27.9.13

Inteira

Para Danielle Manhães

Ruge, estoira, vence, quebra, estrondeia, sacode,
E ainda assim permanece delicada,
Como uma bomba que espalha perfume quando explode,
Como se a delicadeza fosse sua marca registrada,
 
Como se o mal fosse alguma coisa que não pode,
Como se a alma já estivesse desde sempre preparada,
Como uma fera que ruge, estoira e quebra, mas nao morde,
Como um estrondo que não incomoda a madrugada...
 
Assim é gente que nasceu pra ser poesia,
Mesmo nos dias de aparência fria,
Mesmo nas horas cinzas, sem encantamento,
 
Encanta, porque não sabe ser de outra maneira,
A não ser poesia encantadora inteira,
De tanto encanto que carrega dentro...

20.9.13

Quadrilha

(Com permissão de Carlos Drummond de Andrade)

Gilmar Mendes retrucava Lewandowski que apoiava Roberto Barroso
que contestava Luiz Fux que concordava com Joaquim Barbosa que referendava Carmem Lucia que não protegia nenhum mensaleiro. ...
Marco Aurelio honrou o Supremo, Celso de Mello mandou o povo para o inferno,
Rosa Weber aprovou um desastre, Dilma, de tão feia e gorda, ficou para titia,
Joaquim, sem saída, acomodou-se e Lili embargou-se infringentemente com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Poeminha inafiançável...

Cafajeste. Mas pode chamar de Deputado.
Gente sem pudor nenhum. Mas pode chamar de Juiz.
Brasil, mas pode chamar de país saqueado,
Roubado e mal julgado, destino infeliz...

Mensaleiro, mas pode chamar de bandido perdoado,
Assalta aqui e gasta o furto em Paris,
Quadrilha de assaltantes sem pecado,
Ninguém é culpado, o Supremo é quem diz...

Hoje você é quem manda: falou tá falado, não tem discussão.
Deputado não é bandido só porque participou do mensalão,
Sinceramente, nem sei o que dizer...

Vai ver que o criminoso sou eu, e sem fiança,
Por cultivar, sem ter motivos, esperança,
De um Brasil melhor, já tão cansado de sofrer...

18.9.13

Poeminha desistente

Dilma não vai mais pros Estados Unidos?
Barack Obama, e agora, o que há de ser?
Dilma zangou, e atendendo a pedidos,
Desistiu temporariamente de ir te ver...

Não gostou de seus espiões intrometidos
Fuçando coisas que não eram pra saber...
Talvez por isso tenha desistido
E arrumado outros passeios pra fazer:

Talvez resolva visitar a Patagônia,
Os Jardins suspensos da Babilônia,
Ou ter com o Papa no Vaticano,

E de viagem em viagem gasta à toa
Nosso dinheiro, passeando numa boa
Enquanto o povo entra pelo cano...

Poeminha embargado

Hoje é dia dos embargos depravados,
Embargos cara de pau, aparentemente,
Embargos de políticos desgastados,
Embargos que envergonham nossa gente,

Hoje é dia dos embargos descarados,,
Embargos políticos indecentes,
Embargos de políticos mal amados,
Embargos de políticos doentes,
...
Dia de embargos que me descontentam,
Que definitivamente não me representam,
Dia de embargos maledicentes...

Dia de uma nação envergonhada,
Que assiste atônita e bestificada
A votação dos embargos infringentes...

17.9.13

Autocritica

Nem sempre eu tenho tanta certeza,
Nem todas as horas, convicção,
Às vezes afirmo coisas sem firmeza,
Muitas vezes vacilo na minha avaliação,

Nem sempre entendo as coisas com clareza,
Imensa é a duvida entre o sim e o não,
Por vezes, vejo no breu delicadeza,
Por vezes, estupidez na mansidão,

Então eu sou assim, sem coerência,
Cometo acertos por pura coincidência,
Vacilo outras vezes sem nem perceber,

E desse jeito, nem dono da verdade,
Nem mergulhado na obscuridade,
Sigo tentando o caminho de aprender...

Extase

Como é que às vezes não se comover,
Como é que às vezes não se emocionar,
Como é que às vezes não se conter,
Como é que às vezes não desabar,

E não parar, nessas vezes, pra escrever,
E não parar, nessas vezes, pra contar
O que se sentiu... Como é que pode ser?
O que se pensou... Como deixar passar?

E a poesia, fiel companheira,
Que acompanha minha vida a vida inteira,
Fazendo questão de estar sempre do meu lado,

Escreve, conta, se emociona, rima,
Descarregando emissões de adrenalina,
Fazendo o coração extasiado...

12.9.13

Quem?

De perto, ninguém é normal o bastante,
Ninguém é incorrupto o suficiente,
Nem tão consciente, nem tão perseverante,
E felizmente, nem de todo inconsequente.

De perto ninguém é assim, tão elegante,
E nem tão brega, igualmente,
Nem tão osso duro, nem tão inconstante,
Nem tem clareza de tudo, absolutamente,

De perto, duvidas mescladas com certezas,
Fragilidades com delicadezas,
São fontes de infinitas possibilidades...

De perto nada é exatamente o que parece...
A alma humana... Quem é que conhece?
Quem é que sabe todas as verdades?

5.9.13

Dias de frio

Dias de frio, dias que pedem
A prescrição de descongestionantes,
Tosses que não param, corizas que não cedem,
Espirros absolutamente deselegantes,

 Dias de frio que se sucedem,
Apavorando crianças e gestantes,
Semanas de frio que não se despedem
Pros dias voltarem a ser como eram antes...

Dias de frio, toucas de lã,
Casacos em ação desde a manhã,
E um chocolate quente pra compor...

Dias de um frio assim, que crueldade,
São dias próprios pra sentir saudade
Daqueles deliciosos dias de calor...

4.9.13

Dias assim

Dias de chuva, de céu cinzento,
Pouca gente sai de casa em dias assim,
Dias de cinza frio, chuva de vento,
Tudo sombrio e aparentemente ruim,

Dias de um frio que congela o pensamento,
Dias propícios pra virar pinguim,
Janelas e portas fechadas, todos dentro
Da casa e ninguém brincando no jardim...

Dias assim, dias esvaziados,
De bater o queixo, dias de resfriados,
Dias de vontade de não ter o que fazer,

Dias assim, propícios pra poesias
Que são como as lareiras desses dias
Que bem de vez em quando vem me ver...

3.9.13

Paolinha

A minha amiga alemã que é mineirinha,
Mais mineirinha, decerto, que alemã,
Faz muito tempo que e minha amiguinha,
Faz muito tempo que sou seu fã,

Essa mineirinha alemã, amiga minha,
Que trocou o pão de queijo pelo strudel de maçã,
Mas que pra mim será sempre a minha Paolinha,
Por isso esse poeminha de manhã,

 Por isso esse poeminha pra minha amiga,
Que é mega super hiper ultra giga
Amiga minha e de quem não abro mão,

Um presentinho que Deus deu pra mim,
Que Manhuaçu emprestou pra Berlim,
Mas que mora dentro do meu coração...

Tolerância

Se o dia amanheceu, o que era pra ser massa,
E assim que amanheceu, amanheceu nublado,
Se a foto que era pra você sair fazendo graça,
Não disfarçou seu tom mal humorado,

Se você faz fiu fiu pra mocinha que passa
E a mocinha que passa chama você de tarado,
Se sua vida tá mais pra limão com cachaça
Que prum suco de mangaba bem gelado,

Se dias assim acabam com seu dia,
Diminuem sua calma, aumentam sua azia,
Se dias assim acabam com você,

Cultive sementinhas de paciência,
A tolerância é a nutrição da boa convivência,
A vida é boa para quem sabe viver...

2.9.13

O futuro

Se o preço cobrado não foi o combinado,
Se a mercadoria foi entregue com defeito,
Se se o bife bem passado veio mal passado,
Se voce foi tratado com preconceito,

Se no meio a pressa encontra o sinal fechado,
Se a UTI já não suporta tanto leito,
Se voce perdeu a chave do cadeado,
Se é muita fome pra pouco leite de peito,
 
Não se desespere, não se entregue,
Desanuvie, desencane, desapegue,
 Muita agua vai passar sob essa ponte,

Muita ponte nova ainda vai ser projetada,
Muita nova civilização criada,
Muito infinito para alem do horizonte...

Sorte

Se o dia é confuso, se o trem demora,
Se o salário é pouco, se o patrão é mau,
Se falta uma hora e meia pra chegar a hora,
Se voce vai dar plantão no carnaval,

Se já tá batendo uma vontade de ir embora
E nada da sinaleira dar o sinal,
Se chove, venta e faz bem frio lá fora,
Se não tem cremogema pro mingau,

Não entre em pane, nao se descabele,
Stress faz o cabelo cair e seca a pele,
Fica calmo, respira... Sorte a sua,

Porque para além das dificuldades mora a calma,
Para além da dor mora o sorriso da alma,
E porque além de tudo, a vida continua...