Felicidade sempre
Felicidade sempre.
Mesmo quando rala,
Quando longe,
Quando triste,
Mesmo quando a gente
Acha que não existe,
Felicidade sempre,
Vitaminada,
Purpurinada,
Reluzente,
Trazendo um Ano Novo
So pra gente,
E ainda que isso seja só poesia,
E ainda hoje em dia
Todo dia seja igual
A todo dia,
E ainda que a felicidade
Esteja ausente,
Eu te desejo sempre
Felicidade,
E sempre,
Porque a felicidade
É geralmente
Persistente,
Reticente,
Paciente,
Coerente
E intermitente...
Portanto,
Experimente
Simpresmente
Felicidade
Que é uma vez
E é para sempre...
30.12.05
9.12.05
Assim...
O coração é assim:
Desatinado,
Desinibido,
Descontraido,
Desabalado...
Às vezes crê no que não faz sentido...
Às vezes foge pelo lado errado...
Às vezes morre da flexa de um cupido...
Às vezes foge de um anjo alado...
O coração é assim:
Às vezes julga-se um senhor sabido...
Às vezes sente-se um pobre coitado...
O coração é assim:
Inesgotável,
Mágico,
Indefinido...
Eternamente
Desconcertado...
O coração é assim:
Desatinado,
Desinibido,
Descontraido,
Desabalado...
Às vezes crê no que não faz sentido...
Às vezes foge pelo lado errado...
Às vezes morre da flexa de um cupido...
Às vezes foge de um anjo alado...
O coração é assim:
Às vezes julga-se um senhor sabido...
Às vezes sente-se um pobre coitado...
O coração é assim:
Inesgotável,
Mágico,
Indefinido...
Eternamente
Desconcertado...
5.12.05
O Coração Materno
Ao escutar, dia desses, Chopin, recordei-me da minha infancia, da minha mãe ao piano, de como eu era feliz...
E chorei...
O piano Essenfelder na sala da frente
Da nossa casa, na Rua Benta Pereira,
Tocando Chopin delicadamente...
A minha mãe, assim, dessa maneira,
Ao piano da sala, docemente,
Por dedicação ou por brincadeira
Tocava Chopin pra gente
Na nossa casa, por nossa infancia inteira...
Noturnos clareando aqueles dias,
Berceuses como se fossem poesias,
Todos os sabados pela manhã...
O piano na sala e, delicado,
O coração da minha mãe, emocionado,
Ouvindo a minha mãe tocar Chopin...
Ao escutar, dia desses, Chopin, recordei-me da minha infancia, da minha mãe ao piano, de como eu era feliz...
E chorei...
O piano Essenfelder na sala da frente
Da nossa casa, na Rua Benta Pereira,
Tocando Chopin delicadamente...
A minha mãe, assim, dessa maneira,
Ao piano da sala, docemente,
Por dedicação ou por brincadeira
Tocava Chopin pra gente
Na nossa casa, por nossa infancia inteira...
Noturnos clareando aqueles dias,
Berceuses como se fossem poesias,
Todos os sabados pela manhã...
O piano na sala e, delicado,
O coração da minha mãe, emocionado,
Ouvindo a minha mãe tocar Chopin...
20.11.05
A maldade
Limpe o seu coração dessa maldade
E modifique seu pensamento.
Afaste-se de vez da obscuridade.
E purifique-se quando ainda é tempo.
Experimente cordialidade,
Delicadeza como pensamento.
Ninguem habita a imbecilidade
O tempo inteiro e sempre cem por cento.
Desista de ser mau assim. Quem sabe
A estupidez que há em voce acabe
E não reapareça nunca mais...
Limpe seu coração de vez. E viva
Essa sua felicidade compulsiva...
E esteja pronto pra morrer em paz...
Limpe o seu coração dessa maldade
E modifique seu pensamento.
Afaste-se de vez da obscuridade.
E purifique-se quando ainda é tempo.
Experimente cordialidade,
Delicadeza como pensamento.
Ninguem habita a imbecilidade
O tempo inteiro e sempre cem por cento.
Desista de ser mau assim. Quem sabe
A estupidez que há em voce acabe
E não reapareça nunca mais...
Limpe seu coração de vez. E viva
Essa sua felicidade compulsiva...
E esteja pronto pra morrer em paz...
A rodovia da buracaria
Para a BR 101, também chamada rodovia da morte.
Seja bem-vindo a minha rodovia,
Mas não repare os buracos que ela tem.
São feito assombração: a gente chia
E quanto mais chia, mais buracos vem...
E tem buracos, minha rodovia,
Capazes de aborrecer um mestre zen,
Cortarem o efeito de uma anestesia,
Fazerem uma grávida ganhar neném...
A rodovia da buracaria...
Não falta nela buraco pra ninguém...
E cada um deles e uma garantia
De sempre mais buraco ano que vem...
Tem buraquinho pura porcaria,
Tem buracão onde cabe um trem,
Buraco servindo de moradia,
Buraco onde funciona um armazém,
Buraco dado como cortesia,
Buraco do mal, buraco do bem,
Buraco do tamanho da Bahia,
Buraco que vai daqui até Xerém,
Já tem buraco nela dando cria,
Buraco chamando buraco de meu bem,
Buraco de programa, buraco guia,
Buraco cheio de nhem nhem nhem...
Buracos que o Bin Laden adoraria,
Buraco a cara do Sadam Houssaim,
Até o Guiness vai, no próximo Guia,
Contar quantos buracos que ela tem,
E sempre que a viagem for um saco
E o radio não estiver pegando bem,
Experimente contar buraco
Zerando o contador a cada cem...
Uma anti-Midas, minha rodovia:
Todo veiculo que ela toca vira um caco.
Nunca se esqueça, pois, da companhia
Do step balanceado e do macaco...
E, qualquer dia, eu não me espantaria
Se, usando um equipamento ultra-compacto,
Criarem uma nova rodovia
Ligando um buraco a outro buraco...
Seja bem-vindo a minha rodovia
Mas não se esqueça de trazer dinheiro:
A rodovia da buracaria
É o paraíso do borracheiro...
Abandonada, a minha rodovia...
Tratada sem cuidado e sem perdão...
A rodo-morte, a buraco-via,
Envergonhando o nome da Nação...
Para a BR 101, também chamada rodovia da morte.
Seja bem-vindo a minha rodovia,
Mas não repare os buracos que ela tem.
São feito assombração: a gente chia
E quanto mais chia, mais buracos vem...
E tem buracos, minha rodovia,
Capazes de aborrecer um mestre zen,
Cortarem o efeito de uma anestesia,
Fazerem uma grávida ganhar neném...
A rodovia da buracaria...
Não falta nela buraco pra ninguém...
E cada um deles e uma garantia
De sempre mais buraco ano que vem...
Tem buraquinho pura porcaria,
Tem buracão onde cabe um trem,
Buraco servindo de moradia,
Buraco onde funciona um armazém,
Buraco dado como cortesia,
Buraco do mal, buraco do bem,
Buraco do tamanho da Bahia,
Buraco que vai daqui até Xerém,
Já tem buraco nela dando cria,
Buraco chamando buraco de meu bem,
Buraco de programa, buraco guia,
Buraco cheio de nhem nhem nhem...
Buracos que o Bin Laden adoraria,
Buraco a cara do Sadam Houssaim,
Até o Guiness vai, no próximo Guia,
Contar quantos buracos que ela tem,
E sempre que a viagem for um saco
E o radio não estiver pegando bem,
Experimente contar buraco
Zerando o contador a cada cem...
Uma anti-Midas, minha rodovia:
Todo veiculo que ela toca vira um caco.
Nunca se esqueça, pois, da companhia
Do step balanceado e do macaco...
E, qualquer dia, eu não me espantaria
Se, usando um equipamento ultra-compacto,
Criarem uma nova rodovia
Ligando um buraco a outro buraco...
Seja bem-vindo a minha rodovia
Mas não se esqueça de trazer dinheiro:
A rodovia da buracaria
É o paraíso do borracheiro...
Abandonada, a minha rodovia...
Tratada sem cuidado e sem perdão...
A rodo-morte, a buraco-via,
Envergonhando o nome da Nação...
31.10.05
Uma palavra
Aos que se foram
Uma palavra que não tem medida,
Uma medida sem tradução,
Um gosto amargo de despedida,
Uma pontada arranhando o coração...
Uma palavra para toda a vida,
Uma vontade de que não fosse não,
Uma saudade mal traduzida
Palavra feita de solidão...
Uma palavra que não se acaba,
Uma saudade presa na palavra,
Uma palavra: desolação...
Uma palavra de pronuncia amarga,
Uma palavra aberta, feito chaga,
Uma vontade de abraçar-te em vão...
Aos que se foram
Uma palavra que não tem medida,
Uma medida sem tradução,
Um gosto amargo de despedida,
Uma pontada arranhando o coração...
Uma palavra para toda a vida,
Uma vontade de que não fosse não,
Uma saudade mal traduzida
Palavra feita de solidão...
Uma palavra que não se acaba,
Uma saudade presa na palavra,
Uma palavra: desolação...
Uma palavra de pronuncia amarga,
Uma palavra aberta, feito chaga,
Uma vontade de abraçar-te em vão...
30.10.05
Os prostitutas estão voltando
Em Campos, minha cidade, assim que foi anunciada a realização de uma nova eleição para prefeito, a classe politica fez profundas revisões ideológico-partidarias e iniciou o troca-troca de partido como quem troca de cueca suja...
Os prostitutas estão voltando...
Sem querer, entretanto, ofender as prostitutas...
Os prostitutas estão voltando,
Por qualquer raspa de voto se vendendo,
Pelo sabor de um cargo, vão trocando
De opinião ou de lider, dependendo...
Os prostitutas, de volta, se ofertando,
Pra qualquer eleitor se derretendo,
Sorrindo, conversando, discursando,
Fazendo, acontecendo, prometendo...
Os prostitutas de volta, se esmerando
Em revelar sempre bons principios quando
Na realidade não tem remendo...
Os prostitutas de volta, sempre em bando,
Por meio voto qualquer se desmanchando,
Por quase nada se desmerecendo...
Em Campos, minha cidade, assim que foi anunciada a realização de uma nova eleição para prefeito, a classe politica fez profundas revisões ideológico-partidarias e iniciou o troca-troca de partido como quem troca de cueca suja...
Os prostitutas estão voltando...
Sem querer, entretanto, ofender as prostitutas...
Os prostitutas estão voltando,
Por qualquer raspa de voto se vendendo,
Pelo sabor de um cargo, vão trocando
De opinião ou de lider, dependendo...
Os prostitutas, de volta, se ofertando,
Pra qualquer eleitor se derretendo,
Sorrindo, conversando, discursando,
Fazendo, acontecendo, prometendo...
Os prostitutas de volta, se esmerando
Em revelar sempre bons principios quando
Na realidade não tem remendo...
Os prostitutas de volta, sempre em bando,
Por meio voto qualquer se desmanchando,
Por quase nada se desmerecendo...
26.10.05
A dor
"A dor faz a evolução e a evolução anula progressivamente a dor."
Pietro Ubaldi
Não tem valor quando só desespera,
Só faz crescer a auto-compaixão...
É insuficiente, a dor, quando não gera
A complacencia, o perdão...
Nem é bastante quando dilacera
E ainda assim não toca o coração...
Se faz brotar, em quem a sente, a fera,
Carece, a dor, sofrer repetição...
Se não desarma, a dor fica latente...
Se não sublima, não é suficiente...
Não faz sentido a dor, não tem razão...
Inutil a dor, ainda quando diária...
Se não eleva, é desnecessária...
É espectro de dor... Não tem função...
"A dor faz a evolução e a evolução anula progressivamente a dor."
Pietro Ubaldi
Não tem valor quando só desespera,
Só faz crescer a auto-compaixão...
É insuficiente, a dor, quando não gera
A complacencia, o perdão...
Nem é bastante quando dilacera
E ainda assim não toca o coração...
Se faz brotar, em quem a sente, a fera,
Carece, a dor, sofrer repetição...
Se não desarma, a dor fica latente...
Se não sublima, não é suficiente...
Não faz sentido a dor, não tem razão...
Inutil a dor, ainda quando diária...
Se não eleva, é desnecessária...
É espectro de dor... Não tem função...
Como escrever um soneto
Invente um verso, qualquer um, primeiro,
E um outro verso logo em seguida.
Pra rima ficar feliz faça um terceiro.
E um quarto. Pronto. Quadra concluida.
Mas pro soneto tornar-se verdadeiro
Uma outra quadra há de ser acrescida...
Escreva mais um verso corriqueiro...
Segunda quadra. Missão cumprida.
Ta quase pronto. Quase completo.
Uma outra frase aqui e o seu projeto
Possui, já, duas quadras e um terceto...
Escreva mais um verso e de uma olhada:
Parece que, agora sim, não falta nada,
Está prtonto pra uso o seu soneto...
Invente um verso, qualquer um, primeiro,
E um outro verso logo em seguida.
Pra rima ficar feliz faça um terceiro.
E um quarto. Pronto. Quadra concluida.
Mas pro soneto tornar-se verdadeiro
Uma outra quadra há de ser acrescida...
Escreva mais um verso corriqueiro...
Segunda quadra. Missão cumprida.
Ta quase pronto. Quase completo.
Uma outra frase aqui e o seu projeto
Possui, já, duas quadras e um terceto...
Escreva mais um verso e de uma olhada:
Parece que, agora sim, não falta nada,
Está prtonto pra uso o seu soneto...
19.10.05
Pela vida...
Eu sempre sim. O sim que é pela vida.
Pela não cooperação, o sim, com o mal.
A não violencia como unica saida.
A não violencia como habito essencial.
Eu sempre o sim da alma convencida
A não cooperar com o caos social,
Com a morte por tiro, com a bala perdida,
Com o revolver como simbolo nacional,
Com a violencia banalizada,
Com a estupidez como gesto habitual,
Com a morte, como se a vida fosse nada
E como se matar fosse normal...
Se a bala que estraçalha o corpo humano
E faz jorrar o sangue onde antes não,
Gerando panico por causar o dano,
Causando a morte por hipotensão,
Se a bala que transpassa a artéria aorta,
Se a bala, causadora da lesão
Que torna a coisa viva coisa morta
Contar com minha eventual aprovação,
Eu perderei a minha dignidade...
Eu nunca mais merecerei perdão...
Quem se associa à animalidade
Não faz por merecer a compaixão...
Eu sempre sim. Até quando as pistolas
Forem expulsas das nossas escolas
E ali entrarem somente a letra e o pão...
Eu sempre sim. Até quando os gatilhos
Pouparem a vida dos nossos filhos,
Poupando a honra da nossa nação...
Um sim para que mortes desse jeito:
Um tiro no abdome, outro no peito,
Desapareçam de circulação...
O armamentismo cruel e insensato
Vulgarizou a morte, o assassinato,
O crime, o sangue, o ódio sem razão...
Eu sempre sim. Pela vida. Menos tiros.
Mais alegrias. Menos suspiros.
Diante da bala ninguém é cidadão...
Pela esperança. Pela decencia.
Pela não cooperação com a violencia.
Não disse Cristo a Pedro assim, em vão:
Pedro, embainha a tua espada...
Passarão o Céu e a Terra, como um nada,
Mas as palavras de Jesus não passarão...
Eu sempre sim. O sim que é pela vida.
Pela não cooperação, o sim, com o mal.
A não violencia como unica saida.
A não violencia como habito essencial.
Eu sempre o sim da alma convencida
A não cooperar com o caos social,
Com a morte por tiro, com a bala perdida,
Com o revolver como simbolo nacional,
Com a violencia banalizada,
Com a estupidez como gesto habitual,
Com a morte, como se a vida fosse nada
E como se matar fosse normal...
Se a bala que estraçalha o corpo humano
E faz jorrar o sangue onde antes não,
Gerando panico por causar o dano,
Causando a morte por hipotensão,
Se a bala que transpassa a artéria aorta,
Se a bala, causadora da lesão
Que torna a coisa viva coisa morta
Contar com minha eventual aprovação,
Eu perderei a minha dignidade...
Eu nunca mais merecerei perdão...
Quem se associa à animalidade
Não faz por merecer a compaixão...
Eu sempre sim. Até quando as pistolas
Forem expulsas das nossas escolas
E ali entrarem somente a letra e o pão...
Eu sempre sim. Até quando os gatilhos
Pouparem a vida dos nossos filhos,
Poupando a honra da nossa nação...
Um sim para que mortes desse jeito:
Um tiro no abdome, outro no peito,
Desapareçam de circulação...
O armamentismo cruel e insensato
Vulgarizou a morte, o assassinato,
O crime, o sangue, o ódio sem razão...
Eu sempre sim. Pela vida. Menos tiros.
Mais alegrias. Menos suspiros.
Diante da bala ninguém é cidadão...
Pela esperança. Pela decencia.
Pela não cooperação com a violencia.
Não disse Cristo a Pedro assim, em vão:
Pedro, embainha a tua espada...
Passarão o Céu e a Terra, como um nada,
Mas as palavras de Jesus não passarão...
6.10.05
A Escola Jesus Cristo faz 70 anos
Em 27 de outubro de 2005 a EJC, fundada em 1935, faz aniversário...
A Escola Jesus Cristo faz setenta anos
Cumprindo sua missão,
Acompanhando, compreendendo,
Tomando conta do nosso coração...
Setenta anos, a Escola Jesus Cristo,
Exercitando a multiplicação
Do pão, do peixe, da luz, da vida,
Da gentileza, da gratidão...
E faz setenta a Escola Jesus Cristo,
Como quem recebe o visto,
Como quem guarda o mérito do louro...
Ah, minha Escola setentenária...
Ah, minha fonte de amor diária...
A Escola Jesus Cristo... Ah, meu tesouro...
Em 27 de outubro de 2005 a EJC, fundada em 1935, faz aniversário...
A Escola Jesus Cristo faz setenta anos
Cumprindo sua missão,
Acompanhando, compreendendo,
Tomando conta do nosso coração...
Setenta anos, a Escola Jesus Cristo,
Exercitando a multiplicação
Do pão, do peixe, da luz, da vida,
Da gentileza, da gratidão...
E faz setenta a Escola Jesus Cristo,
Como quem recebe o visto,
Como quem guarda o mérito do louro...
Ah, minha Escola setentenária...
Ah, minha fonte de amor diária...
A Escola Jesus Cristo... Ah, meu tesouro...
A contra-mão
Após escutar o novo CD de Zeca Baleiro, onde ele afirma que o melhor da vida é sexo e ócio...
Meu caro e prezadissimo patricio:
Melhor é sexo e ócio? E é só isso?
Nenhum cantinho para o coração?
Eu tento concordar... Mas é dificil.
Se o melhor é o sexo e o ócio, desde o inicio
Eu devo ter tomado a contra-mão...
Após escutar o novo CD de Zeca Baleiro, onde ele afirma que o melhor da vida é sexo e ócio...
Meu caro e prezadissimo patricio:
Melhor é sexo e ócio? E é só isso?
Nenhum cantinho para o coração?
Eu tento concordar... Mas é dificil.
Se o melhor é o sexo e o ócio, desde o inicio
Eu devo ter tomado a contra-mão...
2.10.05
O ódio
Nem é preciso que seja um ódio intenso,
Desabalado, desconcertante,
Feito uma lama de petróleo, denso,
Feito um Rio Amazonas, transbordante...
Nem necessário que seja, o ódio, imenso
Feito uma onda gigante,
Tampouco que ele seja tão extenso
Quanto é o aneurisma dissecante...
Basta que seja ódio pra que seja
Como uma artéria que já não lateja,
Como uma doença sem cura...
Basta que seja ódio, e isso basta
Para que seja a escuridão nefasta
E absoluta, como a sepultura...
Nem é preciso que seja um ódio intenso,
Desabalado, desconcertante,
Feito uma lama de petróleo, denso,
Feito um Rio Amazonas, transbordante...
Nem necessário que seja, o ódio, imenso
Feito uma onda gigante,
Tampouco que ele seja tão extenso
Quanto é o aneurisma dissecante...
Basta que seja ódio pra que seja
Como uma artéria que já não lateja,
Como uma doença sem cura...
Basta que seja ódio, e isso basta
Para que seja a escuridão nefasta
E absoluta, como a sepultura...
5.9.05
O poeta faz quarenta e seis anos...
Quando mais tarde
Já for madrugada,
E o dia for o sexto desse mês,
E já estiver dormindo a gurizada,
Vamos soprar as velhinhas:
Parabéns...
O poeta hoje
Faz quarenta e seis...
Vamos soprar as velhinhas
Pro poeta
De versos diversos
De amor e insensatez...
Versos de diversão e desespero,
Versos de contra mão e de atoleiro,
Versos de coração pro mundo inteiro
Porque essa vez
É a do poeta fazer quarenta e seis...
Depois de versos em castelhano
Jamais escritos, como em javanês,
Tampouco rimas feitas em alemão,
Ou redondilhas todas em inglês,
Quem sabe um dia como no Japão,
Como no Congo ou no Cazaquistão,
Quem sabe um dia em francês,
Mas hoje não,
Porque o poeta hoje
Faz quarenta e seis...
Depois de rimas para Lindamara,
Depois de versos para Marines,
Depois de estrofezinhas para Iara,
De decassílabos para alguma ex,
Sonetos para Lara,
Quadrinhas para Sara,
Repentes para Maria das Mercês,
Hoje o poeta,
Figura rara,
Fica em silencio
E faz quarenta e seis...
Depois de versos proscritos
Temperados com acidez,
Palavras contra
Maldades alheias,
Rimas brigando contra a estupidez,
Depois de textos malditos
Escritos pra enfrentar
A luz e as leis,
Hoje descansa
A velha criança
Que no poeta
Faz quarenta e seis...
Depois de ritmos diversos,
Dia a dia,
Mês a mês,
Muitos versos,
Vários versos,
Três ou quatro
Ou cinco ou seis,
Depois de pencas de versos
Então eis
Que hoje o poeta
Faz quarenta e seis...
Por isso guardou suas rimas,
Escondeu seu português,
Jogou a caneta fora,
O notebook? Talvez...
Parece que foi-se embora,
Disseram que não demora,
Terá ido jantar fora?
Não sabeis?
O poeta esta dormindo
Por agora...
O poeta acaba
De fazer quarenta e seis...
Quando mais tarde
Já for madrugada,
E o dia for o sexto desse mês,
E já estiver dormindo a gurizada,
Vamos soprar as velhinhas:
Parabéns...
O poeta hoje
Faz quarenta e seis...
Vamos soprar as velhinhas
Pro poeta
De versos diversos
De amor e insensatez...
Versos de diversão e desespero,
Versos de contra mão e de atoleiro,
Versos de coração pro mundo inteiro
Porque essa vez
É a do poeta fazer quarenta e seis...
Depois de versos em castelhano
Jamais escritos, como em javanês,
Tampouco rimas feitas em alemão,
Ou redondilhas todas em inglês,
Quem sabe um dia como no Japão,
Como no Congo ou no Cazaquistão,
Quem sabe um dia em francês,
Mas hoje não,
Porque o poeta hoje
Faz quarenta e seis...
Depois de rimas para Lindamara,
Depois de versos para Marines,
Depois de estrofezinhas para Iara,
De decassílabos para alguma ex,
Sonetos para Lara,
Quadrinhas para Sara,
Repentes para Maria das Mercês,
Hoje o poeta,
Figura rara,
Fica em silencio
E faz quarenta e seis...
Depois de versos proscritos
Temperados com acidez,
Palavras contra
Maldades alheias,
Rimas brigando contra a estupidez,
Depois de textos malditos
Escritos pra enfrentar
A luz e as leis,
Hoje descansa
A velha criança
Que no poeta
Faz quarenta e seis...
Depois de ritmos diversos,
Dia a dia,
Mês a mês,
Muitos versos,
Vários versos,
Três ou quatro
Ou cinco ou seis,
Depois de pencas de versos
Então eis
Que hoje o poeta
Faz quarenta e seis...
Por isso guardou suas rimas,
Escondeu seu português,
Jogou a caneta fora,
O notebook? Talvez...
Parece que foi-se embora,
Disseram que não demora,
Terá ido jantar fora?
Não sabeis?
O poeta esta dormindo
Por agora...
O poeta acaba
De fazer quarenta e seis...
20.8.05
Lição de Conjugação
(conjugação, o mesmo que ligação; que junção)
Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Como a palavra
A contagiar
Quem experimenta...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
É muito bom para todos quantos tentam...
Eu amamento exclusivamente.
Sou cem por cento peito dependente,
O peito é a fonte ampla de sustento
Para o meu rebento.
Tu amamentas
Sempre com um sorriso
E tantas vezes
Quanto for preciso:
Dez, vinte, cincoenta,
Duzentas vezes duzentas,
Porque amamentar
É experimentar
Um pedacinho
Do paraíso...
Ele amamenta
Quando me sustenta
Quando me apóia,
Quando me ajuda
Ou mesmo quando tenta...
No movimento
Do trem da vida
O leite materno
É o motor
Que o movimenta...
Nós amamentamos
Quando nos reunimos,
Quando conversamos,
Quando discutimos
Quando discordamos,
Quando concluímos,
E mesmo às vezes que erramos
Nós amamentamos
Porque é corrigindo erros
Que seguimos...
Vós amamentais
Quando, pela paz,
Ofertais luz...
E quando, envolta em luz,
Encontrais paz...
E quanto mais
Amamentais
Tanto mais delicadeza produz
O vosso peito...
E isso é perfeito...
Mas desse jeito
Somente o leite materno
E nada mais...
Eles amamentam
Quando acordam,
Quando deitam,
Quando choram,
Quando sentam,
Quando é por medo
Eles se apacientam,
Quando é por frio
Eles se acalentam,
Quando é só pra brincar
Eles inventam
E brincam de brincar de mamar
Mas quando estão com fome
Não agüentam:
Eles amamentam,
Ah, se amamentam,
E como amamentam...
É fácil conjugar o verbo inteiro:
Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Do Oiapoque ao Chui
Passando pelo Rio de Janeiro...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
Quem ganha com isso
É o povo brasileiro...
(conjugação, o mesmo que ligação; que junção)
Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Como a palavra
A contagiar
Quem experimenta...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
É muito bom para todos quantos tentam...
Eu amamento exclusivamente.
Sou cem por cento peito dependente,
O peito é a fonte ampla de sustento
Para o meu rebento.
Tu amamentas
Sempre com um sorriso
E tantas vezes
Quanto for preciso:
Dez, vinte, cincoenta,
Duzentas vezes duzentas,
Porque amamentar
É experimentar
Um pedacinho
Do paraíso...
Ele amamenta
Quando me sustenta
Quando me apóia,
Quando me ajuda
Ou mesmo quando tenta...
No movimento
Do trem da vida
O leite materno
É o motor
Que o movimenta...
Nós amamentamos
Quando nos reunimos,
Quando conversamos,
Quando discutimos
Quando discordamos,
Quando concluímos,
E mesmo às vezes que erramos
Nós amamentamos
Porque é corrigindo erros
Que seguimos...
Vós amamentais
Quando, pela paz,
Ofertais luz...
E quando, envolta em luz,
Encontrais paz...
E quanto mais
Amamentais
Tanto mais delicadeza produz
O vosso peito...
E isso é perfeito...
Mas desse jeito
Somente o leite materno
E nada mais...
Eles amamentam
Quando acordam,
Quando deitam,
Quando choram,
Quando sentam,
Quando é por medo
Eles se apacientam,
Quando é por frio
Eles se acalentam,
Quando é só pra brincar
Eles inventam
E brincam de brincar de mamar
Mas quando estão com fome
Não agüentam:
Eles amamentam,
Ah, se amamentam,
E como amamentam...
É fácil conjugar o verbo inteiro:
Eu amamento,
Tu amamentas,
Ele amamenta...
Do Oiapoque ao Chui
Passando pelo Rio de Janeiro...
Nós amamentamos,
Vós amamentais,
Eles amamentam...
Quem ganha com isso
É o povo brasileiro...
6.8.05
A minha mãe
Minha mãe fez ontem 75 anos de idade.
Assistiu ao horror da Grande Guerra, enfrentar as perdas de seu pai, da sua mãe, de dois irmãos, do esposo amado e de um filho muito querido com serenidade...
Após vencer a provação do enfrentamento das lutas da vida com suavidade plena, minha mãezinha Hilda cruzou os 75 com a graça de uma bailarina aos 15.
Para minha mãe, meu poema...
De onde vem, mãe,
Essa sua força impressionante
Capaz de calar
A noite que apavora?
De onde essa sua leveza flutuante?
De onde essa sua prontidão sem hora?
De onde essa certeza da sua mão
Capaz de fazer parar
Uma bala de canhão?
Esse carinho que nunca cessa?
Essa sua falta de pressa
Para o auxilio
Ao amigo,
Ao irmão,
Ao esposo,
Ao pai,
À mãe
E ao filho?
De onde essa sua alma sempre preparada
Para reagir à estupidez lavada,
Ao desamor tamanho
E transformá-lo
Em fruto,
Em doce,
Em paz,
Em vida,
Em ganho?
E essa sua disposição que não se cansa
E faz de cada filho Sua criança,
E cuida os netos
Como cuida os filhos,
E a bisnetinha
Como se fosse elazinha
Uma rainha?
De onde essa sua explosão sem fim de afetos?
Essa sua uva, minha mãe, diz de que vinha
Que faz passar nossas dores,
Desfazer as discussões,
Arrumar os desacertos e incertezas
E afugentar malfeitores
E ladrões?
De onde essa sua fibra, minha mãe,
E essa serenidade incomum
Da sua voz
Capaz de desatar nós
Quando emitida,
Capaz de gerar a luz,
Capaz de gerar a vida?
De onde esse seu coração que enfrenta tudo:
Derrota, luto, perda, desamor,
Ingratidão, desrespeito, o mal absurdo,
Usando o amor, e mais nada, como escudo,
E semeando por ai o amor?
Vem dessa alma
Que só as mães tem
Tecida com fios de querer-bem,
E com retalhos de sinceridade,
Alimentada com as pilhas alcalinas
Da boa-vontade,
Pintada com as cores cristalinas
Da sinceridade...
Vem dos pedacinhos de amor que Deus
Recolheu no Paraíso
Porque mandar Anjos pra habitar a Terra
Era preciso... Vem da essência escondida
Da formula da alegria,
Que às vezes se chama vida,
Outras vezes, poesia,
Muitas vezes, mãe serena,
Muitas, mãe sem garantia
Que empresta calor,
Carinho,
Compreensão,
Companhia...
Vem da palavra verdade,
Da missão sempre cumprida,
Vem dessa luz que ilumina os olhos meus...
Vem da serenidade
Enternecida,
Vem do berço,
Vem dos Anjos,
Vem de Deus...
Minha mãe fez ontem 75 anos de idade.
Assistiu ao horror da Grande Guerra, enfrentar as perdas de seu pai, da sua mãe, de dois irmãos, do esposo amado e de um filho muito querido com serenidade...
Após vencer a provação do enfrentamento das lutas da vida com suavidade plena, minha mãezinha Hilda cruzou os 75 com a graça de uma bailarina aos 15.
Para minha mãe, meu poema...
De onde vem, mãe,
Essa sua força impressionante
Capaz de calar
A noite que apavora?
De onde essa sua leveza flutuante?
De onde essa sua prontidão sem hora?
De onde essa certeza da sua mão
Capaz de fazer parar
Uma bala de canhão?
Esse carinho que nunca cessa?
Essa sua falta de pressa
Para o auxilio
Ao amigo,
Ao irmão,
Ao esposo,
Ao pai,
À mãe
E ao filho?
De onde essa sua alma sempre preparada
Para reagir à estupidez lavada,
Ao desamor tamanho
E transformá-lo
Em fruto,
Em doce,
Em paz,
Em vida,
Em ganho?
E essa sua disposição que não se cansa
E faz de cada filho Sua criança,
E cuida os netos
Como cuida os filhos,
E a bisnetinha
Como se fosse elazinha
Uma rainha?
De onde essa sua explosão sem fim de afetos?
Essa sua uva, minha mãe, diz de que vinha
Que faz passar nossas dores,
Desfazer as discussões,
Arrumar os desacertos e incertezas
E afugentar malfeitores
E ladrões?
De onde essa sua fibra, minha mãe,
E essa serenidade incomum
Da sua voz
Capaz de desatar nós
Quando emitida,
Capaz de gerar a luz,
Capaz de gerar a vida?
De onde esse seu coração que enfrenta tudo:
Derrota, luto, perda, desamor,
Ingratidão, desrespeito, o mal absurdo,
Usando o amor, e mais nada, como escudo,
E semeando por ai o amor?
Vem dessa alma
Que só as mães tem
Tecida com fios de querer-bem,
E com retalhos de sinceridade,
Alimentada com as pilhas alcalinas
Da boa-vontade,
Pintada com as cores cristalinas
Da sinceridade...
Vem dos pedacinhos de amor que Deus
Recolheu no Paraíso
Porque mandar Anjos pra habitar a Terra
Era preciso... Vem da essência escondida
Da formula da alegria,
Que às vezes se chama vida,
Outras vezes, poesia,
Muitas vezes, mãe serena,
Muitas, mãe sem garantia
Que empresta calor,
Carinho,
Compreensão,
Companhia...
Vem da palavra verdade,
Da missão sempre cumprida,
Vem dessa luz que ilumina os olhos meus...
Vem da serenidade
Enternecida,
Vem do berço,
Vem dos Anjos,
Vem de Deus...
1.8.05
Vida longa para a poesia
Escrito em dedicatória à comunidade quasepoesia que meu sobrinho criou no orkut em minha homenagem, em homenagem à minha poesia, à minha quase poesia... www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3766873
Vida longa para a poesia,
E para suas rimas e surpresas...
Aqui no orkut, nos sites, blogs,
Nas páginas dos livros sobre as mesas...
Vida longa para a poesia,
Senhora mãe das delicadezas,
Madrinha boa da felicidade,
Pedra que lima asperezas...
E para a poesia vida longa,
Feito a do samba de Donga
Que sobreviveu...
Vida longa para a poesia...
E que haja poesia todo dia...
Porque a poesia é a luz do breu...
Escrito em dedicatória à comunidade quasepoesia que meu sobrinho criou no orkut em minha homenagem, em homenagem à minha poesia, à minha quase poesia... www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3766873
Vida longa para a poesia,
E para suas rimas e surpresas...
Aqui no orkut, nos sites, blogs,
Nas páginas dos livros sobre as mesas...
Vida longa para a poesia,
Senhora mãe das delicadezas,
Madrinha boa da felicidade,
Pedra que lima asperezas...
E para a poesia vida longa,
Feito a do samba de Donga
Que sobreviveu...
Vida longa para a poesia...
E que haja poesia todo dia...
Porque a poesia é a luz do breu...
27.7.05
O Amor
Aos amigos Erick e Giselle que recentemente se declararam marido e mulher.
Erick é meu colega de plantão e poesia: www.diadeplantao.zip.net
Nem é preciso que seja extravagante,
Inesgotável o amor, amor sem fim,
Absolutamente transbordante,
Não é preciso que seja o amor assim
Absolutamente espetacular, feito um diamante,
Escrito inteiro de palavra sim,
Não é preciso que seja impressionante
Como uma musica de Jobim...
Basta que feito de sinceridade,
Que guarde sempre boa vontade,
Supere as crises de contradição...
Basta que seja, então, amor, mais nada,
A unir quem ama à pessoa amada,
Basta que venha do coração...
Aos amigos Erick e Giselle que recentemente se declararam marido e mulher.
Erick é meu colega de plantão e poesia: www.diadeplantao.zip.net
Nem é preciso que seja extravagante,
Inesgotável o amor, amor sem fim,
Absolutamente transbordante,
Não é preciso que seja o amor assim
Absolutamente espetacular, feito um diamante,
Escrito inteiro de palavra sim,
Não é preciso que seja impressionante
Como uma musica de Jobim...
Basta que feito de sinceridade,
Que guarde sempre boa vontade,
Supere as crises de contradição...
Basta que seja, então, amor, mais nada,
A unir quem ama à pessoa amada,
Basta que venha do coração...
18.7.05
Os que escaparam...
É o próprio poema quem faz reverencia ao primeiro livro de poesias do autor deste blog, A PALAVRA DADA, recentemente lançado pela Editora Scortecci.
Pedidos e contatos: lamtavares@globo.com
Os que eram letra diária, pensamento,
Os que eram treinamento de retiro,
Continuos, assim como é o escapamento,
E repentinos, como é o suspiro,
E sem limites, como o firmamento,
E naturais como eu quando respiro,
Resolveram um dia ir morar dentro
Da página descendente do papiro...
E foi assim: registro após registro,
Depois de cada um deles ser revisto,
Os que escaparam, por algum motivo,
Hoje encarnaram, moram numa estante,
E, reformatados, de hoje em diante
Passeiam por ai dentro de um livro...
É o próprio poema quem faz reverencia ao primeiro livro de poesias do autor deste blog, A PALAVRA DADA, recentemente lançado pela Editora Scortecci.
Pedidos e contatos: lamtavares@globo.com
Os que eram letra diária, pensamento,
Os que eram treinamento de retiro,
Continuos, assim como é o escapamento,
E repentinos, como é o suspiro,
E sem limites, como o firmamento,
E naturais como eu quando respiro,
Resolveram um dia ir morar dentro
Da página descendente do papiro...
E foi assim: registro após registro,
Depois de cada um deles ser revisto,
Os que escaparam, por algum motivo,
Hoje encarnaram, moram numa estante,
E, reformatados, de hoje em diante
Passeiam por ai dentro de um livro...
7.7.05
Poemita para que Vero luego lo perfeccione
Escrito em portugues para minha amiga argentina
http://www.pixlog.net/default.php?u=verittenn que esta com sinusite. Vero amou tanto minha cartinha que versou para espanhol.
Fiquei feliz e preferi postar a versao.
:)
Vero... Ponete bien...
Con vos enferma el sol no sale...
El poema no rima...
La samba parece tango...
El tango parece samba...
La voz no sale del corazón porque está roto y triste...
Ponete bien, Vero...
Ven a hacer salir el sol con un brillo intenso...
Un poema inventar rimas sin fin...
A la samba sambar...
Al tango sonar como si fuera el bandoneon de piazzola...
Ponete bien para que mi voz grite muy alto desde aqui, desde Brasil...
Umun grito que podrá ser oido por todo Buenos Aires:
"Vero, nenita linda, nosotros te amamos"
Escrito em portugues para minha amiga argentina
http://www.pixlog.net/default.php?u=verittenn que esta com sinusite. Vero amou tanto minha cartinha que versou para espanhol.
Fiquei feliz e preferi postar a versao.
:)
Vero... Ponete bien...
Con vos enferma el sol no sale...
El poema no rima...
La samba parece tango...
El tango parece samba...
La voz no sale del corazón porque está roto y triste...
Ponete bien, Vero...
Ven a hacer salir el sol con un brillo intenso...
Un poema inventar rimas sin fin...
A la samba sambar...
Al tango sonar como si fuera el bandoneon de piazzola...
Ponete bien para que mi voz grite muy alto desde aqui, desde Brasil...
Umun grito que podrá ser oido por todo Buenos Aires:
"Vero, nenita linda, nosotros te amamos"
4.7.05
A Epistaxe
Certa vez escrevi num poema feito para minha mãe:
" E desde então, quando há ventania
Eu uso o vento pra escrever poesia
E o Anjo fica sempre do meu lado..."
Dia desses fui submetido por uma crise hipertensiva que se fez acompanhar por epistaxe intensa (sangramento nasal volumoso)...
Após intervenção médica adequada a pressão se normalizou e o sangramento cedeu...
Mas, seguindo a dica do poema anterior, usei o vento pra escrever poesia...
:)
Ao colega Dr. Odilon Silva
Surge do nada, e, sem pedir licença,
Vestindo-se de rubra cachoeira,
Aos poucos vai se revelando imensa
E ameaçadora, e traiçoeira...
Registro inconfundível de uma doença,
Bajula a morte bem à sua maneira...
Sorri às custas da crise hipertensa
E chora, feito chuva carpideira...
A epistaxe. O liquido, quando escorre
É como um grito avisando: trata ou morre,
Ou estanca a vida ou estanca a hemorragia...
A epistaxe. Senha incompassiva.
Ou voce vive ou deixa que ela viva
E quem vencer escreve uma poesia...
Certa vez escrevi num poema feito para minha mãe:
" E desde então, quando há ventania
Eu uso o vento pra escrever poesia
E o Anjo fica sempre do meu lado..."
Dia desses fui submetido por uma crise hipertensiva que se fez acompanhar por epistaxe intensa (sangramento nasal volumoso)...
Após intervenção médica adequada a pressão se normalizou e o sangramento cedeu...
Mas, seguindo a dica do poema anterior, usei o vento pra escrever poesia...
:)
Ao colega Dr. Odilon Silva
Surge do nada, e, sem pedir licença,
Vestindo-se de rubra cachoeira,
Aos poucos vai se revelando imensa
E ameaçadora, e traiçoeira...
Registro inconfundível de uma doença,
Bajula a morte bem à sua maneira...
Sorri às custas da crise hipertensa
E chora, feito chuva carpideira...
A epistaxe. O liquido, quando escorre
É como um grito avisando: trata ou morre,
Ou estanca a vida ou estanca a hemorragia...
A epistaxe. Senha incompassiva.
Ou voce vive ou deixa que ela viva
E quem vencer escreve uma poesia...
18.6.05
O coração assim
Para minha amiga www.fotolog.net/shimeni
Não precisa usar palavras pra dizer...
Dispensa os gestos para se expressar...
Quem desejar tenta-lo compreender
Há que aprender
A sentir o seu pulsar...
Porque o coração é assim:
Dispensa a boca quando quer sorrir,
Esquece o corpo quando quer amar...
E quando ama, o coração faz dividir
Ficar com jeito de multiplicar...
Para minha amiga www.fotolog.net/shimeni
Não precisa usar palavras pra dizer...
Dispensa os gestos para se expressar...
Quem desejar tenta-lo compreender
Há que aprender
A sentir o seu pulsar...
Porque o coração é assim:
Dispensa a boca quando quer sorrir,
Esquece o corpo quando quer amar...
E quando ama, o coração faz dividir
Ficar com jeito de multiplicar...
9.6.05
O Motivo
Minha amiga www.fotolog.net/nattygreff em seu post de hoje faz a pergunta da canção: "Será que existe alguém ou algum motivo importante, que justifique a vida ou pelo menos esse instante?"
O amor, porque ele justifica tudo.
O amor, talvez o unico motivo.
Porque é, talvez, o amor, o grande escudo.
Porque é, o amor, o autor do Grande Livro.
Então, se existe um motivo importante
Que justifique a vida, que ele seja
O amor com seu poder desconcertante
Como é o poder da boca quando beija.
O amor que torna todos os minutos
Inesquecivelmente absolutos.
O unico motivo: o amor. Mais nada...
O amor e os seus nós indissolutos...
O amor e os seus tentáculos ocultos...
O amor. Sutil como o som da madrugada...
Minha amiga www.fotolog.net/nattygreff em seu post de hoje faz a pergunta da canção: "Será que existe alguém ou algum motivo importante, que justifique a vida ou pelo menos esse instante?"
O amor, porque ele justifica tudo.
O amor, talvez o unico motivo.
Porque é, talvez, o amor, o grande escudo.
Porque é, o amor, o autor do Grande Livro.
Então, se existe um motivo importante
Que justifique a vida, que ele seja
O amor com seu poder desconcertante
Como é o poder da boca quando beija.
O amor que torna todos os minutos
Inesquecivelmente absolutos.
O unico motivo: o amor. Mais nada...
O amor e os seus nós indissolutos...
O amor e os seus tentáculos ocultos...
O amor. Sutil como o som da madrugada...
3.6.05
Meu feitio de oração
Uma amiga me disse assim no messenger:
“Orei por você ontem.
Você pode me retribuir fazendo o mesmo por mim.
O que você acha?”
Eu respondi começando assim.
E completei agora...
Enquanto vivo eu oro.
Enquanto eu choro,
Enquanto eu como
Eu oro, e quando estou com sono,
Também a cada vez que eu rio,
E quando eu saio,
E se eu morro de frio eu oro.
E quando eu caio,
E quando à noite eu me deito pra dormir,
E quando eu vou sair,
Se eu me demoro,
Eu, nessa hora,
Sem motivo,
Oro...
Eu quase nunca espalmo a mão na mão.
Eu quase nunca falo baixinho.
Eu quase nunca faço uma oração
Assim, do jeito certinho...
Eu oro quando estou sozinho.
Eu oro no meio da multidão.
Eu oro quando estou no meio do caminho
Ou na contra-mão.
Eu oro quando abraço um primo
E quando eu falo com meu irmão.
Cada vez que eu cometo um desatino eu oro,
Cada vez que eu melhoro,
Cada vez que eu escapo de um tiro de raspão.
Eu não decoro a letra da oração.
Às vezes eu fecho os olhos.
Outras vezes distraio a minha visão...
E, todavia,
É assim que eu oro.
É assim que eu falo com Deus.
De outra maneira não.
Não uso palavra.
Uso a vida.
Não uso a voz.
Uso a mão.
Mas não espalmada.
Estendida.
Às vezes a mão fechada.
Às vezes a mão no chão.
Às vezes a mão tremula e cansada.
Às vezes mesmo a mão desanimada
Por tanto lutar em vão...
Mas mesmo assim
Essa é a mão
Que eu movo e trago sempre em comunhão.
É meu feitio.
É minha condição.
É como se o orar deixasse cada poro.
Fizesse parte da minha respiração.
É assim, desse jeito, quando eu oro.
É dessa forma minha oração.
Uma amiga me disse assim no messenger:
“Orei por você ontem.
Você pode me retribuir fazendo o mesmo por mim.
O que você acha?”
Eu respondi começando assim.
E completei agora...
Enquanto vivo eu oro.
Enquanto eu choro,
Enquanto eu como
Eu oro, e quando estou com sono,
Também a cada vez que eu rio,
E quando eu saio,
E se eu morro de frio eu oro.
E quando eu caio,
E quando à noite eu me deito pra dormir,
E quando eu vou sair,
Se eu me demoro,
Eu, nessa hora,
Sem motivo,
Oro...
Eu quase nunca espalmo a mão na mão.
Eu quase nunca falo baixinho.
Eu quase nunca faço uma oração
Assim, do jeito certinho...
Eu oro quando estou sozinho.
Eu oro no meio da multidão.
Eu oro quando estou no meio do caminho
Ou na contra-mão.
Eu oro quando abraço um primo
E quando eu falo com meu irmão.
Cada vez que eu cometo um desatino eu oro,
Cada vez que eu melhoro,
Cada vez que eu escapo de um tiro de raspão.
Eu não decoro a letra da oração.
Às vezes eu fecho os olhos.
Outras vezes distraio a minha visão...
E, todavia,
É assim que eu oro.
É assim que eu falo com Deus.
De outra maneira não.
Não uso palavra.
Uso a vida.
Não uso a voz.
Uso a mão.
Mas não espalmada.
Estendida.
Às vezes a mão fechada.
Às vezes a mão no chão.
Às vezes a mão tremula e cansada.
Às vezes mesmo a mão desanimada
Por tanto lutar em vão...
Mas mesmo assim
Essa é a mão
Que eu movo e trago sempre em comunhão.
É meu feitio.
É minha condição.
É como se o orar deixasse cada poro.
Fizesse parte da minha respiração.
É assim, desse jeito, quando eu oro.
É dessa forma minha oração.
O Amor assim
Para minha amiga www.fotolog.net/bonecagtm que hoje publicou uma foto de seu amor, falando de amor...
Que seja sempre assim: palavra escrita,
Palavra além da palavra imaginada...
E que alimente a palavra dita...
E que sustente a palavra dada...
Que seja sempre assim: coisa sentida...
E porque coisa sentida, publicada...
Que seja a coisa mais publica da vida
E a coisa pessoal mais divulgada...
Amor. Que seja assim como o alimento
Da alma, do fotolog, do pensamento,
Da poesia, de cada um dos gestos seus...
Amor. Porque o amor não se copia.
Amor. Porque o amor é a cada dia.
Porque o amor é uma dádiva de Deus.
Para minha amiga www.fotolog.net/bonecagtm que hoje publicou uma foto de seu amor, falando de amor...
Que seja sempre assim: palavra escrita,
Palavra além da palavra imaginada...
E que alimente a palavra dita...
E que sustente a palavra dada...
Que seja sempre assim: coisa sentida...
E porque coisa sentida, publicada...
Que seja a coisa mais publica da vida
E a coisa pessoal mais divulgada...
Amor. Que seja assim como o alimento
Da alma, do fotolog, do pensamento,
Da poesia, de cada um dos gestos seus...
Amor. Porque o amor não se copia.
Amor. Porque o amor é a cada dia.
Porque o amor é uma dádiva de Deus.
1.6.05
29.5.05
Auto-retrato
Passarinho de alma cigarreira,
É feito só de musica o meu caminho...
A minha solidão é passageira...
Meu modo de escrever é passarinho
De alma cigarrinha. E eu vou cantando
Enquanto a vida vai me vivendo,
O som da musica, me dedilhando,
A poesia, mítica, me escrevendo...
Passarinho de alma cantadeira
Que canta musica alvissareira,
Não há nenhuma outra vida em mim...
Passarinho de alma cancioneira,
Eu vou vivendo assim dessa maneira
E enquanto canto, eu vou vivendo assim...
Passarinho de alma cigarreira,
É feito só de musica o meu caminho...
A minha solidão é passageira...
Meu modo de escrever é passarinho
De alma cigarrinha. E eu vou cantando
Enquanto a vida vai me vivendo,
O som da musica, me dedilhando,
A poesia, mítica, me escrevendo...
Passarinho de alma cantadeira
Que canta musica alvissareira,
Não há nenhuma outra vida em mim...
Passarinho de alma cancioneira,
Eu vou vivendo assim dessa maneira
E enquanto canto, eu vou vivendo assim...
24.5.05
Experimente poesia
Experimente poesia.
Pensar poesia.
Escrever poesia.
Folhear poesia.
Experimente cantar
Um samba bom porque contém poesia,
Uma balada,
Uma canção de ninar...
Experimente amanhecer poesia,
Adormecer poesia,
Experimente sonhar...
Experimente, ao caminhar, poesia,
Antes de ir comprar pão na padaria,
Experimente depois do jantar...
Experimente poesia no trabalho,
Poesia com pão de alho
Ou com cerveja, num bar...
Experimente, pra sua mãe, poesia,
Pra sua filha,
Pra sua esposa, experimente poesia,
Ou pra mulher que você pretende conquistar...
Experimente,
Feito um antibiótico prum doente,
Feito um perdão pra não mais pecar.
Experimente poesia simplesmente.
Você vai gostar.
Ao prescrever, experimente poesia.
Experimente ao amamentar.
Ao escrever,
Ao preencher a guia,
Experimente quando a dor chegar.
Experimente. Pode ser a cria,
O filho que ta quase pra nascer.
Experimente. Pode ser a cura.
A noite escura quase a clarear.
Experimente. Pode ter o gosto
Da fruta saborosa de comer.
Experimente. Pode ser o dia
De praia boa pra mergulhar.
Experimente tentar.
Experimente poesia ao caminhar
Ou quando a raiva passar.
Experimente quando quiser surpreender
Ou quando você quiser desabafar.
Experimente pra se proteger,
Experimente pra se controlar,
Experimente poesia..
E nem é preciso conseguir. Basta tentar.
A simples tentativa tem um gosto
Quase impossível de se comparar.
Experimente poesia.
Contra o azar, experimente poesia,
Contra os distúrbios no lar,
Contra a insônia, contra a carestia,
Experimente contra o mal estar,
Experimente contra a tirania,
Experimente contra o regime militar,
Experimente contra a cleptocracia,
Experimente, sem se controlar...
Experimente poesia.
A poesia pode salvar
O condenado da noite fria
E o naufrago infeliz de se afogar.
A poesia pode ser a única garantia
A porta feita para escapar
Da cólera, do câncer, da agonia,
Da chuva acida, da aridez, da azia,
Dos psiquiatras, da psiquiatria,
Do mau humor e do mal estar...
E pode, a poesia, assim, salvando,
Como um tapete mágico levar
Você pra dentro de você,
Pra longe,
Pra onde você nem pode imaginar...
Experimente arriscar
Perante a vida,
Na hora da morte,
Antes da prova do vestibular.Depois da queda,
Antes da cirurgia,
Experimente na hora de se casar...
Experimente num mail pra Santa Maria,
Experimente ao remar,
Experimente sob o chuveiro,
Experimente no Rio de Janeiro,
Experimente sempre que viajar...
Experimente poesia.
Experimente em boa companhia,
Experimente em plena ventania,
Experimente em pleno alto mar.
Experimente assim, dessa maneira,
A poesia como coisa inteira,
A poesia em todo lugar...
Experimente saborear poesia,
Um prato cheio,
Um tasco,
Uma fatia,
Experimente...
Eu te garanto:
Você não vai conseguir parar
De experimentar...
Experimente poesia.
Pensar poesia.
Escrever poesia.
Folhear poesia.
Experimente cantar
Um samba bom porque contém poesia,
Uma balada,
Uma canção de ninar...
Experimente amanhecer poesia,
Adormecer poesia,
Experimente sonhar...
Experimente, ao caminhar, poesia,
Antes de ir comprar pão na padaria,
Experimente depois do jantar...
Experimente poesia no trabalho,
Poesia com pão de alho
Ou com cerveja, num bar...
Experimente, pra sua mãe, poesia,
Pra sua filha,
Pra sua esposa, experimente poesia,
Ou pra mulher que você pretende conquistar...
Experimente,
Feito um antibiótico prum doente,
Feito um perdão pra não mais pecar.
Experimente poesia simplesmente.
Você vai gostar.
Ao prescrever, experimente poesia.
Experimente ao amamentar.
Ao escrever,
Ao preencher a guia,
Experimente quando a dor chegar.
Experimente. Pode ser a cria,
O filho que ta quase pra nascer.
Experimente. Pode ser a cura.
A noite escura quase a clarear.
Experimente. Pode ter o gosto
Da fruta saborosa de comer.
Experimente. Pode ser o dia
De praia boa pra mergulhar.
Experimente tentar.
Experimente poesia ao caminhar
Ou quando a raiva passar.
Experimente quando quiser surpreender
Ou quando você quiser desabafar.
Experimente pra se proteger,
Experimente pra se controlar,
Experimente poesia..
E nem é preciso conseguir. Basta tentar.
A simples tentativa tem um gosto
Quase impossível de se comparar.
Experimente poesia.
Contra o azar, experimente poesia,
Contra os distúrbios no lar,
Contra a insônia, contra a carestia,
Experimente contra o mal estar,
Experimente contra a tirania,
Experimente contra o regime militar,
Experimente contra a cleptocracia,
Experimente, sem se controlar...
Experimente poesia.
A poesia pode salvar
O condenado da noite fria
E o naufrago infeliz de se afogar.
A poesia pode ser a única garantia
A porta feita para escapar
Da cólera, do câncer, da agonia,
Da chuva acida, da aridez, da azia,
Dos psiquiatras, da psiquiatria,
Do mau humor e do mal estar...
E pode, a poesia, assim, salvando,
Como um tapete mágico levar
Você pra dentro de você,
Pra longe,
Pra onde você nem pode imaginar...
Experimente arriscar
Perante a vida,
Na hora da morte,
Antes da prova do vestibular.Depois da queda,
Antes da cirurgia,
Experimente na hora de se casar...
Experimente num mail pra Santa Maria,
Experimente ao remar,
Experimente sob o chuveiro,
Experimente no Rio de Janeiro,
Experimente sempre que viajar...
Experimente poesia.
Experimente em boa companhia,
Experimente em plena ventania,
Experimente em pleno alto mar.
Experimente assim, dessa maneira,
A poesia como coisa inteira,
A poesia em todo lugar...
Experimente saborear poesia,
Um prato cheio,
Um tasco,
Uma fatia,
Experimente...
Eu te garanto:
Você não vai conseguir parar
De experimentar...
14.5.05
A corja
À Doutora Denise Appolinária que numa sentença surpreendente e muito aguardada provou à toda população brasileira que a impunidade não está acima da Lei. De uma só tacada anulou a eleição da cidade de Campos e condenou todos os acusados à perda de mandato por 3 anos. Ainda que passivel de recursos, a decisão da Dra Denise mostra a todo Brasil que punição não é privilegio de quem é preto, pobre, feio ou mora longe.Parabéns, Dra Denise.
Uma corja de politicos ordinária
Que tomou de assalto a minha cidade,
Que fez fortuna às custas da miséria
E sob as sombras da impunidade
Disseminando sua obscuridade
E fez história
Locupletando-se com a ingenuidade
Da minha gente...
Uma corja de politicos doente...
Uma matilha de politicos salafrária...
Vestidos de intenções maledicentes
Multiplicaram-se feito serpentes
Fazendo da minha cidade seu covil...
Uma corja de politicos envergonhando o Brasil...
Tratando toda gente como otária,
Fazendo do estelionato a coisa diária,
Plantando a crise na minha cidade
E mergulhando a minha gente em crise...
Uma corja de politicos falsária...
Até que, um dia,
A Doutora Denise Appolinária...
À Doutora Denise Appolinária que numa sentença surpreendente e muito aguardada provou à toda população brasileira que a impunidade não está acima da Lei. De uma só tacada anulou a eleição da cidade de Campos e condenou todos os acusados à perda de mandato por 3 anos. Ainda que passivel de recursos, a decisão da Dra Denise mostra a todo Brasil que punição não é privilegio de quem é preto, pobre, feio ou mora longe.Parabéns, Dra Denise.
Uma corja de politicos ordinária
Que tomou de assalto a minha cidade,
Que fez fortuna às custas da miséria
E sob as sombras da impunidade
Disseminando sua obscuridade
E fez história
Locupletando-se com a ingenuidade
Da minha gente...
Uma corja de politicos doente...
Uma matilha de politicos salafrária...
Vestidos de intenções maledicentes
Multiplicaram-se feito serpentes
Fazendo da minha cidade seu covil...
Uma corja de politicos envergonhando o Brasil...
Tratando toda gente como otária,
Fazendo do estelionato a coisa diária,
Plantando a crise na minha cidade
E mergulhando a minha gente em crise...
Uma corja de politicos falsária...
Até que, um dia,
A Doutora Denise Appolinária...
10.5.05
A rima
Às vezes uma busca cansativa,
Por outras surge sem ninguém pedir...
É calma às vezes. Outras, explosiva.
Às vezes triste como ver um pai partir...
Às vezes fruto da alma pensativa,
Às vezes da alma a se distrair...
Às vezes frágil, sutil, subjetiva,
Às vezes pronta, como quem vai sair...
Ás vezes é o motivo do poema,
Às vezes encontrá-la é que é o problema,
Às vezes trai o verso mais moderno...
A rima, a pele da sutileza.
A rima, a tinta da delicadeza.
Perfeita a rima, como o leite materno.
Às vezes uma busca cansativa,
Por outras surge sem ninguém pedir...
É calma às vezes. Outras, explosiva.
Às vezes triste como ver um pai partir...
Às vezes fruto da alma pensativa,
Às vezes da alma a se distrair...
Às vezes frágil, sutil, subjetiva,
Às vezes pronta, como quem vai sair...
Ás vezes é o motivo do poema,
Às vezes encontrá-la é que é o problema,
Às vezes trai o verso mais moderno...
A rima, a pele da sutileza.
A rima, a tinta da delicadeza.
Perfeita a rima, como o leite materno.
Um poeminha para Leonor Brasileiro
À minha amiga Leonor Brasileiro, com carinho...
Escrito na madrugada desta segunda, em plantão...
Leonor me pediu, para ela, um poema.
Mas um poema pediu, não um versinho
Que fosse só dela, e que ela fosse o tema,
E que não fosse assim, pequenininho...
Mas me pediu Leonor fazendo cena,
Convencendo o poeta direitinho...
Como é que eu vou, Leonor, criar problema
Para um pedido com tanto carinho?
O que Leonor, certamente atribulada
Não percebeu, foi a poesia encabulada
E os seus esforços para atendê-la...
Pois é a poesia, Leonor, admirada,
Quem te observa a alma iluminada
E sonha um dia ter a sua estrela...
À minha amiga Leonor Brasileiro, com carinho...
Escrito na madrugada desta segunda, em plantão...
Leonor me pediu, para ela, um poema.
Mas um poema pediu, não um versinho
Que fosse só dela, e que ela fosse o tema,
E que não fosse assim, pequenininho...
Mas me pediu Leonor fazendo cena,
Convencendo o poeta direitinho...
Como é que eu vou, Leonor, criar problema
Para um pedido com tanto carinho?
O que Leonor, certamente atribulada
Não percebeu, foi a poesia encabulada
E os seus esforços para atendê-la...
Pois é a poesia, Leonor, admirada,
Quem te observa a alma iluminada
E sonha um dia ter a sua estrela...
2.5.05
O som do soneto
O poema guarda o som da batucada
Plantado pelo poeta batuqeiro
Que empresta à rima a forma ritimada
Tratando a letra como um pandeiro.
E faz um baticum de voz calada,
Samba de pensamento partideiro...
Um batucar de rima cadenciada...
Cadencia, feito a de um samba do Salgueiro...
E assim, o poeta, de alma preparada,
Batuca o verso, letra improvisada,
Do jeito que faz quem samba no terreiro...
E a batucada que a mão faz, espalmada,
É a mesma que a palavra, declamada,
Revela em ritmo o verso brasileiro...
O poema guarda o som da batucada
Plantado pelo poeta batuqeiro
Que empresta à rima a forma ritimada
Tratando a letra como um pandeiro.
E faz um baticum de voz calada,
Samba de pensamento partideiro...
Um batucar de rima cadenciada...
Cadencia, feito a de um samba do Salgueiro...
E assim, o poeta, de alma preparada,
Batuca o verso, letra improvisada,
Do jeito que faz quem samba no terreiro...
E a batucada que a mão faz, espalmada,
É a mesma que a palavra, declamada,
Revela em ritmo o verso brasileiro...
1.5.05
A pena máxima
Eu tenho um coração descomportado,
Impaciente, desinibido,
Que tende sempre a ir para o lado errado
E não percebe nunca onde há o perigo,
E bate sempre descompassado,
E, porque inexperiente, é distraido:
Não entra por onde era pra ter entrado,
Não sai por onde era pra ter saido...
E chega sempre algum tempo atrasado,
E mal vestido, e desarrumado,
Com a sensação do dever não cumprido...
Eu tenho um coração, pobre coitado,
Que mora no meu peito, condenado
À pena incondicional de ter nascido...
Eu tenho um coração descomportado,
Impaciente, desinibido,
Que tende sempre a ir para o lado errado
E não percebe nunca onde há o perigo,
E bate sempre descompassado,
E, porque inexperiente, é distraido:
Não entra por onde era pra ter entrado,
Não sai por onde era pra ter saido...
E chega sempre algum tempo atrasado,
E mal vestido, e desarrumado,
Com a sensação do dever não cumprido...
Eu tenho um coração, pobre coitado,
Que mora no meu peito, condenado
À pena incondicional de ter nascido...
25.4.05
O Amar
Estranha criatura. E traiçoeira.
E atraente. E doce criatura.
Cruel, como é cruel a ratoeira.
Sublime, como é o balsamo que cura.
Cheia de ardis, feito uma feiticeira,
E dos misterios de uma noite escura,
É, como a brisa, às vezes, passageira,
Às vezes não , como uma sepultura.
Mortal e ao mesmo tempo alvissareira,
Mistura o gesto bom, como é o da freira,
Com o doloroso, como é o da sutura...
Estranha criatura. E como cheira
Vulgar, às vezes, como uma rameira,
E algumas outras tão suave e pura...
Estranha criatura. E traiçoeira.
E atraente. E doce criatura.
Cruel, como é cruel a ratoeira.
Sublime, como é o balsamo que cura.
Cheia de ardis, feito uma feiticeira,
E dos misterios de uma noite escura,
É, como a brisa, às vezes, passageira,
Às vezes não , como uma sepultura.
Mortal e ao mesmo tempo alvissareira,
Mistura o gesto bom, como é o da freira,
Com o doloroso, como é o da sutura...
Estranha criatura. E como cheira
Vulgar, às vezes, como uma rameira,
E algumas outras tão suave e pura...
24.4.05
A Professora
Dedicado à Professora Regina Tonelli por seus empenho e dedicação ao fazer a correção de meu livro A Palavra Dada, no prelo.
À Professora Regina, em nome de todas as professoras, com carinho.
A professora, perfeição plástica,
Caminha, exatidão aritimética,
Levando a autoridade da gramática
E a delicadeza da poética...
Abrasando pronomes abusivos,
Vai, dissolvendo as silabas a mais,
Trocando de lugar os substantivos,
Contendo os singulares e os plurais,
Cauterizando excessos descritivos,
Simplificando os textos mais complexos,
Limpando os tempos verbais imperativos,
Acrescentando acentos circunflexos,
E segue adiante a professora, segue
Por entre consoantes e vogais,
O olhar astuto, a palavra leve,
Podando as concordancias nominais,
Detém-se ante os paragrafos e os hiatos,
Define e reorganiza as concordancias,
Corrige os substantivos abstratos
Pulverizando as exorbitancias...
E, um apos outro, curetando excessos
E descontaminando os maus ruidos,
Faz com que os versos maus se tornem versos
Maravilhosamente bons para os ouvidos...
A professora, a retidão, a regra,
O polimento da aspereza, o brilho,
Como quem dá o corte à faca cega,
Como quem veste e arruma o próprio filho...
E assim, redescobrindo o brilho oculto
Entre os escombros da palavra fria,
Faz, como quem lapida o mármore bruto,
Como quem planta mudas de harmonia...
A professora... Quem mais poderia?
Dedicado à Professora Regina Tonelli por seus empenho e dedicação ao fazer a correção de meu livro A Palavra Dada, no prelo.
À Professora Regina, em nome de todas as professoras, com carinho.
A professora, perfeição plástica,
Caminha, exatidão aritimética,
Levando a autoridade da gramática
E a delicadeza da poética...
Abrasando pronomes abusivos,
Vai, dissolvendo as silabas a mais,
Trocando de lugar os substantivos,
Contendo os singulares e os plurais,
Cauterizando excessos descritivos,
Simplificando os textos mais complexos,
Limpando os tempos verbais imperativos,
Acrescentando acentos circunflexos,
E segue adiante a professora, segue
Por entre consoantes e vogais,
O olhar astuto, a palavra leve,
Podando as concordancias nominais,
Detém-se ante os paragrafos e os hiatos,
Define e reorganiza as concordancias,
Corrige os substantivos abstratos
Pulverizando as exorbitancias...
E, um apos outro, curetando excessos
E descontaminando os maus ruidos,
Faz com que os versos maus se tornem versos
Maravilhosamente bons para os ouvidos...
A professora, a retidão, a regra,
O polimento da aspereza, o brilho,
Como quem dá o corte à faca cega,
Como quem veste e arruma o próprio filho...
E assim, redescobrindo o brilho oculto
Entre os escombros da palavra fria,
Faz, como quem lapida o mármore bruto,
Como quem planta mudas de harmonia...
A professora... Quem mais poderia?
10.4.05
Cadê o salário?
Aos colegas médicos pediatras da Unidade Neonatal do Hospital dos Plantadores de Cana de Campos que estão sem receber desde janeiro.
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Se a gente não faz nada
Esse salário só sai pro mês que vem...
Luna ta quase tendo nenem,
Daqui a pouco Isabel quer um também,
O Anderson ta pensando em ter mais cem,
A Débora e a Karina... O que é que tem?
Não é pra isso que existe o gen?
Mas o salário...
Nem...
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Muito ti-ti-ti,
Muito blá-blá-blá,
Muito nhem-nhem-nhem...
Mas pagar mesmo
Quem tem que pagar não paga
Porque dinheiro não tem,
Quem tem que assumir promete
Promessas pra mais além,
O cheque já foi assinado...
Mas quem autoriza?
Quem?
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Se a gente não grita, se fica entocado,
Vai acabar feito Sadam Houssain
Desprevenido e mal pago
Vendo o Bush se dar bem.
Eu sempre soube que o touro
Só segue pro matadouro
Porque não faz nem idéia
Da grande força que tem.
Entendeu bem?
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
A gente ta que nem Pedro Pedreiro
Esperando o dinheiro desde o ano passado
Para o mês que vem.
Sem essa, vamos embora,
Esperar? Por que? Por quem?
Quem sabe é que faz a hora.
Não fica esperando o trem...
Quem espera
Só se desespera.
Vem brigar com a fera...
Vem...
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Dinheiro não evapora.
Ta sempre na mão de alguém.
Salário tem que ser pago
Sem faltar nenhum vintém.
Quem espera sentado nunca alcança.
Quem não tem procura,
Quem procura acha,
Quem acha tem
Por isso para de dizer amém
Pra um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Pois quem se humilha
Por que é seu direito
E julga que lutar
Não lhe cai bem
Nem é um homem
É um capacho,
É um borra-botas,
É um pau-mandado,
Não tem nem nome,
É um ninguém...
Aos colegas médicos pediatras da Unidade Neonatal do Hospital dos Plantadores de Cana de Campos que estão sem receber desde janeiro.
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Se a gente não faz nada
Esse salário só sai pro mês que vem...
Luna ta quase tendo nenem,
Daqui a pouco Isabel quer um também,
O Anderson ta pensando em ter mais cem,
A Débora e a Karina... O que é que tem?
Não é pra isso que existe o gen?
Mas o salário...
Nem...
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Muito ti-ti-ti,
Muito blá-blá-blá,
Muito nhem-nhem-nhem...
Mas pagar mesmo
Quem tem que pagar não paga
Porque dinheiro não tem,
Quem tem que assumir promete
Promessas pra mais além,
O cheque já foi assinado...
Mas quem autoriza?
Quem?
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Se a gente não grita, se fica entocado,
Vai acabar feito Sadam Houssain
Desprevenido e mal pago
Vendo o Bush se dar bem.
Eu sempre soube que o touro
Só segue pro matadouro
Porque não faz nem idéia
Da grande força que tem.
Entendeu bem?
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
A gente ta que nem Pedro Pedreiro
Esperando o dinheiro desde o ano passado
Para o mês que vem.
Sem essa, vamos embora,
Esperar? Por que? Por quem?
Quem sabe é que faz a hora.
Não fica esperando o trem...
Quem espera
Só se desespera.
Vem brigar com a fera...
Vem...
Um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Dinheiro não evapora.
Ta sempre na mão de alguém.
Salário tem que ser pago
Sem faltar nenhum vintém.
Quem espera sentado nunca alcança.
Quem não tem procura,
Quem procura acha,
Quem acha tem
Por isso para de dizer amém
Pra um mês sem...
Dois meses sem...
Três meses sem...
Pois quem se humilha
Por que é seu direito
E julga que lutar
Não lhe cai bem
Nem é um homem
É um capacho,
É um borra-botas,
É um pau-mandado,
Não tem nem nome,
É um ninguém...
6.4.05
27.3.05
A Tribuna
Em 13 de abril de 1984 nosso pai Clovis Tavares de alguma forma nos deixou mais sós.
Neste 21 aniversario de sua partida recordo-me da imagem da Tribuna do Salão de Pregações da Escola Jesus Cristo que desde aquela data tem nos enchido o coração de todos com ternura e saudade...
Do alto da Tribuna, a voz vestida
De anjo, de guardião, de estrela-guia,
Falando da morte como quem vida,
Falando em prosa como quem poesia...
Do alto da Tribuna, a voz temida.
A multidão silenciava e ouvia.
Nem medo nem rancor, a voz... Despida
De preconceito, de hipocrisia...
Do alto da Tribuna, como um raio.
Dali do alto, como num ensaio
Para a outra vida que o aguardava...
Do alto da Tribuna, como um mito.
Dali do alto sempre. Como um rito.
Era dali que ele nos encantava.
Em 13 de abril de 1984 nosso pai Clovis Tavares de alguma forma nos deixou mais sós.
Neste 21 aniversario de sua partida recordo-me da imagem da Tribuna do Salão de Pregações da Escola Jesus Cristo que desde aquela data tem nos enchido o coração de todos com ternura e saudade...
Do alto da Tribuna, a voz vestida
De anjo, de guardião, de estrela-guia,
Falando da morte como quem vida,
Falando em prosa como quem poesia...
Do alto da Tribuna, a voz temida.
A multidão silenciava e ouvia.
Nem medo nem rancor, a voz... Despida
De preconceito, de hipocrisia...
Do alto da Tribuna, como um raio.
Dali do alto, como num ensaio
Para a outra vida que o aguardava...
Do alto da Tribuna, como um mito.
Dali do alto sempre. Como um rito.
Era dali que ele nos encantava.
23.3.05
O amor (A palavra)
Como ela surge? Do breu? Do nada?
Como é que desconcerta o pensamento?
Como é que quase sempre ela se agrada
De quem não tem nada por dentro?
Como é que deixa a alma hipertrofiada?
Por que é que trás, às vezes, sofrimento?
Por que é que chega com voz tão delicada?
Por que é que se vai, quando vai, feito um tormento?
Por que é que é sempre intocada
E, ainda que cantada e decantada,
Nunca experimenta o envelhecimento?
Como é real se é coisa imaginada?
Como é verdade se não pode ser provada?
Porque é que eu ainda tento?
Como ela surge? Do breu? Do nada?
Como é que desconcerta o pensamento?
Como é que quase sempre ela se agrada
De quem não tem nada por dentro?
Como é que deixa a alma hipertrofiada?
Por que é que trás, às vezes, sofrimento?
Por que é que chega com voz tão delicada?
Por que é que se vai, quando vai, feito um tormento?
Por que é que é sempre intocada
E, ainda que cantada e decantada,
Nunca experimenta o envelhecimento?
Como é real se é coisa imaginada?
Como é verdade se não pode ser provada?
Porque é que eu ainda tento?
Minha amiga foi morar em Friburgo
Na mala, roupas, bijouterias
E os já famosos óculos escuros.
Pelo menos dois dois livros: um de poesias
E outro sobre bebes prematuros.
Partiu em busca de melhores dias,
De novas alegrias pra alem-muros...
Talvez, cansada das mesmas alegrias...
Talvez por sentir-se em apuros...
Partiu levando as suas mãos vazias
Deixando pra tras velhas companhias
E uma ou outra recordação...
Que Deus te guie nessa caminhada
Amiga decidida e delicada
Que estará sempre em meu coração...
Na mala, roupas, bijouterias
E os já famosos óculos escuros.
Pelo menos dois dois livros: um de poesias
E outro sobre bebes prematuros.
Partiu em busca de melhores dias,
De novas alegrias pra alem-muros...
Talvez, cansada das mesmas alegrias...
Talvez por sentir-se em apuros...
Partiu levando as suas mãos vazias
Deixando pra tras velhas companhias
E uma ou outra recordação...
Que Deus te guie nessa caminhada
Amiga decidida e delicada
Que estará sempre em meu coração...
14.3.05
12.3.05
Versos para Maria Clara
Maria Clara, filha de meus sobrinhos Pedro e Juliana, minha sobrinha-neta
Maria Clara, Maria pura,
Maria rindo, Maria boa,
Mariazinha cheia de ternura,
Maria linda, um doce de pessoa...
Maria Clara, rara criatura,
Maria, que de tão leve, quase voa,
Clarinha, um pedacinho de candura,
Maria, bela como quem perdoa...
Maria Clara, caricatura
Da Luz Divina que nos abençoa,
O amor da tua familia te segura...
Eu te imagino, e fico rindo à toa...
Maria Clara, filha de meus sobrinhos Pedro e Juliana, minha sobrinha-neta
Maria Clara, Maria pura,
Maria rindo, Maria boa,
Mariazinha cheia de ternura,
Maria linda, um doce de pessoa...
Maria Clara, rara criatura,
Maria, que de tão leve, quase voa,
Clarinha, um pedacinho de candura,
Maria, bela como quem perdoa...
Maria Clara, caricatura
Da Luz Divina que nos abençoa,
O amor da tua familia te segura...
Eu te imagino, e fico rindo à toa...
7.3.05
O amor
Se fosse simples assim, como parece,
Ou tão fácil, como as vezes tudo indica,
Indiscutível, como a chuva quando desce
Pelas ladeiras da velha Vila Rica,
Fosse evidente, como o grão quando floresce
Ou como a flor, quando frutifica,
Ou talvez obvio, como quando amanhece,
Ou como o gosto da cica,
Eu saberia. Mas não.
E imponderável como o coração
E quase tão incompreensível quanto o tempo.
Por vezes não suporta um arranhão,
Por outras, desafia uma Nação...
Quem sabe, com certeza, o que tem dentro?
Se fosse simples assim, como parece,
Ou tão fácil, como as vezes tudo indica,
Indiscutível, como a chuva quando desce
Pelas ladeiras da velha Vila Rica,
Fosse evidente, como o grão quando floresce
Ou como a flor, quando frutifica,
Ou talvez obvio, como quando amanhece,
Ou como o gosto da cica,
Eu saberia. Mas não.
E imponderável como o coração
E quase tão incompreensível quanto o tempo.
Por vezes não suporta um arranhão,
Por outras, desafia uma Nação...
Quem sabe, com certeza, o que tem dentro?
1.3.05
A poesia em Minas
Eu fui à Minas colher poesias
Nas páginas dos livros, nas estantes,
Nas folhas de papel, brancas, mas frias,
Junto aos livreiros, comerciantes...
Eu fui à Minas, por esses dias,
(Minas tem versos impressionantes)
Voltei de lá com as minhas mãos vazias
E algumas conclusões desconcertantes...
Em Minas a poesia é sem limites...
Despenca do céu, feito estalactites...
Brota da terra, feito o ribeirão...
Está presente em todos os lugares:
Ladeiras, cachoeiras, montes, lares,
Invade e escapa do coração...
Eu fui à Minas colher poemas
Mas as palavras são sempre tão pequenas
Pro tanto de poesia que brota daquele chão...
Eu fui à Minas colher poesias
Nas páginas dos livros, nas estantes,
Nas folhas de papel, brancas, mas frias,
Junto aos livreiros, comerciantes...
Eu fui à Minas, por esses dias,
(Minas tem versos impressionantes)
Voltei de lá com as minhas mãos vazias
E algumas conclusões desconcertantes...
Em Minas a poesia é sem limites...
Despenca do céu, feito estalactites...
Brota da terra, feito o ribeirão...
Está presente em todos os lugares:
Ladeiras, cachoeiras, montes, lares,
Invade e escapa do coração...
Eu fui à Minas colher poemas
Mas as palavras são sempre tão pequenas
Pro tanto de poesia que brota daquele chão...
A musica em Minas
Eu fui a Minas conhecer a musica mineira,
Beber um pouco da sua harmonia.
Musica feita daquela maneira
Tem um segredo qualquer, alguma magia...
Eu fui à Minas subir ladeira
E descer ladeira tendo por companhia
A alma dessa gente cantadeira
De cantico, de cantiga, de cantoria...
E lá descobri a musica guardada
Na voz daquela gente, musicada
Pelos designios dos Céus...
Minas de cantos e de delicadezas...
Minas Gerais e Musica: irmãs siamesas...
A voz de um povo que parece a voz de Deus...
Eu fui a Minas conhecer a musica mineira,
Beber um pouco da sua harmonia.
Musica feita daquela maneira
Tem um segredo qualquer, alguma magia...
Eu fui à Minas subir ladeira
E descer ladeira tendo por companhia
A alma dessa gente cantadeira
De cantico, de cantiga, de cantoria...
E lá descobri a musica guardada
Na voz daquela gente, musicada
Pelos designios dos Céus...
Minas de cantos e de delicadezas...
Minas Gerais e Musica: irmãs siamesas...
A voz de um povo que parece a voz de Deus...
25.2.05
Minha maneira Quintana…
E todos esses que ai estão
Atravancando o meu caminho,
Criando espaços onde a solidão...
Elaborando ausências de carinho...
E todos esses na contramão,
Percursos feitos de redemoinho,
Sujando a boa letra da canção,
Salgando a pêra, azedando o vinho,
Esses que morrem por não ter paixão,
Esses que vivem em desalinho,
Esses que comem sem digestão,
Esses que matam devagarinho,
E todos esses, sem coração,
Gentes sem lar nenhum, aves sem ninho,
Que se alimentam da própria negação
E que ruminam seu suor mesquinho,
Filhos de Deus sem Deus que ai estão...
Ah, qualquer dia eles passarão....
Enquanto eu fico aqui
No meu cantinho...
E todos esses que ai estão
Atravancando o meu caminho,
Criando espaços onde a solidão...
Elaborando ausências de carinho...
E todos esses na contramão,
Percursos feitos de redemoinho,
Sujando a boa letra da canção,
Salgando a pêra, azedando o vinho,
Esses que morrem por não ter paixão,
Esses que vivem em desalinho,
Esses que comem sem digestão,
Esses que matam devagarinho,
E todos esses, sem coração,
Gentes sem lar nenhum, aves sem ninho,
Que se alimentam da própria negação
E que ruminam seu suor mesquinho,
Filhos de Deus sem Deus que ai estão...
Ah, qualquer dia eles passarão....
Enquanto eu fico aqui
No meu cantinho...
19.1.05
Versos para meu pai
Em 20 de janeiro de 2005 meu pai estaria fazendo 90 anos
I
Quando era longa e lenta a caminhada,
Quando era chuva, quase inundação,
Quando era a forca pouca, quase nada,
Quando era rala a alimentação,
Quando era como a casa abandonada
Da grama crescer junto do portão,
Quando era noite desenluarada,
Quando era quase como a solidão,
Eu te busquei, de alma desesperada,
Como quem sonha a dádiva sagrada,
A divida perdoada, a absolvição...
Eu nem notei, porque alma descuidada,
A tua mão me preparando a estrada,
A tua presença no meu coração...
II
E quando era a alegria alucinante,
E quando o sol era a mãe da luz do dia,
Quando a felicidade era bastante,
E quando tudo falava de alegria,
E a vida se seguia, interessante,
E o dia parecia em harmonia,
E havia um oásis, bem ali adiante,
Feliz, que a toda gente recebia,
E quando o tom do dia era elegante,
Sutil, feito um acorde dissonante,
Quando ninguém notava ou percebia
A tua presença era solida e incessante,
A assinatura de quem garante...
A tua presença, como poesia...
III
Por isso, desde as horas de tristeza
Aos dias de sol claro e transparente,
Dos ventos de calor e de clareza,
Aos dias de torpor opalescente,
Das horas de murmúrios sob a mesa
Aos dias de barulhos estridentes,
Dos tempos de descaso e de incerteza
Aos dias que se mostram coerentes,
Não me negaste a tua delicadeza,
Tua lição dita com leveza,
Ensinamentos prudentes...
Minha alegria, Pai, vem da certeza
De que essa chama de amor mantem-se acesa,
O amor que sinto, Pai... O amor que sentes...
Em 20 de janeiro de 2005 meu pai estaria fazendo 90 anos
I
Quando era longa e lenta a caminhada,
Quando era chuva, quase inundação,
Quando era a forca pouca, quase nada,
Quando era rala a alimentação,
Quando era como a casa abandonada
Da grama crescer junto do portão,
Quando era noite desenluarada,
Quando era quase como a solidão,
Eu te busquei, de alma desesperada,
Como quem sonha a dádiva sagrada,
A divida perdoada, a absolvição...
Eu nem notei, porque alma descuidada,
A tua mão me preparando a estrada,
A tua presença no meu coração...
II
E quando era a alegria alucinante,
E quando o sol era a mãe da luz do dia,
Quando a felicidade era bastante,
E quando tudo falava de alegria,
E a vida se seguia, interessante,
E o dia parecia em harmonia,
E havia um oásis, bem ali adiante,
Feliz, que a toda gente recebia,
E quando o tom do dia era elegante,
Sutil, feito um acorde dissonante,
Quando ninguém notava ou percebia
A tua presença era solida e incessante,
A assinatura de quem garante...
A tua presença, como poesia...
III
Por isso, desde as horas de tristeza
Aos dias de sol claro e transparente,
Dos ventos de calor e de clareza,
Aos dias de torpor opalescente,
Das horas de murmúrios sob a mesa
Aos dias de barulhos estridentes,
Dos tempos de descaso e de incerteza
Aos dias que se mostram coerentes,
Não me negaste a tua delicadeza,
Tua lição dita com leveza,
Ensinamentos prudentes...
Minha alegria, Pai, vem da certeza
De que essa chama de amor mantem-se acesa,
O amor que sinto, Pai... O amor que sentes...
6.1.05
Ame
Para www.fotolog.net/botan
Não tenha medo de passar vexame:
Ame.
Do amor suave, feito amor de mommy,
Do amor devastador, feito um tsunami,
Do amor sutil, feito um origami,
Porque talvez isso seja a cura da sua pane,
Ame.
Ainda que armadilhas o amor trame,
Envolva-se, declare-se, entregue-se, game,
Aprenda a desatar os nós de arame
E ame.
E nem precisa da força de um Van Damme.
Lembra a vitória dos fracos em Vietnam
E ame.
O amor distante. Bangl Adesh. Miami.
De uma estrangeira ou de uma Yanomami,
Ame.
E não importa que nome você chame:
Luciana, Luciene, Luciane...
Ame...
Mesmo chegando atrasado para o Exame,
Ame.
Se o amor for só desejo, o beijo infame,
Ame.
E se for paciente, feito o desmame,
Ame.
Se necessário a pressa, antes que inflame,
Ame.
Antes do tiro, do vôo, do derrame,
Ame.
Se for preciso, faz changez de dame
E ame.
E se acham você um tolo, que se dane,
Ame.
Mesmo que seja a musa do reclame,
Ame.
Amor aos montes, como num enxame,
Ou com cautela, como num tatame,
Ame.
E ame mesmo que ninguém ame,
E mesmo temendo que você se engane,
Não caia do salto, não saia da pose, não reclame,
Ame.
Como Tarzan amou Jane,
De sunga ou num Giorgio Armani,
Aqui ou no Suriname,
Ame.
Porque nada na vida faz sentido algum sem que por algum motivo você
Ame.
Para www.fotolog.net/botan
Não tenha medo de passar vexame:
Ame.
Do amor suave, feito amor de mommy,
Do amor devastador, feito um tsunami,
Do amor sutil, feito um origami,
Porque talvez isso seja a cura da sua pane,
Ame.
Ainda que armadilhas o amor trame,
Envolva-se, declare-se, entregue-se, game,
Aprenda a desatar os nós de arame
E ame.
E nem precisa da força de um Van Damme.
Lembra a vitória dos fracos em Vietnam
E ame.
O amor distante. Bangl Adesh. Miami.
De uma estrangeira ou de uma Yanomami,
Ame.
E não importa que nome você chame:
Luciana, Luciene, Luciane...
Ame...
Mesmo chegando atrasado para o Exame,
Ame.
Se o amor for só desejo, o beijo infame,
Ame.
E se for paciente, feito o desmame,
Ame.
Se necessário a pressa, antes que inflame,
Ame.
Antes do tiro, do vôo, do derrame,
Ame.
Se for preciso, faz changez de dame
E ame.
E se acham você um tolo, que se dane,
Ame.
Mesmo que seja a musa do reclame,
Ame.
Amor aos montes, como num enxame,
Ou com cautela, como num tatame,
Ame.
E ame mesmo que ninguém ame,
E mesmo temendo que você se engane,
Não caia do salto, não saia da pose, não reclame,
Ame.
Como Tarzan amou Jane,
De sunga ou num Giorgio Armani,
Aqui ou no Suriname,
Ame.
Porque nada na vida faz sentido algum sem que por algum motivo você
Ame.
5.1.05
O sorriso de Anginhaa
Para www.fotolog.net/anginhaa
Eu quero esse sorriso de presente.
Eu quero. Pra alegrar a minha vida.
Só pra ficar com cara de contente.
Esse sorriso. O céu sob medida.
Eu quero esse sorriso. Frente a frente.
Eu quero. A minha única saída.
Esse sorriso: gesto que não mente.
Esse sorriso: coisa mais querida.
Por isso o meu presente é esse sorriso.
Meu pedacinho de paraíso.
Fatia grande de coisa boa.
Eu só preciso que você sorria.
É o meu presente. Ganhei meu dia.
E eu passo o resto do dia rindo a toa.
Para www.fotolog.net/anginhaa
Eu quero esse sorriso de presente.
Eu quero. Pra alegrar a minha vida.
Só pra ficar com cara de contente.
Esse sorriso. O céu sob medida.
Eu quero esse sorriso. Frente a frente.
Eu quero. A minha única saída.
Esse sorriso: gesto que não mente.
Esse sorriso: coisa mais querida.
Por isso o meu presente é esse sorriso.
Meu pedacinho de paraíso.
Fatia grande de coisa boa.
Eu só preciso que você sorria.
É o meu presente. Ganhei meu dia.
E eu passo o resto do dia rindo a toa.
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