
Sorriso calmo, aparencia fina,
E quase loura... Mas isso é filigrana...

Mariana, a que parece uma menina,
O mesmo nome ela tem da minha prima,
A mesma delicadeza da minha mana...

Ela é Mariana, a transbordar rima
Com a sutileza da ocitocina
E a perfeição dos versos de Quintana...

17.10.06

O menino
(Para Alberto Santos Dumont)

_O homem voa?
_Voa...
_Voa nada...
O homem foi feito pra caminhada,
Pisar a terra,
Passear no chão.
Voar é próprio pra passarada,
Voar é coisa pro gavião...
Dizer que o homem voa é coisa errada,
Coisa completamente sem noção.

_O homem voa?
_Voa...
_Que tolice...
Quem foi que disse
Que o homem é de voar?
Se não tem asas, mas pés de andar na terra,
Como é que poderia, ele, alcançar
As nuvens distraídas sobre a serra
E os pássaros que passeiam sobre o mar?
Por não ter duas asas
Mas duas pernas,
Tudo que o homem sabe
E pode é andar.

_ O homem voa?
_Voa..
_Voa não....
Só nas histórias da imaginação,
Só nos delírios da fantasia,
Porque sem asas, com que condição?
Porque sem elas, como poderia?
Voar é coisa de contos de ficção,
Palavra criada pra escrever poesia,
Por isso quem tentou, tentou em vão
Por isso é que ninguém conseguiria...

_ O homem voa?
_Voa...
E o menino não percebia,
Mas enquanto ele respondia, decolava,
Possivelmente porque enquanto respondia
Trazia um coração que volitava
Levando o menino, que por isso já sabia
Desde quando ninguém ainda sonhava....
O coração do menino era o seu guia
E o menino ia para onde o coração levava..
“O homem voa?” E o menino respondia
“Voa” à pergunta que o professor perguntava.
Não era ali o menino o que aprendia
Posto que era o menino o que ensinava.

_O homem voa?
_Voa
Naquela hora
Daquele dia
Já desde ali o homem então voava...
Irresistivel
(Para minha amiga Val)

Ah,
Eu seria capaz,
Como seria,
De fazer versos sem rima
Tentando fazer poesia,
De ir a China
Atrás de uma guria,
De assoviar
E ao mesmo tempo
Chupar cana,
Mas acredite:
Absolutamente incapaz
De resistir
A um verso de Quintana...
Seria capaz de cantar
Musica chilena,
Musica gauchesca,
Mil balalaikas,
Musica cubana...
De ir acampar no Alasca,
De passar o mes sem grana,
Seria capaz,
Eu juro
De beber chimarrão puro
(ai que drama)
Mas
Jamais
De resistir
A um verso de Quintana...
Seria sim
Capaz
De falar de amamentação
E me esquecer
De como é
Que um bebe mama...
Seria capaz
De dar plantão
Em fim de semana,
De matar aula
E achar isso bacana,
De beber uma Skol
E achar que bebi uma Brahma...
Mas quem te disse
Que eu resisto
A um verso
De Quintana?

14.10.06

O poema que havia aqui...

Quando um poema é mal dedicado
E o seu destinatário o desmerece inteiro,
E o que era doce torna-se salgado
E o que era aromático, sem cheiro,

E se o que foi carinhosamente preparado
Como se fosse um exótico tempero
Torna-se azedo, destemperado
E de aspecto ruim, feito um atoleiro,

Então é necessário ao poema errado
Mais que imediatamente ser trocado
Como quem troca de cela um prisioneiro,

E enquanto um novo poema é rabiscado,
Verso nenhum é melhor que um mal versado
Até que um verso novo e um novo herdeiro...

13.10.06

A Minha Amiga Perfeita
(Para Carla Brasil)

Perfeita minha amiga
Que me encanta.
Cada vez que penso nela
É como se ela estivesse do meu lado.
Perfeita minha amiga
Que amo muito
E por quem estarei
Sempre encantado.