Fingindo
O poeta é um fingidor.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Autopsicografia, Fernando Pessoa
É quase poesia. É uma ousadia.
Parece. Tenta ter a mesma cor.
Até se esforça, como quem copia,
Ou como faz o pássaro cantor...
Mas assim com a canção que o pássaro cria
É quase uma canção, o trovador
Tenta a palavra em forma de poesia...
Por isso é que o poeta é um fingidor...
E finge o verso, ou quase o verso, e tenta,
Espera, espelha, espalha, experimenta,
E a poesia quase vai surgindo...
Mas, como um terno imitação de um Armani,
Este soneto, amigo, não se engane,
É só o poeta, um fingidor, fingindo...
Autopsicografia, Fernando Pessoa
É quase poesia. É uma ousadia.
Parece. Tenta ter a mesma cor.
Até se esforça, como quem copia,
Ou como faz o pássaro cantor...
Mas assim com a canção que o pássaro cria
É quase uma canção, o trovador
Tenta a palavra em forma de poesia...
Por isso é que o poeta é um fingidor...
E finge o verso, ou quase o verso, e tenta,
Espera, espelha, espalha, experimenta,
E a poesia quase vai surgindo...
Mas, como um terno imitação de um Armani,
Este soneto, amigo, não se engane,
É só o poeta, um fingidor, fingindo...